19.10.06

Uma estranha alergia que começou ontem no pescoço agora me sobe lentamente pelas laterais do rosto.

Será finalmente a vergonha na cara que se manifesta?

O certo é que estou com vergonha da cara empipocada e avermelhada.

Acho que se eu cortar fora minha cabeça que comicha inteira estarei perfeitamente bem.

18.10.06

Espelho I

Prometi a mim mesma não entrar mais no provador da Renner.

Luz branca que parece um raio-x, pode-se ver as veias, artérias, se duvidar até a camada de gordura sob a pele (juro que vi, porque aquilo não era minha pele sempre tão lisinha...), qualquer sarda ínfima, os poros e rugas, ruguinhas e ruguíolas. Até percebi que preciso emagrecer, tendo apenas 56 quilos atualmente.

Só falta aviso na porta:

"O que vires aqui será de tua inteira responsabilidade. Ao entrar, assuma. Ao sair, esqueça. Não nos responsabilizaremos por ilusões somáticas. Nem por sonhos de juventude eterna."

Maldita loja de roupas. Depois ainda esperam vender alguma coisa, se só enfeiam a gente.

Espelho II

Conselho às mulheres que estão envelhecendo (e não querem ou não podem dar um jeito nisso):

Olhem-se no espelho uma única vez de manhã, e somente o tempo necessário.

Depois, esqueçam durante o resto do dia o que viram ali.

Íntimo

Dear B.
Assisti “Lúcia e o Sexo”.
Quisera ser essa que me fizeste pra ti.
Não sendo, assumo ser eu mesma e não me enganar com finais felizes.
Existem lugares que nunca conhecerei.
Bel Air. Beverly Hills. Santa Monica.
Califórnia.
L.A. está para mim como tu estás para a minha vida.
Impossibilidades.
Caro B.
Lucia decepcionou-me com seu final feliz. Teu filme tão recomendado a mim (tantas vezes!, não sei onde achaste que tinha algo a ver comigo – me vês mais lúbrica do que jamais serei, ou já fui, não sei, mas às vezes o mundo não se move pelo sexo, e sim por esperanças) não passa de um joguinho onde é possível emendar as coisas, onde a morte é superada, onde o amor vence.
Amor não vence. Nos vence.
Eu nunca quis ser quem sou.
Sonhei ser sem passado – sou.
Mas sonhei outro futuro – passou.
Sabias que o futuro também passa por nós e se não o capturamos bem ali, naquele momento, caímos naquele buraco?
Mas não voltamos ao meio da história.
Antes, viramos personagens sem trama, deslocados e desfocados.
Dear B.
Já não sonho.
Prefiro seguir em linha reta, ainda que o fim da minha história seja sem graça e bem noir. Ainda que como Greta Garbo eu fume à janela e diga ao vento, e só a ele: “I want to be alooone”.
Dear B,
Depois de “Lúcia e o Sexo” só posso te dizer:
Às vezes a vida não faz sentido. Nenhunzinho.

3.10.06


Traduzo um livro sobre sincronicidade.
Incrivelmente, ponho pra gravar um fillme cuja sinopse nem vejo, apenas o título me fisgou.
Jornada da Alma.
E sincronicamente, o filme conta a história de um amor de Carl Jung.
É como uma vez em que eu conversava com uma amiga e cantarolei uma música antiga que nunca mais havia escutado. Aí ligamos o rádio e lá está a música, começando.
... Depois vem você, T., sem crença em nada.
Tsc, tsc, tsc.