27.10.05

Seguindo a onda de outros blogs, faço também:

Eu não sei:

1. Dirigir
2. Montar brinquedos tipo "Kinder-Ovo"
3. Cumprimentar decentemente alguém no aniversário
4. Dar pêsames
5. Cantar um homem pessoalmente (nunca, nunquinha tive coragem)
6. Bordar
7. Tocar violão (sou canhota, ninguém se animou a superar minhas tortices)
9. Conversar com estranhos em locais públicos
10. Caminhar devagar
11. Organizar festas


Eu sei:
1. Estralar todas as articulações possíveis do corpo, incluindo virilha, pulso, cotovelo, tornozelos, pescoço, tudo)
2. Dançar
3. Cantar
4. Fazer arroz de carreteiro
5. BEIJAR (e outras coisinhas mais)
6. Fazer tricô (well, mais ou menos)
7. Desenhar figuras humanas
8. Inglês
9. Cair no sono em 5 minutos ou menos
10. Escrever de cabeça pra baixo (não eu, o papel -- só escrevo assim, nem adianta tentar fazer como os destros)
11. Dar conselhos
12. Ouvir
13. Fazer 10 coisas ao mesmo tempo e todas direitinho (sou hiperativa, mais mental que fisicamente)
14. Enrolar meu corpo como uma mulher-elástica
15. Cuidar de uma criança
16. Cuidar de um homem
17. Cuidar de mim mesma

Tenho medo de:

1. Ter uma doença no cérebro
2. BARATAS
3. Perder mais alguém que eu ame para a morte
4. Ficar sem trabalho

Não tenho medo de:

1. Aranhas
2. Ratos
3. Morcegos
4. Solidão
5. Escuro
6. Alturas
7. Velhice
8. Temporais e raios
9. Pessoas

Detesto:

1. Fofocas
2. Gente fútil
3. Café frio
4. Alcione
5. Arroz esquentado
6. Gente bêbada
7. Falta de desafios
8. Lugares lotados
9. Espaços pequenos
10. Cama ruim
11. Banho frio
12. Gente pegajosa
13. Homens e mulheres vulgares
14. Gente lerda
15. Receber ordens
16. Verão
17. Gente muito formal
18. Pintar as unhas

Sou tarada por:

1. Homens
2. Sapatos
3. Perfumes
4. Sabonetes
5. Música
6. Espelhos

Eu nunca:

1. Viajei para o exterior
2. Andei de helicóptero
3. Entrei em coma
4. Fiquei bêbada
5. Usei drogas
6. Fiz aborto
7. Transei com mais de uma pessoa (ao mesmo tempo)
8. Discriminei ninguém por preferência sexual, cor, situação financeira, etc. etc. etc.
9. Passei dos 55 quilos de peso (atualmente estou com 55, meu recorde)
10. Transei com uma mulher

Eu já:

1. Fui atropelada (por um espelho retrovisor de uma Kombi, à beira da estrada onde eu pedia carona)
2. Desmaiei (no mesmo atropelamento aí em cima)
3. Estive numa capotagem
4. Estive num acidente de moto
5. Estive em vários acidentes de carro
6. Saí do corpo durante o sono
7. Tive sonhos premonitórios
8. Encenei peças teatrais
9. Coreografei danças
10. Fui líder disso e daquilo e daquilo outro
11. Fui caluniada barbaramente
12. Fui assaltada (e saí batendo no assaltante com a sombrinha)
13. Perdi muito dinheiro em maus negócios
14. Fui convidada para ser modelo (ai, essa foi atroz -- faz tempo!)
15. Escrevi um livro
16. Tive uma filha
17. Plantei muitas árvores
18. Traí
19. Fui traída
20. Tive dois ou três namorados ao mesmo tempo
21. Fui estuprada
22. Apanhei de homem
23. Bati em homem

26.10.05

Diário de uma Mulher Comum IV (Siga os links para que eu não precise me repetir!)


De repente, sinto-me cheia de vida.
Está certo. Novembro vem chegando e os jasmins logo abrirão. Como não ser feliz com dois jasmineiros carregadinhos no jardim?
Está bem. Admito que quando os amigos me procuram me sinto gente. Um email lindo de alguém recente, que me intriga por seu carinho por mim e que surgiu do nada (mas nada surge do nada. Eu sou fatalista, embora incoerentemente também creia que devemos batalhar para que o destino se cumpra da melhor maneira possível). Um papinho virtual com meu mosquito preferido, meu LH que conheci 20 anos atrás e era magrinho como um palito e que misturava em mim sensações de raiva profunda por ser tão perfeitamente parecido comigo em tudo e um dos maiores amores que já tive por alguém (ia além, muito além, tão além da paixão física que perdurou -- e só perdura assim mesmo, não é, LH?) Meu lindinho guri inspirador de personagens da ficção e para quem escrevi "Reel Around the Fountain", aqui. Ele vive para o trabalho e para seus filhos, hoje em dia. Esqueceu-se dele mesmo. Esqueceu-se de viver um pouquinho. E me encontra no micro e descobrimos (de novo, e de novo, e de novo e sempre) como nos gostamos. Me aquece o coração com sua vontade de simplesmente andar num barco no Rio Guaíba na minha companhia, caminhar e conversar, estar junto, apenas. Eu lhe digo que, quem sabe, quando estivermos ambos com uns 70 anos, ainda estejamos andando de mãos dadas por aí. Quer coisa melhor?
Bem pode ser que eu me sinta assim tão cheia de vida porque meu amigo-irmão-pai-tudo Fernando reapareceu. Tem o dom de me ignorar, mas diz que lê meu blog. Não basta, Fernandinho, tem que me escutar também (mesmo assim, me sinto em casa, satisfeita da vida, com todo o seu apoio, seus conselhos racionais e até com sua mania de fingir que tenta me seduzir. Um dos homens mais cavalheiros e gentis que já conheci na vida, um dos poucos homens românticos de verdade, mais em atos que em palavras, que já cruzaram por meu caminho).
Talvez minha amiga doida, A., tenha me lembrado do que já deixei para trás, quando um lance do destino faz com que, por meu intermédio e por puro "acaso" (claro que acaso não existe) acabamos descobrindo que seu ex estava recebendo aluguel há meses por um imóvel alugado, embolsando tudo quando deveria dividir com ela. Essa mulher tem uma força e uma coragem de viver que me fazem sentir vergonha dos meus problemas (que problemas, meu Deus?). Ela me faz lembrar que ainda sou capaz de ajudar alguém, ainda posso colocar um brilho nos olhos de alguém. E me recorda que sou livre para fazer o que quiser com minha vida, quando tantas mulheres ainda vivem acorrentadas às vontades de parceiros e ex-parceiros.
E aquela grande poeta (não vou usar a palavra "poetisa", eu a abomino) me escreve dando dicas de como comprar seu livro. Sinto-me honrada. Se eu tivesse metade de seu talento, já não estava mais aqui. Tudo na Márcia é agudo, acentuado, seu lirismo vai ao extremo, mas de um modo tão sutil e comovente que, em geral, nem sei como comentar seus posts em seu blog
Talvez eu tenha descansado um pouco de tanta tradução, desde domingo em ritmo mais tranqüilo. Três dias rebobinando meu cérebro e colocando o sono em dia podem ser a explicação.
Não. Acho que me sinto tão viva porque depois de escutar tanta notícia, enchi do Shepard Smith e da FoxNews, desliguei a TV e me inundei de música. Ah, tá certo que ouvir Grace Jones cantanto "I've Seen that Face Before" às nove da manhã me parece meio esquisito, mas antes eu estava ouvindo "Leaving on a Jet Plane"e tudo que a Jann Arden canta, batucando sobre a mesa com o Jamiroquai e reescutando um dos tantos e tantos CDs de MP3, porque já havia enjoado deles. Desenjoei.
Agora Grace Jones canta "Victor Should Have Been a Jazz Musician". Arrã. Eu acrescentaria: Steven, my dear, you too.
Mando uns escritos para meu amigo que ama um urso. Aí, quando me ponho a revisar o texto de ficção que escrevi tanto tempo atrás, a mesma magia volta a acontecer: cada vez que pego aquele texto, algo estala, clica e se acende em meu cérebro e, de repente, transcendo minha realidade ou a vejo com novos olhos e tudo se transforma. Volto a ser feliz.
Esquisito é que nada do que preenche meu espírito, minha alma e meu coração diz respeito a dinheiro. Nada do que me faz feliz depende de qualquer objeto material, roupa nova, corte de cabelo, celular de alta tecnologia, novidades eletrônicas ou viagens fantásticas (exceto ao mundo da minha imaginação).
Poucos dias atrás falei aqui no blog que eu parecia ter praticado bem demais meu joguinho de me esconder do mundo para fingir que era invisível, já que todos pareciam ter me esquecido.
Então todos ressurgem.
Tenho um anjo da guarda muito atento, sem problemas de audição e bem eficiente.
Sabe de uma coisa?
Preciso lembrar com mais freqüência de me pegar de volta, quando me jogo ali no cantinho, quando largo a Dayse cantora, a Dayse da libido a mil e das fantasias intensas, quando me ignoro e me esqueço que, afinal, sem música e sem seus amigos-anjos, a Dayse não vive, apenas sua casca sobrevive e fica minguando e fazendo de conta que ela existe.
I'm fine. Hope I can stay afloat with a little help from my friends. Always.

21.10.05

Descafeinado, por favor (vá até ele clicando no texto abaixo)

Eu tinha essa mania de me esconder no porão e fingir que ninguém sentiria minha falta porque eu nunca havia existido.
Tinha esse hábito de me calar sob a casa ouvindo os passos e querendo não-ser.
Desejava saber como seria, se ninguém se lembrasse de mim.

...Acho que pratiquei bem demais.

20.10.05


Querendo me apaixonar, mas sem tempo.

Quando a paixão vem chegando, eu já passei correndo.
Será que isso só acontece comigo,
de não conseguir me encontrar nem comigo mesma,
menos ainda com qualquer outro coração?
Cadê, cadê, cadê de eu conseguir completar a burocracia necessária até o primeiro beijo?
Ai.
Dói.
O pior é que isso mata. Mas bem aos pouquinhos.

18.10.05

Diário de uma Mulher Comum III

Ok, vamos falar sério?
Nunca fui uma puritana, para começo de conversa – se fosse, não teria traduzido um manual de sexo hiperliberal, chamado “Prazer & Emoção” (editora Leganto) porque a editora me achava “apropriada” para isso depois de ler um livro meu (que acabou não publicando e ainda está inédito, mas isso é uma outra história) que classificava como “sensual sem ser vulgar”.
Well, então fui conferir a afamada (melhor dizendo “infamous”) gravação da transa da vazia Paris Hilton.
Para quem não sabe, a bonequinha artificial, herdeira dos hotéis Hilton, resolveu “ficar” com um cara qualquer numa determinada noite e o carinha gravou tudo. Ela sabia. Só não sabia que ele pretendia ganhar uma fortuna vendendo a fita. Ganhou uma fortuna e teve de dividir os lucros com a indignada Paris que, depois, amansou e levou tudo na boa. O dinheiro teve o poder de fazer com que um vexame se transformasse apenas em um negócio.
Negócio ou não, eu tenho a dizer uma coisa (antes de todo o resto):
Se é pra fazer, por que não fazer bem feito?
Parênteses.
Um namorado recente (repetindo o que amigos e outros já haviam me dito) comentou que é impressionante o número de mulheres que transam sem nem saberem por quê. Não sentem nada e só dão prazer porque, obviamente, têm uma parte desejada pelos homens e isso basta.
Oh?
Isso basta?
Para eles, sim. Mas para elas, o que acontece? Como alguém vai para a cama para servir de boneca de borracha?
Fecha parênteses.
Paris Hilton, magricela e peituda, sem bunda nem charme, faz sempre as mesmas caras, sempre as mesmas bocas – mas na cama esquece das caras, esquece das bocas e tem cara de nada.
Vi, revi e vi outra vez sua “sessão de sexo” mulher-vinil. Fez de graça (naquele dia, porque depois recebeu os dividendos) e parecia que o cara estava pagando, por que, de outro modo, para que sujeitar-se a algo que obviamente não está lhe dando nenhum, repito, nenhum prazer?
Primeiro, ela parece uma puritana, recusando-se a tocar no cara. Depois, submete-se.
Cara, sexo não é submissão.
Algo está errado com a cabeça de uma mulher, se acha natural tirar a roupa, abrir as pernas e outros orifícios e se deixar ser penetrada enquanto pensa sei lá em quê (mas a cara sem expressão, a boca sem um gemido, a respiração inalterada e o olhar vazio me levam a crer que ela só calcula quanto tempo aquilo ainda vai levar), sem sentir nada.
Algo também está errado com a cabeça desses homens que pensam que à simples visão de um pênis ereto qualquer mulher sai dando gritinhos e têm orgasmos múltiplos.
Eu morreria de vergonha se me filmassem e o resultado fosse aquele. Também morreria de vergonha se me filmassem e eu agisse como uma dominadora (que sou), como alguém que está prestes a morrer de prazer. Mas ainda assim, minha vergonha seria menor do que se me vissem parecendo uma mulher de borracha, na cama.
Surpreendi-me demais com a Paris Hilton. Acho que nem deveria, mas me surpreendi mesmo. Alguém com todos os recursos do mundo à disposição, com possibilidades imensas de ter experiências fantásticas, que tem à disposição todas as novidades da estética, da moda, todos os bons perfumes, viagens e homens à mão, sempre... Alguém assim não conseguiu, nunca, tocar a si mesma. Não encontrou jamais meia hora para olhar-se no espelho, conhecer-se, vasculhar-se, experimentar-se, ir até onde possível sozinha, treinar, descobrir-se e verificar onde dói, onde coça, onde é que atiça, onde lateja, onde parece explodir algo, uma bomba de prazer interna, onde é que se morre de êxtase.
Acho que falta vergonha na cara, a muitas mulheres. E quando digo isso, falo que deveria ser vergonha ser mulher e não agir como fêmea. Fazer de conta que se é sexy, sem saber ser sensual e sem ter nem idéia do que é sentir prazer, deveria ser uma vergonha.
Parece que é algo muito natural, segundo meus amigos, alguns ex-namorados e segundo a Paris Hilton, que em uma entrevista disse, com sua cara plástica congelada em um simulacro de expressão maliciosa: “Vergonha de quê? Fizemos tudo o que um casal jovem e saudável faz.”
No caso dela, uma mulher saudável e jovem faz tudo. Menos sentir prazer.

17.10.05

Eu devo estar por aí, em algum lugar.
Se me encontrares, me traz de volta.
Sinto saudade de mim.

7.10.05

C U I D A D O
Mulher Faminta
(de tudo)

5.10.05

Jorge,

Hoje acordei pensando no dia em que perdemos tantas horas e, em vez de fazermos amor, discutimos sobre McCartney ou Lennon, argumentando sobre o nosso preferido, escutando horas e horas e horas de Beatles para tentarmos convencer um ao outro de que um era mais digno de nossa admiração que o outro.
Não posso evitar a sensação de que deveria te catar por um dos cantos deste mundo (não que eu não tenha tentado – simplesmente não te encontro mais), fazer-te sentar novamente – agora não numa cadeira de vime, uma das duas únicas que eu tinha na sala do meu primeiro apartamento – para que ouvisses comigo as bobagens que o McCartney andou aprontando.
Jorge, será que estamos todos ficando velhos demais, inclusive o Paul, bem mais que a gente e mais afastado da realidade musical?
Quando varamos a noite, eu e tu, e fomos até as três da tarde sem fazer amor, sem almoçar e sem mais nada, hipnotizados pela gigantesca afinidade que tínhamos, eu defendia o McCartney e tu dizias que ele era banal. O gênio era o Lennon – e contigo praticamente todo mundo concordava.
Agora concordo eu.
Será que o Paul está precisando de grana?
Não creio.
Mas como explicar que seu “Chaos and Creation” tenha quase nada de caos e quase nada de criação? Quase que apenas “Too Much Rain” passa pelo crivo de qualquer coisa. A voz já vacilante do Paul vem cantando todos, todinhos os bordões com mais de trinta anos de idade. Onde estão arranjos incríveis como os de “Band on the Run” (tudo bem, o George não está tocando mais nada na Terra, Ok, impossível querer sua guitarra mesmo)? Onde estão, ainda assim, as letras que, embora simples, eram tão lindas?
A última coisa mais ou menos nova que ouvi do McCartney e gostei nos últimos anos foi “Vanilla Sky”. Depois disso, o cara internou-se em sua poltrona preferida, não ouviu mais música e agora, não sei por que, achou que precisava lançar um álbum descartável com todas as baboseiras batidas que não convencem mais.
Pensando bem, Jorge, acho que faríamos melhor se desligássemos o McCartney das nossas vidas e usássemos aquelas horas todas para fazermos o que precisávamos ter feito tantos anos atrás (mas também, eu não estaria lembrando de ti se apenas tivéssemos feito amor, não é não?). Desta vez acho que precisaríamos esquecer os Beatles para sempre.
Eu nem te perguntaria por que, afinal de contas, nunca explicaste nada quando disseste que eu deveria ter te dito que era canhota desde o primeiro momento em que nos vimos, já que isso mudaria totalmente a tua maneira de me ver. Nunca entendi e talvez eu continue tão lelé da cuca quanto naquele tempo. Mas juro que não tanto quanto o Paul e já não perderia mais tempo discutindo música contigo. Contigo, não.

3.10.05

Queria tanto, tanto, tanto ser tua amiga...
Não apenas leitora de teu blog.
Não apenas admiradora.
Não apenas imaginar teu rosto.
Não apenas querer sondar teu cérebro.

Queria imensamente encontrar-te.

Tenho a impressão que, ao te encontrar, eu me encontraria em ti.

Não como amor.

Amiga.

Eu te entenderia (quem mais poderia entender-te tanto quanto eu?),
e minha pretensão seria percebida por ti, mas perdoarias,
porque teu coração é imenso.

Se tu te permitisses,
Se numa rua de nossa cidade chovesse
e um vinho nos esperasse,
Se houvesse como (o por que já existe),
Se pudesses me interpretar
como eu sei te traduzir,

Seríamos lindos um pro outro.

E seria lindo fazer de conta que te importas comigo.