28.12.04

Eu assimilo

Tu assimilas

Nós assimilamos.

Eles sofrem

Nós sofremos.



26.12.04

O balanço de Deus



Estava demorando.

Em 2004, Deus demorou um pouquinho mais para começar seu balanço de fim-de-ano.

Maremoto-terremoto-tsunami na Ásia? Lá se foram umas 8.000 almas.

Quedas de avião estão por vir.

E desabamentos terríveis.

E colisões de trem.

E barcos virando.

Todo ano a mesma coisa.

Como este ano os “contadores” lá do céu começaram o balanço mais tarde, trataram logo de compensar, retirando 8.000 ou mais almas do registro de “ativos”. Agora, são mais ativos que nunca (em outro plano), mas as contas de seres viventes aqui na Terra, pelo menos, serão acertadas.

De uns anos para cá, comecei a perceber este padrão. E não, meus amigos, não sou esquizofrênica para perceber padrões onde não existem. É só um modo de, mesmo com humor negro, atentar para algo que infalivelmente acontece (comecem a prestar atenção, a partir deste ano e durante os próximos – a partir do fim de novembro, e até os dois ou três primeiros dias de janeiro do ano seguinte, os seres deste plano aqui são levados em massa para o lado de lá). Certamente existem explicações racionais. Mas por trás das explicações racionais não existem, sempre, motivos mais sutis e (quase sempre) imperceptíveis para nós, seres-matéria?

Atentem.

24.12.04

Recados:




Steven: Did I answer your last email? I'm not sure (it seems I'm not sure about anything, lately).

Marcinho: Não mandei, como havia prometido. Não vou poder te dar o que disse que daria de Natal. Não deu tempo, não deu nada -- não acreditarias se eu te dissesse que me dói tudinho, porque só sei ficar sentada trabalhando 15 horas por dia, no último mês... I'm so sorry, de verdade.

K.
: Aquele gnomo já encheu! :-) Saudade de ti.

Ari: Lamento. Mais um ano sem te ver e os tantos almoços que combinamos não aconteceram.

E para vocês e mais esses aqui, o que mais desejo é que tenham um Natal cheio de boas recordações.



Fernando, Bira, Humberto. Cláudia Wolf, Cláudia Reali, Cláudia Santi. Hariel Noone. Renate, Laura. Paulo W., Paulo P. (Paulo I e Paulo II). Agenor. Alessandra Siedschlag, Márcia Maia, Patrícia Tavares, Cíntia. Daniel Grassi, Daniel Estill. Isa Ferreira. Ana Singule. Enrique Mosella. Ernesto (Torin). Luciano Monteiro. Sidney Jr. Giselle Schellmann, Gisele Klein. Alex Canton. Antonio Jr. Rafael Goldkorn. Lúcia Rebello. Luiz Alberto Machado, Luís C de Oliveira. Marilene Tombini. Denise L Rodrigues. Heloísa Velloso. Jacqueline e Evandro. Ivan Costa-Pinto. Maria Inês Nascimento. Maria Lúcia. Hilton Santos. Danilo. Tomás. Mônica Sant'Anna. Nicole. Renata Celente. Susana Carpenter. Guilherme Basílio. Virgínia Fulber. Carlos Alexandre. Loire. Marcos Vasconcelos. Jussara Simões. Maria José Monteiro. Carla Griecco. Fabiana Schwarstzhaupt.



Todos vocês, de passagem ou de um modo mais constante, foram muito importantes para mim, neste último ano. Sem vocês, eu não teria tido o ano bom que tive. Obrigada por confiarem em mim. Por acreditarem. Por ampararem. Por me estenderem a mão. Por me abrigarem no coração. Por um elogio. Por tudo. MUITO OBRIGADA!



22.12.04

Soltou-se minha sombra.

Meu corpo não pode sair,

Mas ela quer se divertir.

Agora dança, colada na tua.

Segue teus passos,

Gira, alheia aos olhares

De quem te vê com duas.

E volta para dormir

Na escuridão do quarto,

Debaixo da minha cama

Para ser pisada por mim

Ao levantar.

21.12.04

Às vezes, felicidade é o silêncio.

Às vezes, é pão.

Às vezes, um beijo.

Às vezes, um elogio.

Quase nunca, dinheiro.

Às vezes, felicidade é saber que a próxima tragédia ainda não chegou.

19.12.04

Gosto disso



Mensagem recebida em meu e-mail:





Seu blog é muito paia ve se poem coisas mais interessantes. Ve se muda em . tchauuu!!!!!!!!!



Minha resposta:

Ainda bem que ela não gostou. Se gostasse, haveria algo errado com meu cérebro.

Amo, quando recebo opiniões de caramujos. De mosquitos e de pulgas também.

:-)








13.12.04

Lady Writer

Lady writer is dead. E se isto parece senha, é. Lady writer died last week, baby, afogada em letras que não eram suas (nem tuas) e sob o peso de personagens que não lhe pediram para existir. Não sei em que momento ela tirou os saltos altos, despiu o sutiã e se enforcou com ele. Mas certamente ao levar consigo suas fantasias, liberou-se para algo mais proveitoso que viver duas vidas – a sua, sem glamour, e a “deles”.

Lady writer, funny, exquisite, sexy and mellifluous is gone. Deixou-me aqui, invejando sua sensação de estar sempre apaixonada, sempre com aquela sensação de elevador na boca do estômago, preparada para encontrar o maior amor de sua vida ao virar a esquina.

Lady writer, com suas incoerências, extravagâncias e bom-humor cativante deixou-me, e não verei tão cedo seus olhos piscantes e sedutores, brilhantes e espertos. Sob a cama, darling, meus sonhos não me espiam mais. E da voz da dama escritora não sei. Não a ouço mais. O delírio passou. The thrill is gone. Nothing of this and nothing of that again, please, pelo bem de todos os pretensos leitores.

Lady writer, sacana, podre de malícia, despencando de luxúria, foi-se. Se fué. Bit the dust. Hit the road. Escafedeu-se.

Só percebi sua morte porque deixou atrás de si um rastro de Dolce & Gabbana, quando dez homens jovens e lindos passaram carregando-a envolvida num véu de fino desgosto bordado com ironia e entremeado de certa amargura sutil.

Blame the italians, my dear hunk. And the beautiful actors who have always inspired her but then just left in a hurry – they do get old too, you know. Blame Mark Knopfler. And the spirits who have flown away. And whoever you want to put the blame on. Eu culpo o inverno, além do perfume e do lencinho embebido dele. Mas espero que não culpes a mim. Daquela outra parte fêmea que andou zanzando pelos confins deste mundo, flutuando como se, sentindo-se como, desmanchando-se em tours mágicos pelos limites impensáveis da paixão, nada mais sei. Acabou-se.

Choro por ela.

O Peso

Da chuva lá fora

Do meu desejo

Do nosso passado

Do amanhã temido

Da responsabilidade sobre nossos sentimentos

Da possibilidade de não podermos mais fugir

Da impraticabilidade de acertos e correções

Da imprevisibilidade de nossos rumos e ações

Dos teus olhos graves,

Da voz carregada

Da respiração

Do teu corpo

Sobre o meu



11.12.04

By Any Other Name (a Daisy is a Daisy)

You can call me FEMME

Fabulously

E
nvious of the

M
agical

Moanings

Ensconced inside your chest



You can call me
GIRL



G
roping for

Ilusions

Reaching and

Losing my dream

Or maybe just MAD

Making myself

Another

Door to nowhere



... and by any other name I will still not be a rose, but a humble daisy lost in the rain on a windy night.


8.12.04

Nikita

Estou triste e choro como criança, hoje.

Era só uma gatinha siamesa. Seis anos de idade.

Morreu.

Nikita, minha jóia siamesa de olhos azuis-turquesa, morreu.

Só um bichinho.

E como dói.

Pensei que eu fosse adulta, mas um bichinho me derrubou.



7.12.04

"Orientação" Sexual

Como é que se controla a ira, quando se vê um deputado federal, "evangélico", defendendo sua idéia de criação de "atendimento àqueles que desejam sair do homossexualismo" com as seguintes palavras:



-- Homossexualismo não é raça, não é um estado ("natural", aqui a inferência é minha, do que ele quis dizer com "estado")... Homossexualismo é uma orientação, e se o indivíduo foi orientado de forma errada, oferecemos a chance de corrigir...



Como é que se controla a vontade de quebrar a cara de um indivíduo desses?



Sai daí, ô ignorante, trata de continuar tirando o dinheiro dos outros como antes de ser eleito...



Depois ainda me perguntam por que transformei-me em um ser sem religião, apesar de tanta fé.



Num programa humorístico ouvi algo que cabe bem a pessoas assim (em minha opinião, um porco de terno): "Pode-se tirar uma pessoa da lama, mas não se pode tirar a lama de dentro de uma pessoa".



É.



(desculpem, mas certas coisas me tornam irracional)

4.12.04

Desistir, Jamais

... Então, eu vou ao blog daquele com quem nunca falei, que me lê nem sei por que, que escreve muito bem seu próprio diário íntimo que mais parece uma "via dolorosa" criativa e linda, e me deparo com um único post onde antes estava toda sua alma. A foto é de alguém solitário, sentado com a cabeça entre os joelhos no meio do chão vazio. O texto:



When you're talking to yourself

And nobody's home

You can fool yourself

You came in this world alone

Alone



E eu me pergunto: e daí, se ele apagou seu blog, numa seqüência previsível de sua blogdestruição que começou com posts a cada dia mais deprimidos e lacônicos e, depois, prosseguiu com a retirada do espaço para comentários, chegando finalmente a isto?



E daí? O que *eu* tenho a ver com isto?



Absolutamente nada.



E ainda assim...



Ainda assim...



Edu, a pior coisa que podemos fazer contra nós mesmos é nos negarmos o contato com outros, mesmo que os outros pareçam não ter nada a nos dizer. Os outros, ainda que aparentemente *estranhos*, não são tão estranhos assim. Vivem tuas emoções contigo. Vivem outras emoções, às vezes semelhantes às tuas, às vezes não, mas sempre unidos na teia invisível de algo que não sabemos explicar -- a identificação imediata, o carinho, a vontade de "fazer parte" do mundo do outro, nem que seja por simples comentários num blog, na esperança de mostrarem que há algo mais unindo os humanos que interesses mesquinhos.



Eu não tenho nada a ver com seu blog, com sua vida (e o que sei dela?) ou seus problemas.



Ainda assim, se pudesse, percorria este espaço virtual todinho em busca dele (se soubesse como encontrá-lo, ao menos), para pedir-lhe que voltasse.



1.12.04

Ultimamente, não me queixo de nada.

Tudo parece-me bastante satisfatório e tranqüilo.

Ando feliz da vida comigo mesma.

Devo estar doente, para me sentir tão bem.