19.12.07

18.12.07

No fuzzy pictures this time








57 quilos, uhuuuu!

Em um ano consegui engordar 3 quilos, meu recorde.

Meu medo, agora, é desandar, já que eu nunca conseguia engordar nem um quilinho e agora ganhei 3, em um ano.

Meia-idade?

Brrrrrrr, que medo....




16.12.07

Shy


Fifteen minutes with you, I wouldn't say no

(or would I?)
Tenho de aprender a deixar de ser burocrática no amor.
Costumo dizer que não tenho medo de nada na vida.
EXCETO...
... o medo de perder pessoas.
Tenho de deixar de ser medrosa
(por outro lado, para que arriscar-me a perder?)
Se há algo que me tira a razão, é a paixão.
Não é justo que alguém com tanta capacidade de ver a realidade, como eu, tenha exatamente o defeito que a torna estúpida, o defeito da covardia, a burrice de não entender sinais.
Preciso deixar de ser burocrática no amor. Pouco falta para exigir protocolo assinado, carimbado, com declaração reconhecida em cartório de que fui entendida e, mais importante, que caso não seja nada disso, fica tudo como antes, como se nada jamais tivesse havido do que, de fato, nem houve.
(suspiro)
Alguém aí tem um sonrisal para azia cerebral?

8.12.07

O Exercício de Se Superar




Minha bela,

Lembras tu na tua gaiola, essa bendita exposição de matemática da tua escola, em novembro?

Lembras que toda a trabalheira começou uns bons 10 dias antes, com um grupo de 4, que se tornou um grupo de 2, um coleguinha e tu?

Deveriam montar um jogo de matemática, com regras, 50 equações, peças, tabuleiro, etc. Deveriam trabalhar em dupla. Deveriam fazer tudo juntos.

Mas no primeiro encontro, teu colega não apareceu. No segundo, arranjou uma desculpa e outro colega te ajudou a criar aquele mundo de equações. No último encontro, aí mesmo, nessa "gaiola" onde deveria estar o trabalho da dupla, teu colega desperdiçou todo o material da decoração do estande, estragou tudo e foi-se embora, com mais uma desculpa, te deixando desesperada, na véspera da exposição do teu trabalho. Lembro de ti, chegando em casa de táxi (o colégio, tão longe pra quem não tem carro...), com uma fita adesiva grudada na testa, onde tu mesma havias escrito: "Eu sou uma Idiota". Lembro que eu ri, te puxando com carinho de dentro do táxi, dizendo "Vem cá, sua boba, a gente dá um jeito".

Minha belinha, lembras de nós, na noite anterior à manhã dessa exposição, indo à livraria comprar tudo de novo, todo o material de decoração novamente?

Lembras de nós, acordando cedinho, nos enfiando num táxi, chegando às 8 na escola e arrumando em 10 minutos o que achavas que não conseguiríamos arrumar em uma hora?

Lembras, principalmente, minha linda, de como os outros grupos, todos eles, tinham 3 ou 4 alunos se revezando para cuidar de seus estandes com trabalhos, enquanto o grupo de tu sozinha não podia sentar, não podia comer, não podia beber, não podia ir ao banheiro e não podia nada, por estares só?

Eu lembro de olhar para ti, sozinha ali no teu estande, solitária, enquanto nos outros grupos todos riam, conversavam, passavam o tempo e mais estavam na rua que dentro do ginásio, onde deveriam estar. Lembro de ter pensado: "Mas por que minha filha parece sempre tão sozinha?" Então uma coleguinha de outro grupo veio, desabafou a mágoa por também ter feito tudo sozinha em seu grupo, e lembro que tu comentaste que outros discriminavam a menininha linda, inventando coisas sobre ela. Lembro que te pedi para não fazeres isso, nem pensares nisso, porque é uma palavra aqui, outra ali, que cria o preconceito e torna as pessoas solitárias. Às vezes, apenas por serem melhores que a média. Mais sérias. Mais interessadas em fazer a coisa certa.
Lembras das dores nas pernas, três horas inteiras parada ali, de pé? Lembras da fome? Lembras do sono? Lembras da minha oferta para cuidar de tudo para poderes caminhar 10 minutos na rua e ires ao banheiro, e tu me dizendo "Não, mãe, é *meu* trabalho, eu é que preciso cuidar!"

Lembras? ... da ansiedade quando procuramos esse novo colégio, agora particular, deixando para trás a escola pública onde eras maltratada por seres boa aluna, onde eras chamada de "gorda", onde eras tratada como menino, por andares com os meninos, já que as meninas conseguiam ser mais obcenas ainda que os garotos? ... da alegria, ao comprarmos todo o teu material (pela segunda vez no mesmo ano), o uniforme, o tênis que querias? ... do primeiro dia de aula, e tu exclamando, depois de mais tantos e tantos dias, "Eu AMO o meu colégio novo!"... da tua percepção de que não é a classe social que torna adolescentes grosseiros e precocemente interessados por sexo?... da tua descoberta de que, onde menos deveria haver bullying, entre filhos de famílias teoricamente mais cultas, mais ele ocorre?

Lembras do nosso pavor, quando percebeste que colégio particular era outro mundo, e que era como se nunca tivesses estudado geografia, inglês, história, etc., já que tudo era novo e não sabias nada do que aprendiam na nova escola? Lembras que chegamos a nos conformar porque era quase certo que serias reprovada, já que no primeiro trimestre tuas notas eram vergonhosas, pelo choque do impacto entre ensino público e ensino particular?

Minha flor, valeu a pena.

Valeu a pena transferir-te de escola em pleno maio, ser vista como "estrangeira" no colégio novo, decepcionar-te e fazeres tudo, tudinho por ti mesma, sozinha, apesar da dor e da desilusão com os companheiros... Valeu a pena, porque os professores te reconheceram. Te conheceram, em tuas zangas iradas, em tuas reclamações contra a injustiça, em tua determinação em ir até o fim, sempre, por um pontinho na nota, por um visto num trabalho, quando bem poderias ter jogado a culpa em outro, simplesmente, e não te importado, já que os outros não se importavam.

Valeu a pena, quando tu gritaste no celular, assim que terminou o último dia de aula, ante-ontem: "Mãããããeeee, eu passei por méééédia!!!"

Valeu a pena o abraço feliz-feliz-feliz que nos demos, quando chegaste em casa, os beijos, o senso de dever cumprido.

Acho que depois de ante-ontem tu sabes:

És capaz de superar qualquer coisa. És forte, honrada, valente, esforçada e muito, muito, muito inteligente, saltando de notas abaixo de crítica para notas máximas em todas as matérias, ficando entre os melhores da classe. Tu és capaz de perdoar colegas que te fizeram de otária já no primeiro mês, marcando reuniões na escola para um trabalho e te deixando à espera a tarde inteira, rindo de ti no dia seguinte, porque esperaste em vão. E tudo porque achavam que, sendo aluna nova no colégio, tu não tinhas o direito de mandá-las trabalhar, em vez de perderem tempo.

Minha anja, se saíste parecida com tua mãe em algumas coisas, agradeço a Deus. Somos mesmo intolerantes com o "jeitinho fácil", o "fazer nas coxas", o "não dá nada" e o "depois eu dou um jeito". Mas o mérito, ainda assim, é TEU. TEU, sempre, por seres alguém que veio ao mundo para, como tu dizes "ver a vida como ela é".

Tu és um sonho. E tua carinha triste na foto, lá em cima, é só pra não esquecermos que, no fim, tu riste. E muito. E com vontade. E continuas rindo, alegre, por mais esta vitória.

Te amo, Letícia.


4.12.07

Para C., que entenderá





This Is Love Lyrics
» George Harrison


Precious words drift away from their meaning
And the sun melts the chill from our lives
Helping us all to remember what we came here for
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love

Little things that will change you forever
May appear from way out of the blue
Making fools of ev'rybody who don't understand
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love

This is love, this is love
This is love, this is la la la-la love

Since our problems have been our own creation
They also can be overcome
When we use the power provided free to everyone
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love

This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
Oh, this is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love (repeat and fade)

2.12.07

NADA é em vão
Nem o SIM
Nem o NÃO
... e no talvez há a promessa
de tudo ocorrer na hora certa
ou não ocorrer,
porque a vida acerta
mesmo quando duvidamos.

30.11.07

So True...


Casinha Branca
(Gilson e Joram)

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
que nem vejo à minha frente nada que me dê prazer...
sinto cada vez mais longe a felicidade
vendo em minha mocidade tanto sonho perecer
eu queria ter na vida simplesmente
um lugar de mato verde pra plantar e pra colher
ter uma casinha branca de varanda
um quintal e uma janela
só pra ver o sol nascer
às vezes saio a caminhar pela cidade
à procura de amizade vou seguindo a multidão
mas eu me retraio olhando em cada rosto
cada um tem seu mistério seu sofrer, sua ilusão
eu queria ter na vida simplesmente
um lugar de mato verde
pra plantar e pra colher
ter uma casinha branca de varanda
um quintal e uma janela só pra ver o sol nascer

28.11.07

Não é engraçado como, com a Internet, tornamo-nos todos videntes?
Conhecendo apenas nome e sobrenome, podemos visualizar passado e presente (e, a partir daí, algo do futuro) de qualquer um que tenha "pisado" nesse planeta virtual...
Conhecendo apelido, chocamo-nos ao digitá-lo e ao descobrir, no presente, traições, grandes e pequenas, escritas com todas as letras no passado por alguém que, se não era digno de estátua em homenagem ao "Homem Sério", também não nos parecia a pessoa mais mesquinha que já tivemos em nossas vidas. Espantamo-nos ao ver, quatro anos depois, preto no branco, confissões sobre aquilo que percebíamos como casualidade e se revela pura má intenção, maldade proposital. E, boquiabertos, ainda duvidamos dos nossos olhos quando vemos com toda a clareza as mentiras e distorções de fatos íntimos colocados em público, por quem pouco antes nos disse que havia mudado, que podíamos ter confiança em sua melhor intenção de ser parceiro, de ser amigo, de ser companheiro, de ser, em resumo, homem.
Engraçado como, com a Internet, os mais burros acabam revelando-se apenas isso: burros -- criminosos espalhando pistas de seus crimes por todos os lados, desde a presença em sites pedófilos, passando por "filmes" desmeritórios, festinhas onde o cigarro e o álcool estão em todas as fotos, depoimentos que alardeiam seu prazer por ser escroto e terminando em mentiras deslavadas, sobre si mesmo e sobre outros.
Não é interessante como certas pessoas pensam que as palavras escritas no espaço virtual um dia se perderão, ou que podem mantê-las secretas, quando estão lá, para toda a eternidade, expostas em cache, atualizadas em feeds, passíveis de busca por mil expressões que as revelarão?
E depois disso tudo, quando me perguntam se não farei nada com as palavras criminosas que descobri, só tenho a dizer uma frase:
"Eu não chuto cachorro morto."
A principal lição de meu trabalho de detetive eu já aprendi. Nunca confie, para o resto dos teus dias, em quem já te enganou uma vez. Nem perdoe. Nem esqueça.
A porta fechou-se para sempre.

23.11.07



Tu, mestre da auto-sabotagem, não tens do que


reclamar:


teus planos saíram à perfeição.


Respiras delírios, comes ilusões, dormes com


enganos. Culpas a vida, o mundo, os outros,


sempre os outros.


E recebes o troco, a bofetada,


que tu mesmo dás na tua face


quando ousas desnudá-la das máscaras.


... À noite todos os seres obrigam-se


a dormir em sua própria (e indesejada) companhia.


Sem disfarces.


E isso é o que dói.



18.11.07

Anotação para mim mesma:

Por quanto tempo permitirás que a mentira vença?

Por quanto tempo ficarás em dúvida, pesando detalhes, em tua tendência ingênua de achar que outras pessoas são boas, quando te mostram o contrário?

Como podes ser tão mole e achar que a não-ação resolverá algo?

Como podes deixar que mintam sobre ti e te transformem aos olhos de outros em tudo aquilo que mais abominas no mundo?

Como permites, com tantas indicações, que a mentira, o logro e o trauma se perpetuem, por conta da tua tendência de acreditar nos outros?

Anotação para mim mesma: por que insistes em ser boa, quando está claro que estão sendo cruéis contigo?

(tudo tem conseqüências. o medo de agir, também)

16.11.07

Agora me diz:

Por que é que acho tanta graça, dou risada mesmo, quando alguém se apaixona por mim (ou demonstra a intenção de), mas quando sou eu quem se apaixona tudo parece tão sério, uma questão de vida ou morte?

Ah, se eu conseguisse achar graça em minha paixão para poder declará-la e rir com ele, quando risse de mim...

10.10.07

Como resistir a uma belíssima história de amor trágico?


"Não posso viver sem minha vida. Não posso viver sem minha alma."


15.9.07

ENGENHEIROS DO DESTINO


http://translationjournal.net/journal/42destino.htm

(Comentário meu sobre o livro maravilhoso de José Henrique Lamensdorf, colega tradutor e escritor de rara racionalidade e sensibilidade em equilíbrio, para o Translation Journal, jornal on-line de/para tradutores)

Quando eu tinha uns 10 anos, deitada na grama do quintal em noites de verão, fitando o mar de estrelas muito além do meu serzinho pequeno e solitário, costumava pensar que não fazia sentido simplesmente nascer, crescer e morrer—tendo alegrias e decepções entre o começo e o fim, mas ao final, morrendo como todos os outros humanos, como os insetos, as flores, os mamíferos e tudo o mais que tivesse vida física. Nessas noites da pré-adolescência, começando a descobrir o mundo, eu procurava respostas simples para perguntas que só se tornariam cada vez mais complicadas, com o passar dos anos.

Certamente, mais ou menos dos dez anos até o fim da vida, a pergunta mais poderosa que nos fazemos é sempre sobre o porquê de estarmos no mundo. Depois vêm outras, e para essas encontramos parte das respostas na filosofia, astronomia—até na astrologia—, psicologia, e outras "ias" criadas para satisfazer nossa ânsia por respostas.

Você alguma vez teve a sensação arrepiante de que esse show legítimo da vida em geral é espantosamente bem coordenado, para ser um mero acaso ou um passatempo de deuses que não compreendemos? Já se espantou com coincidências esquisitas, sincronicidades, marés de sorte ou ondas de extremo azar? Você já teve a impressão de que apesar de sermos as criaturas mais inteligentes a pisar neste planeta, ainda assim não somos os donos do espetáculo e que a equipe de produção falha ocasionalmente, provocando coisas feias como guerras, pragas, grandes catástrofes naturais e outras calamidades? Ao admirar a grandiosidade de uma obra arquitetônica, a beleza extrema de uma estátua ou a sublime elevação do espírito provocada por uma sinfonia vibrante, você já se perguntou por que há tamanha disparidade em talentos, vocações e oportunidades no mundo? E, ao pensar nesse incrível espetáculo da vida, já chegou a perguntar-se para que, afinal, serve tudo isso?

Engenheiros do Destino não lhe impõe um conhecimento profundo, nem pretende mastigar e lhe devolver prontas para consumo teorias complicadíssimas da física ou astronomia. Não tenta convencê-lo de uma verdade absoluta. Não servirá como auto-ajuda no sentido de lhe entregar algumas fórmulas bonitas que, segundo o autor, resolverão se não todos, pelo menos os problemas que o levaram a comprar o livro.

Engenheiros do Destino não quer lhe revelar segredos ocultos há séculos em imagens de pintores famosos, em pisos de igrejas antigas ou papiros recém descobertos. Na verdade, ao ler o livrinho aparentemente singelo—mas realmente estimulante—de José Henrique Lamensdorf, descobrimos que seu maior mérito é tornar claro e explicar o que às vezes intuímos sobre os mais variados temas que nos preocupam.


Lamensdorf nos oferece uma luz reveladora, com a qual aponta a coerência máxima naquilo que vemos como aspectos aparentemente discrepantes da existência.
Nessa teoria geral do funcionamento do universo, ele aborda, com idéias fascinantes e inesperadas, coisas tão diversas como reencarnação, homossexualidade, viagens no tempo, astrologia, poder, fantasmas e aparições, experiências extracorpóreas, transplantes e, até mesmo, o processo de traduzir.


Engenheiros do Destino mexe com as idéias do leitor, levando-o a ampliar as indagações e explicações oferecidas, após cada parágrafo. Não é para preguiçosos mentais. E pode causar efeitos colaterais—essa é, de fato, a intenção de Lamensdorf, ao apresentar os responsáveis pelo real show da vida e um pouquinho do roteiro e da produção envolvida no espetáculo.

Não recomendado para materialistas empedernidos, pessoas sem fé em coisa alguma, pessoas secas e sem um mínimo de humor. Absolutamente contra-indicado para aqueles que consideram que tudo já foi explicado ou que a sua própria teoria é a única que conta.


O livro Engenheiros do destino pode ser comprado:
em inglês:na Amazon: http://www.amazon.com/Engineers-Fate-J-H-Lamensdorf/dp/1419612654; na Booksurge (a editora, que é do grupo Amazon): http://www.booksurge.com/Engineers-of-Fate/A/1419612654.htm;
em português:na editora: http://www.livropronto.com.br//livro/liv_engenheiros_destino.asp.

9.9.07

Precisa-se I

Precisa-se de alguém que invada minha casa, venha até meu canto de trabalho, imprima meu primeiro romance, prontinho e acabado, coloque num envelope e o envie a uma editora, ou mais se possível.

... porque pareço ter um bloqueio sério contra simplesmente imprimir e enviar -- não consigo, não consigo, não consigo.

Precisa-se II

Precisa-se

que os amigos que já chegaram a ler meus escritos procurem a palavra-chave "Cruel" em seus discos rígidos, pois pode estar ali o original do segundo romance que comecei a escrever e perdi quando troquei de micro (sei que entreguei a duas pessoas no mínimo, mas essas não se deram ao trabalho de procurar...).

3.9.07

The Art of Losing




Verdadeiramente eu:


The art of losing isn't hard to master;

so many things seem filled with the intent to be lost

that their loss is no disaster.

Lose something every day.

Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent.

The art of losing isn't hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:

places, and names, and where it was you meant to travel.

None of these will bring disaster.

I lost my mother's watch.

And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went.

The art of losing isn't hard to master.

I lost two cities, lovely ones.

And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent.

I miss them, but it wasn't a disaster.

--Even losing you (the joking voice, a gesture I love)

I shan't have lied.

It's evident the art of losing's not too hard to master

though it may look like (Write it!) like disaster.


(Elizabeth Bishop, poeta norte-americana, 1911-1979)

21.7.07

Muito céu, o horizonte, espaços amplos, copas verdes ao longe.
Pedrinhas, formigas assustadas, folhas secas no chão, trilhas d'água na areia.
Busco sempre o micro e o macro, no universo ao meu redor.

O que está diante dos olhos, o médio, muitas vezes me é invisível.



Dedos cadavéricos e longos, apontando para o céu, insistindo, insistindo (há anos insistem)...

... e esta parece uma velha louca, esquizofrênica árvore a delirar para sempre, imóvel, enfeitada com seus trapos, achando-se linda.

(fotografias tiradas em Sans Souci, Eldorado do Sul, RS, hoje -- em passeio de volta ao lugar que durante um tempo me pareceu o melhor do mundo -- ainda parece, mas lá não tem cinema, colégio bom, shopping, tele-entrega, etc...)

14.7.07

Wild Honey


Poucas pessoas nesse mundo me surpreendem. Muitas me surpreendem para pior. Poucas para melhor.
Algumas pessoas têm mania de fazer promessas e não cumprir. Prometem espontaneamente e não cumprem. Não consigo imaginar coisa mais inútil que prometer algo que não foi pedido e não cumprir a promessa.
Steven nunca prometeu nada. Nunca disse ser nada que não era. Nunca se fez de sexy, nunca posou de artista, nunca afirmou ser um grande pai, um tremendo profissional esforçado. Também nunca prometeu romance. Nem tentou.
Steven não é de promessas.
Steven é o tipo de cara que não faz propaganda. Apresenta o produto.
Existem pessoas que andam pela vida da gente sutilmente, e fazem muito, independentemente da distância, da diferença cultural, dos hábitos, do fuso horário, de tudo.
Steven nunca prometeu ler meu blog. Sequer disse que um dia leria. Mas leu. E lê sempre. Mesmo entendendo pouco português. Keep being good, darling. Just good. You're excellent in being good ;-) I'll keep waiting for your honey, eyeing the bees....
"Wild Honey" - U2
In the days
When we were swinging from the trees
I was a monkey
Stealing honey from a swarm of bees
I could taste
I could taste you even then
And I would chase you down the wind
You can go there if you please
Wild honey
And if you go then go with me
Wild honey
Did I know you
Did I know you even then
Before the clocks began time
Before the world was made
From the cruel sun
You were sheltered
You were my shelter and my shade
If you go there with me
Wild honey
You can do just what you please
Wild honey
Yeah, just blowing in the breeze
Wild honey
Wild, wild, wild
I'm still standing
I'm still standing where you left me
Are you still growing wild
With everything tame around you
I send you flowers
Could flowers thaw you heart
I know your garden is full
But is there sweetness at all
What is soul
Love me
Give me soul
If you go then go with me
Wild honey
Won't you take me, take me please
Wild honey
Yeah, swinging through the trees
Wild honey
Wild, wild, wild

27.6.07

. . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . Caros.

Quando o Romário fez seu "Gol 1.000", comentei aqui em casa: "Ih, ó o cara aí. Eu sei fazer gols, mas ele não sabe traduzir. Ele faz 1.000 gols e o mundo olha pra ele. Eu vou para o meu centésimo livro e o mundo nunca ouviu falar de mim. Garanto que o Romário não traduz, e acho que nunca leu nem 10 livros."

Pois ontem o Sedex me trouxe meu CENTÉSIMO livro para traduzir. Felizmente, um livro interessante, lindo, de massagem pediátrica. Agora, ao lado dele, estão me esperando ainda o livro número 97 e 98. Estou com três livros para traduzir bem aqui (e mais 80.000 palavras de mecânica...).

Esta semana, portanto, estou celebrando, apertando minhas próprias mãos em cumprimento (porque pessoalmente ninguém fez isso ainda, exceto minha mãe, mas mãe não conta, né?).

Depois de uns 70 e-mails de cumprimento dos meus amigos tradutores, comeceu a ficar melancólica e até agradeci publicamente ao meu grande anjo platônico, quando se manifestou dizendo que se sentia especialmente gratificado com minha conquista. Deve mesmo sentir-se.

Depois de 20 anos traduzindo, venho aqui, ao som de "Smile", do David Gilmour (calminha que dá gosto), compartilhar com vocês duas idéias, extraídas dessas minhas meditações na comemoração aos 100 livros.

Uma delas é que finalmente minha árvore tradutória amadureceu e os frutos caem em minha cabeça. Já não preciso subir na árvore, desesperada, buscando frutinhos ainda pequenos e verdes, ansiando pela colheita farta. A árvore levou uns 19 anos para firmar, mas agora posso colher seus frutos. Isso me alegra.

A outra é que acho que, pretensiosamente, vou fundar o Clube dos 100. Não que o clube vá ter 100 sócios. Não.

Terá uma dúzia, no máximo. Clube dos Tradutores do Inglês que já Traduziram 100 livros. Clube dos 100, portanto. Esse clube restrito, selecionadíssimo, o fino da elite (mal paga) das editoras, formado por felizes e exaustos tradutores que já verteram lágrimas sobre o teclado do computador, bem poderia servir a um fim bem legal: já pensou se cada um deles doasse seus 100 ou mais livros a uma biblioteca? Já pensou se cada um deles pedisse 6 exemplares de cada livro que traduziu às editoras (geralmente recebemos um, no máximo 2 exemplares) e, no conjunto, então, formássemos 6 minibibliotecas com 1.200 livros para doar à comunidade? Já pensou?

... Deixa.

Acho que a consciência de que num país que não lê eu consegui traduzir cem livros me subiu à cabeça e me deixou meio assim... boba, entende?

Mas eu mereço ficar boba uma vez a cada vinte anos.

Parabéns pra mim.

4.5.07

Diário de Uma Mulher Comum XII


Isso de se sentir ridícula é falta do que fazer, baby.
Yeap.
Ontem, pré-estréia do Homem-Aranha 3.
Levei minha filha ao 1. Levei minha filha ao 2. Desta vez, ela só poderia ir comigo segunda ou terça-feira, e como nossa agenda está lotada para 2a e 3a feira próximas (graças a DEEEEEEEUS!), encaramos uma pré-estréia, à 00:01.
Cinema lotadíssimo, acho que eu e mais meia dúzia éramos os mais velhos ali. Turma variando de 25 a 18 anos. Uma festa, com direito a parabéns de todo mundo a alguém lá no meio da platéia (antes de começar, porque esperamos meia hora sentados até o início do filme), hino do Grêmio, bateção de pé nos comerciais, assovios e tudo o mais, permeado por um cheiro insuportável de pipoca.
Valeu a pena.
O que mais gostei? O Homem de Areia.
Antes disso, a única vez em que eu havia ido ao cinema tão tarde foi na infância. Véspera de Natal, meia-noite, sessão do Mogli, com meu pai. Depois só fui mais uma vez ao cinema com meu pai, assistir 2001, Uma Odisséia no Espaço. Eu, pequena, discutindo com ele detalhes do filme. Nunca esqueci, assim como nunca esqueci que deveria ter levado mais meu pai ao cinema (agora é tarde pra arrependimentos..).
Mas enquanto escutava e via a farra antes do filme, recordei (eu que não sou dessas coisas) as matinés da minha pré-adolescência.
Todo fim-de-semana, sagradamente, o Cine Rey, lá na galeria superior, que era onde eu gostava de sentar, e as guerras de pipocas, bolas de papel, os filmes de faroeste (que eu adorava) e os grandes épicos. Nenhum filme muito novo, mas sempre a mesma emoção. Talvez eu tenha assistido a um musical, mas francamente, acho que as matinés eram uma sucessão de filmes bíblicos e faroeste. Não importava. Bom mesmo era vestir a calça jeans e todos os domingos saber que ia ao cinema, eu e meu irmão mais novo.
Enquanto recordava, lembrei:
Cada saco de pipoca. Cada ingresso. Cada pacotinho de Bibs crocante. E também cada passagem de ônibus. Cada pequenina coisinha dessas saía do bolso de uma mulher que tinha três filhos e fazia milagres para dar a eles tudo o que os outros tinham.
Eu tinha uma única calça de passear (cor-de-rosa, deus me livre) e uma calça jeans que nem era jeans, mas "brim" (Topeka ou US.Top, não lembro). Tênis era o Bamba, porque fora isso só os importados. E quando roubaram minha calça cor-de-rosa do varal, ficaram só as jeans e minha mãe correu pra mandar fazer (mandar fazer!, ainda existe isso?) uns vestidinhos para mim.
Mesmo assim, entre altos e baixos, estudei metade do tempo em escola pública, metade em escola particular (dependia do recheio da bolsa da minha mãe).
Meu pai vivia de sonhos. Minha mãe vivia de contas a pagar, que a impeliam à frente. Como eu.
Hoje, acordamos cedo e fomos a outro colégio particular, depois que o Sevigné "recusou" minha filha, sem mais explicações, me trazendo uma depressão, a sensação de ser ridícula, feia e pobre. Encantamo-nos e minha filha não apenas foi aceita, como desde o primeiro momento a trataram como aluna (o contrário do Sevigné, onde tive a impressão de que precisava convencê-los de que merecíamos pisar lá).
Então o que têm o Homem-Aranha e o Colégio Champagnat a ver um com o outro?
Nada.
Exceto uma mãe que faz tudo, absolutamente tudo para que a filha tire boas fotos mentais de sua vida, tenha bons exemplos para quando for ela mesma mãe, possa reviver mentalmente, um dia, esses nossos momentos e o meu esforço para lhe dar as coisas materiais que meu bolso permite, os abraços que meus braços contêm e os sonhos que minha alma transpira.
Já não sou-estou ridícula.
E só o que faltava para eu melhorar eram sonhos -- seja na forma de um filme, ou de um colégio ideal.

1.5.07

Isso de se sentir ridícula é muito relativo, meu bem. É coisa da tua cabeça, principalmente (se te convenceres disso, mesmo que não seja exclusivamente efeito da idade e da gravidade, já terás um pouco de satisfação).
Essa sensação de seres-estares ridícula é tua, apenas. Basta teres em mente (se o ridículo permitir espaço) que outros não sabem que te vês assim. Para eles, estás bem. És boa. És acima da média em muita coisa, embora teus emaranhados conflitos te digam sempre, apontando um dedo sujo: "ridícula! ridícula!"
Isso de te sentires ridícula passa.
Talvez daqui a alguns anos.
Mas passa.

25.4.07

Incongruente

Com um suspiro, deito às 4 para despertar às 7 e torço a rótula do joelho ao levantar.
Meia hora depois, aonde foi o tempo, tanto a fazer e as expectativas todas de que hoje sim, vai ser um grande dia -- e mais lindo que esse céu cinza-chumbo e o vento geladinho é minha alma que fica cantando e rindo ao ler o jornal onde hoje não, nada de crimes. Fico sabendo que nos quartéis serviam coxas e asas de galinha e perguntavam: "Vai decolar ou quer o trem de pouso?"
Café, rua.
E eu nem sei o que vestir, nunca.
E eu nem sei como olhar nos olhos das pessoas formais, tão normais, e preciso conferir o que é que se usa quando se é entrevistado para ver se aceitam nossa filha numa escola melhor. Como é que me visto para ir a uma escola melhor se sou "só" mãe, tradutora, pretendente tola a escritora, se por dentro me visto tantas vezes de tanta coisa diferente e por fora, sei lá, nunca tenho idéia se estou bem. Surpreendo-me porque pareço estar mais bem vestida do que a média das mulheres que vejo lá (mas decido que hoje só vieram as mal vestidas, de modo que eu estar bem nem é vantagem) -- e ainda assim, não estou à vontade nunca, mesmo sabendo que ninguém me olha. Eu não chamo a atenção (e uma hora depois é isso que me entristece, quando pouco antes me alegrou porque, pelo menos, me ajusto à multidão, não sou um absurdo ambulante -- externamente, ao menos).
Eu não chamo mais a atenção.
Suspiro.
E mais um suspiro.
Eu acho que não, pelo menos.
Incongruente, passo duas horas deprimidíssima. Eu sou a palhaça que tem um sonho. Um não. Talvez uns três ou quatro, dois deles grandiosos, dois nem tanto assim. E no entanto, Sísifo sempre rola pra baixo com sua pedra, de modo que qualquer sonho é mais ou menos em vão.
(enquanto isso, vou vivendo entre o colapso e o êxtase)
E rio novamente quando alguém me chama a atenção contando que nesse exato momento tem alguém muito mais triste que eu. E com motivos.
Decido que sou feliz.
Mas o telefonema não vem.
Entretanto, aquela voz (Denise!) que tento recapturar da adolescência fala direto no meu ouvido, no telefonema após tantos anos e já de novo sou -- feliz.
Muito feliz.
Uma privilegiada, talentosa, cheia de encantos.
Talvez daqui a pouco eu-boneca-de-pano me deite trapo. E acorde princesa.
Já nem sei.
Chego a pensar que sou bipolar.
(será que existe algo como alguém tri ou quadripolar? Rá, tá vendo como sou incongruente, pra não dizer burra?)
Vou acabar me acostumando. Se é verdade que piscianos são influenciados pelo cosmos, com essa loucura que anda no mundo também estamos ficando loucas.
Tá explicado, enfim.

Com endereço certo



"In Your Eyes" - Peter Gabriel

love I get so lost, sometimes
days pass and this emptiness fills my heart
when I want to run away
I drive off in my car
but whichever way I go
I come back to the place you are

all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light
the heat I see in your eyes

love, I don't like to see so much pain
so much wasted and this moment keeps slipping away
I get so tired of working so hard for our survival
I look to the time with you to keep me awake and alive

and all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside

in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light,
the heat I see in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes

16.4.07

Era tudo tão branco e gelo, B. (será que ousarei um dia escrever teu nome inteiro? Nada me impede -- mas nada me impele).

Se eu ousasse mergulhar no meu inconsciente recolhendo pedacinhos de símbolos perdidos na minha forçada racionalidade, poderia dizer-te que me descobri frígida -- ora, tanto gelo, tanto frio e tanta neve... Porém, como poderia o inconsciente ser traído por minha declaração no teu ouvido?

No sonho, eu trabalhava em uma emissora de TV. Tudo muito branco ou cor de gelo sujo. E lá fora, tanta chuva.

No sonho, retirei-me para uma sala de fumantes, igualmente branca, com mesas gelo-sujo, onde estavam três mulheres descoradas e desbotadas, que mal me notaram.

Parei-me a olhar pela janela enorme de vidro, vendo que agora nevava, forte, grossos flocos caindo pesados no chão branco sujo.

E vieste então.

De repente, estavas ali, tu, a única coisa colorida, quente e macia, e me prendias no conforto acolhedor do teu abraço longo de corpos unidos inteiros. Um abraço desses de ficar a vida toda.

E me apertavas e me dizias em tom urgente no ouvido:

-- Me dá um motivo.

E eu te dizia, em tom insistente:

-- Eu sempre fervi. Eu sempre fervi!

Ah, B., pudesse esse ser um motivo válido para esqueceres que procuras uma praia onde o sol sempre brilhe... Pudesse eu substituir esse calor que buscas pela febre que sempre houve em mim... Pudesses tu ser esse calor e minha única cor, num mundo sujo (pelo menos, branco...)...

Quase nem ousei confessar-te meu sonho, porque a modéstia sempre me impediu de te dizer que ainda tenho febre. A humildade dos meus sentimentos não colaborou para que eu te exigisse, te puxasse e te pusesse concreto nos meus braços, não etéreo e onírico.

Enquanto o gelo e o branco sujo varrem minhas noites, tu procuras a praia, numa busca incansável do paraíso onde talvez tudo ferva.

Mas não eu.

Ali.

Era só isso o que meu tantinho de coragem queria te falar. Que ontem à noite me abraçaste. E que entre os abraços últimos, nenhum teu foi o primeiro. E mesmo assim, me confortas, porque te sinto, te cheiro, te pressinto sempre em mim, com a saudade que temos de quem não vemos há vidas inteiras. E que talvez só reencontremos em outras.

9.3.07



Se eu pudesse transmitir a ela todo o amor condensado no meu olhar, quando vejo sua inocência num dia de verão...

6.3.07

E eu nunca fui madrinha de nada

Ninguém nunca me convidou para ser madrinha de nada.
Nem de um lançamento de algo.
Nem de batismo.
Nem de casamento.
Nem de formatura.

Então, agora, enquanto eu própria puder dispensar padrinhos e madrinhas novamente na minha vida, vou pegando por aí todos os afilhados e afilhadas que puder (coleguinhas pobres da escola da filha também contam).

E não é pra "aparecer". Não estou contando outras coisas que faço, só contei o lance do Éverson porque a alegria superou o silêncio que julgo fundamental em quem pratica algo bom.

É porque a gente se sente muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiitooooooooooooo bem, ajudando alguém que merece.

28.2.07

E por falar em dia perfeito...








Começou com um plano simples: passar dois dias e um pedacinho de outro em um lugar tranqüilo para atender minha sede de natureza e a promessa feita à filha de que a levaria para cavalgar à vontade.

Descobri um lugar e pessoas que imediatamente conquistaram meu coração.

Vacaria fica a 910 metros de altura, uma das cidades mais altas do Rio Grande do Sul. E meu plano simples era, além de deixar minha filha andar a cavalo, viajar para longe (4 horas de Porto Alegre), para um lugar que eu não conhecia.

Na passagem, em Caxias do Sul, pensei "naquele gringo" e lamentei não ter levado Johnny Lang no MP3. Se mãe e filha não estivessem comigo, acho que teria dado uma de louca e ligado do celular dizendo "Oi, tô passando pela tua cidade, queres me ver?". On second thought... Melhor não. Já pensou se a resposta fosse um sonoro e cantado (no seu sotaque gracioso) "nããããoooo..."?

Anyway.

Meu plano simples levou-me a uma cidade aparentemente sem graça e decepcionante, ao chegar lá quando escurecia.

Logo ao descer do ônibus, veio ao nosso encontro o Heitor, com quem eu havia conversado ao reservar o apartamento na pousada. Moço bonito, educado e cheio de histórias, que nos levou até nosso destino final enquanto caía a noite e nos contava um pouquinho da história de Vacaria. E eu ouvindo. E ouvindo. E ouvindo (quisera escutar a noite inteira). E, por ele, eu soube que Vacaria não é tão feia assim, não (pena que não pude conferir realmente, já que a pousada é um pouco afastada da cidade).

Para resumir uma longa história (pois tudo que se sente verdadeiramente, de coração, tende a penetrar muitos níveis na nossa consciência, trazendo associações e fazendo com que tudo seja ampliado e adquira mais sons, mais cores e mais detalhes do que aparentemente teriam, aos olhos desinteressados de um observador casual -- eu não observo nada casualmente):

Eu nunca, nunquinha, havia estado em um lugar como aquele. Comer bem, à vontade, todas as refeições e mais cafezinho livre, leite das vacas de lá mesmo, chá, e ainda mais pipoca quentinha no meio da tarde, como se fôssemos visitas, não hóspedes. Ver minha mãe saindo para "passear" com a dona da pousada que ia à cidade fazer compras. Ouvir essa senhora muito bonita que, com seus 78 anos, tem histórias que não acabam mais, uma mais interessante que a outra.. Conviver com outros hóspedes como se estivéssemos em uma sala de estar, num sábado chuvoso... Andar a cavalo na companhia de uma instrutora também cheia de histórias e delicadeza, que nos chamava a atenção para uma lebre que passava veloz na nossa frente, para o casalzinho de corujas quietinho no chão...

Eu nunca havia estado em um hotel ou pousada onde houvesse um armário cheio de livros - de romances a Dicionário Aurélio - tentando-nos a ficar mais dias, para poder escolher um durante um inverno tenebroso como devem ser os invernos por lá.

Vídeos aos montes, também (não vi DVD...).

Acesso em Banda Larga à vontade (pena que o Norton anti-vírus deles deixe o computador se arrastando...).

Funcionários que dá vontade de trazer junto para a nossa casa.

Boa-vontade e simpatia que não acabam mais.

Sempre amei a natureza. Sempre amei pessoas de todas as cores, idades e tendências.

Encontrei na Pousada Capão do Índio a união do que me faz sentir viva.

QUERO VOLTAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRR! (É só arranjar tempo e dinheiro...)

http://www.capaodoindio.com.br

Ele



(ELE falava à minha alma e eu o escutava. Quando começou a falar apenas para os meus ouvidos, desliguei corpo, cérebro e coração. Mas me faz sentir querida, com a música que chama "Perfect Dayse". Em um mundo perfeito, H., eu te amaria e seria feliz - e melhor ainda, tu me amarias também.)

Lou Reed - Perfect Day
Perfect Day

Just a perfect day,

Drink Sangria in the park,

And then later, when it gets dark,

We go home.

Just a perfect day,

Feed animals in the zoo

Then later, a movie, too,

And then home.



Oh it's such a perfect day,

I'm glad I spent it with you.

Oh such a perfect day,

You just keep me hanging on,

You just keep me hanging on.



Just a perfect day,

Problems all left alone,

Weekenders on our own.

It's such fun.

Just a perfect day,

You made me forget myself.

I thought I was someone else,

Someone good.



Oh it's such a perfect day,

I'm glad I spent it with you.

Oh such a perfect day,

You just keep me hanging on,

You just keep me hanging on.



You're going to reap just what you sow,

You're going to reap just what you sow,

You're going to reap just what you sow,

You're going to reap just what you sow...

12.2.07

Innocence



Innocence, produção francesa de 2004, é um filme perturbador. A história começa quando um caixão chega a uma espécie de internato/prisão/escola para moças e dele sai uma menina vivinha da Silva, que então é cuidada por um grupo de meninas, variando dos 6 aos 12 ou 13 anos. Vivem em um lugar sem contato com o mundo exterior, são "codificadas" por cores nas fitas dos cabelos e usam apenas roupas brancas, o típico uniforme que faz pedófilo babar. Aliás, o filme inteiro é sutilmente convidativo para instintos mais básicos e baixos, embora não haja absolutamente nada explícito.
As menininhas têm aulas intensivas de balé e de biologia e se preparam todas para algo que as menores não sabem o que é e que para o espectador também não fica claro. Todas as noites, ao atingir certa idade, uma delas vai a um lugar misterioso aonde as menores são proibidas de ir, mas o espectador não a acompanha e, portanto, não sabe qual é ou o que acontece nele.
Elas não sorriem, não recebem visitas, não sabem o que é afeto de um adulto e até menstruarem não vêem sequer um homem. Como chegam muito jovens, em pouco tempo já não perguntam sobre família e seu universo torna-se o dia-a-dia nos prédios em meio ao bosque.
Ao final de sua "formação", as meninas são levadas e largadas no meio de uma grande cidade, em local público. E mais uma nova "aluna" chega em um caixão ao internato.
Eu tirei minhas conclusões, mas o filme é aberto a várias interpretações para as pistas assombrosas e desconfortáveis que vão sendo lançadas. O problema é que quando chegamos à conclusão mais ou menos óbvia, julgamos terrível demais para ser verdade
Belíssima fotografia
Aos que não gostam de filmes lentos, um conselho: assistam mascando chiclete para não caírem no sono, porque vale a pena.

7.2.07


Tu lamentas por quem não precisa dos teus lamentos.
O sábio não lamenta pelos vivos, nem pelos mortos.
Nunca houve um tempo em que eu não existisse,
Nem tu, nem esses príncipes dos homens.
Nenhum de nós jamais morrerá:
O irreal não há, e o real jamais deixa de ser.
Bhagavad-Gita

30.1.07

Across the Universe (uma das minhas músicas preferidas)



Words are flowing out like endless rain into a paper
cup,
They slither while they pass, they slip away across
the universe.
Pools of sorrow, waves of joy are drifting through my
opened mind,
Possessing and caressing me.
Jai Guru Deva Om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Images of broken light which dance before me like a
million eyes,
They call me on and on across the universe.
Thoughts meander like a restless wind inside a letter
box,
They tumble blindly as they make their way across the
universe.
Jai Guru Deva Om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Sounds of laughter, shades of earth are ringing
Through my open ears inciting and inviting me.
Limitless, undying love, which shines around me like a
million suns,
And calls me on and on across the universe.
Jai Guru Deva Om
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Nothing's gonna change my world,
Nothing's gonna change my world.
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva
Jai Guru Deva...

27.1.07

Faltou o link pro Vamumansu

http://vamumansu.blogspot.com

Se inveja matasse...

Eram dois caras.
Um deles saiu de Miami, o outro foi do Rio de Janeiro para encontrar-se com o amigo lá na Flórida, tendo enviado sua moto possante por avião, antes, até onde o amigo estava.
Saíram com destino certo, aparentemente depois de dois anos planejando a aventura.
Homero e Gildo desceram pela América Central, visitaram templos maias, evitaram grandes centros urbanos, andaram pelos Andes, fotografaram tudo, colocaram num blog desde antes da partida e narraram sua viagem.
Um dia, muitos anos atrás, meu irmão (Edinho, que era fanático por moto e morreu em uma, em 1992) planejou comigo uma viagem um pouco mais modesta, mas não menos espetacular. Viajaríamos até Machu Pichu de moto.
O sonho dele era percorrer toda a América Latina de moto. Ele quase fez isso, mas de caminhão.
Eu nunca saí do Brasil.
Meus sonhos aventureiros acabaram ficando restritos à cadeira na frente do micro. Viajo, mas como o Traveller de "O Jogo da Amarelinha", do Cortázar, sem sair do lugar.
Homero e Gildo saíram de Miami e chegaram ao Rio de Janeiro, contornando a América do Sul.
Eu não sou uma pessoa invejosa. Não mesmo.
Mas juro que quase choro de frustração (e de prazer), lendo seu blog.

Uma parte muito engraçada, quando Homero (que é quem escreve o blog) fala sobre o hábito dos nobres maias de viverem lá no alto de suas construções, enquanto a ralé ficava nas casinhas baixas (e que se desculpem seus erros de português, porque isso não tem a mínima importância:

Em Honduras existem as ruinas Mayas de Copan, mas Gildo e eu estamos satisfeitos em ver ruinas Mayas. Este sobe e desce nos templos arruina com a gente. Mas é incrivel que os Mayas dominaram o que hoje encampa do sul do Mexico, Belize, Guatemal Honduras e El Salvador. E no entanto, desapareceram. Existem muitas semelhanças entre as civilizaçoes de 3000 mil anos atraz e a nossa. Os mais afluentes moravam em "condominios fechados" e os menos afortunados do lado de fora. Os mais ricos moravam nos templos mais altos e quanto mais importante , mais alto sua casa ficava.E no entendo não souberam compreender que a super população e a destruição sistematica da floresta fez com que houvesse escasses de chuvas, de comida etc. Por isto eles desapareceram como civilização organizada, se dispersando no que hoje são estes paizes citados acima. Este ciclo dos mais nobres viverem na parte mais alta foi quebrado por uma tribo do rei africano Favelikus I, que ao desembarcar nas costas do Rio de Janeiro, iniciou sua dinastia na mata Atlantica, fundando o templo Viy-dih'gal devido a sua vista previlegiada. Seu filho, Dah-ky'num-sayo I continuou sua obra e hoje temos os descendentes de seu neto Dah-ky'ninh-quehm-myhtihra II usufruindo da bela vista Atlantica.

25.1.07

Ah, a foto aí embaixo tá distorcida e sem foco?

É pra ser assim mesmo, pô.

Ninguém nunca verá uma foto tirada com flash e totalmente focada, na minha cara

Se dependesse de mim, a vida seria um filme noir. Preto e branco e tudo muito esfumaçado.

Diário de uma mulher comum XI


Quando sabemos que uma outra mulher comentou com alguém que "A fulana está bem, né?", é porque estamos bem.
Estamos.
De óculos novos. De cabelos cortados.
Falta muuuuuito ainda pra Dayse ficar melhor, mas só na aparência. Por dentro já tá na medida.
O muito que falta exige grana. Muita grana. Eu faria umas mudanças, nada que mudasse o eu que mamãe botou no mundo, mas que revertesse efeitos dessa gravidade detestável. Além disso, sei lá. Talvez eu tente ter cabelos lisos por um tempo (fico com uma cara tão jeca que vou te contar, de cabelos lisos...).
Anyway.
Inventei de postar sobre a imagem do ET numa lista de tradutores onde, supostamente, tenho imagem de mulher séria. Acho que surpreendi alguns. Outros já sabem que adoro abobrinhas e só sou séria quando o assunto é sério. Acho que sei quando rir e quando fechar a cara. À noite já estava arrependida da história do ET, porque o assunto rendeu e eu detesto quando sou o centro da atenção (nem que seja por uma coisa idiota como o assunto do ET, ou mais ainda por causa disso).
Que mais?
Minha filha volta amanhã dos 13 dias que passou na praia com seu pai, e pra mim a felicidade volta com ela. Já estou aprendendo a não cair em depressão quando estou longe da Letícia, mas mesmo assim quando sei que ela está voltando, mesmo com todas as suas danças, barulho, DVD de High School Musical 24 horas por dia, cantoria, pulos, voz alta e fala agitada, comilança e porquice, meu humor dá um "up" e me vejo quase eufórica de novo. Nada como ter alguém que vive constantemente com a bateria carregada, por perto, pra nos contagiar também. Enfim, ela é apenas uma menina normal de 11 anos... só que mais linda, mais inteligente, mais espirituosa, mais crítica, mais tudo que qualquer outra menina linda e inteligente e espirituosa de 11 anos. Não. Eu não sou mãe-coruja ;-)
De resto, ando pensando no P., que ao me reencontrar não me disse, mas estava com namorada e agora que não está mais com ela, volta a me procurar. Só que eu não sei nunca qual é a minha. Adio pra sempre um novo encontro. Não por ter algo contra ele. Mas também não tenho tanto assim a favor dele. Então, no balanço, não sei por que não o vejo. Mas se visse, também não saberia por que. E passam-se os dias e prefiro continuar como estou (significando: na espera. Na eterna espera que o coração dispare).
Enfim, a vida anda divertida. E com isso o trabalho sofre. Tenho uma capacidade medonha de matar qualquer tempo livre que tenha me divertindo comigo mesma (ouvindo mp3, dançando, desenvolvendo altas fantasias e conversando sozinha, pensando em projetos, cozinhando, limpando casa, afofando meus felinos). De vez em quando preciso das pessoas. E aí de vez em quando também penso na ilusão que tive, ao voltar a morar em Porto Alegre, de que "aquele amigo que era pai-irmão-tudo" sempre estaria por perto. Ele não preenchia buraco nenhum na minha vida. Ao contrário. Acrescentava coisas a ela.
Fazer o quê, se nunca, nunquinha, as mulheres dos meus amigos conseguem gostar de mim?
Não digo que não tenha outros amigos que amo. Mas nenhum é igual ao outro e fica sempre um ponto escuro e vazio, onde estava aquele que partiu, esperando que o dono do espaço volte.
À espera da chuva escassa aqui no Rio Grande do Sul, resolvo que sim, vou passar uma vassoura na casa e não vou ver o Brad Pitt (ai, ai). Era minha última chance, porque depois com a Lelê em casa não vai dar, já que não tenho com quem deixá-la e ela não entra nesse filme. Tomara que ainda esteja passado daqui uns 15 dias. Se não, só DVD ou Sky, pra ver Babel (o que me consola é que também não vou ver Perfume, mas como esse recém está chegando, provavelmente eu ainda consiga assisti-lo, e já que li o livro ages ago e amei, e já que sei que filme não supera livro, a dor é menor.
Amor pela vida é uma coisa engraçada, que vai e volta, né não?

15.1.07

Estou apaixonada. Só não sei por quem.
Felizmente, essa sensação logo terminará, assim que passarem esses dias miraculosamente fresquinhos que têm refrescado o Sul e esquentado minha libido criativa, na última semana.
Ah, sim.
Antes que me perguntem: sim, quero me apaixonar.
Mas não por qualquer um.
Sim, sei que sou exigente (nem sei se posso ser, com meus atributos e a falta de.).
Ah, quero que algo avassalador tire-me a racionalidade e rapte minha mente, que insira fantsias e sorrisos e desejo incessante e suspiros e taquicardia.
Só não sei onde está esse homem.
Mas chegará.
Espero por ele.
Enquanto isso, treino a paixão sem dono, nos dias e noites de vinte graus de temperatura em pleno verão.

5.1.07

Os Dervixes Rodopiantes

Ser tradutora, como já disse aqui muitas vezes, me leva a mundos novos, muitas vezes por ano.
Atualmente, ando mergulhada no mundo da morte (!). "Morte", no livro que traduzo e para mim desde sempre, nunca significou o fim de nada, apenas uma passagem, uma transição.

Traduzo um dos mestres da psicologia transpessoal, pela segunda vez. Um livro que fala sobre a preparação, treinamento e aceitação da morte, além de contar como povos antigos e diferentes culturas e religiões abordam os ritos de passagem que envolvem a "morte experiencial", isso é, morrer antes de morrer, para não temer a morte (uma coisa que já faço há muitos anos).

Deparo-me, no finzinho do Capítulo 4 do Stanislav Grof, com uma menção aos dervixes rodopiantes. Eu já ouvira falar do sufismo e sempre admirei sua filosofia e ensinamentos, , mas desconhecia os dervixes rodopiantes, que por movimentos que se assemelham a órbitas dos planetas, rodopiam incessantemente, por horas e dias, em transe, para alcançarem a consciência pura e plena.

Se pudesse assistir a uma cerimônia dessas, seria uma das coisas mais belas que já teria visto nesta vida.

Mais em: http://64.233.161.104/search?q=cache:fgq_zfqS3xgJ:www.asgard.hpg.ig.com.br/religiao/islam/dervixe.htm+dervixe&hl=pt-BR&gl=br&ct=clnk&cd=2&lr=lang_pt