Agora eu estou aqui, quando não sou burocrata, quando me dispo de livros, papéis, roles e palavras. Agora sou eu, e só sou eu quando me libero das horas contadas, dos olhos dos outros, das minúcias do dia. Agora, sem palavras, estou aqui e apago a luz. Agora já não estou. Nada sou para mim e para ti sou agora a estrada que percorrerás querendo chegar veloz, para repetir o percurso depois que a ânsia por descobrir aonde te levo acalmar. Sou boca e voz. Sou lenta agonia à espera do meu mestre, ouvidos atentos aos passos dos pés nus.
Que subirão na cama, de pé sobre mim, investigando por onde começar. E meu mestre me entregará tudo que há de salgado e líquido em seu corpo, na longa jornada que o levará até o amanhecer por paisagens feitas de sensações.