





Começou com um plano simples: passar dois dias e um pedacinho de outro em um lugar tranqüilo para atender minha sede de natureza e a promessa feita à filha de que a levaria para cavalgar à vontade.
Descobri um lugar e pessoas que imediatamente conquistaram meu coração.
Vacaria fica a 910 metros de altura, uma das cidades mais altas do Rio Grande do Sul. E meu plano simples era, além de deixar minha filha andar a cavalo, viajar para longe (4 horas de Porto Alegre), para um lugar que eu não conhecia.
Na passagem, em Caxias do Sul, pensei "naquele gringo" e lamentei não ter levado Johnny Lang no MP3. Se mãe e filha não estivessem comigo, acho que teria dado uma de louca e ligado do celular dizendo "Oi, tô passando pela tua cidade, queres me ver?". On second thought... Melhor não. Já pensou se a resposta fosse um sonoro e cantado (no seu sotaque gracioso) "nããããoooo..."?
Anyway.
Meu plano simples levou-me a uma cidade aparentemente sem graça e decepcionante, ao chegar lá quando escurecia.
Logo ao descer do ônibus, veio ao nosso encontro o Heitor, com quem eu havia conversado ao reservar o apartamento na pousada. Moço bonito, educado e cheio de histórias, que nos levou até nosso destino final enquanto caía a noite e nos contava um pouquinho da história de Vacaria. E eu ouvindo. E ouvindo. E ouvindo (quisera escutar a noite inteira). E, por ele, eu soube que Vacaria não é tão feia assim, não (pena que não pude conferir realmente, já que a pousada é um pouco afastada da cidade).
Para resumir uma longa história (pois tudo que se sente verdadeiramente, de coração, tende a penetrar muitos níveis na nossa consciência, trazendo associações e fazendo com que tudo seja ampliado e adquira mais sons, mais cores e mais detalhes do que aparentemente teriam, aos olhos desinteressados de um observador casual -- eu não observo nada casualmente):
Eu nunca, nunquinha, havia estado em um lugar como aquele. Comer bem, à vontade, todas as refeições e mais cafezinho livre, leite das vacas de lá mesmo, chá, e ainda mais pipoca quentinha no meio da tarde, como se fôssemos visitas, não hóspedes. Ver minha mãe saindo para "passear" com a dona da pousada que ia à cidade fazer compras. Ouvir essa senhora muito bonita que, com seus 78 anos, tem histórias que não acabam mais, uma mais interessante que a outra.. Conviver com outros hóspedes como se estivéssemos em uma sala de estar, num sábado chuvoso... Andar a cavalo na companhia de uma instrutora também cheia de histórias e delicadeza, que nos chamava a atenção para uma lebre que passava veloz na nossa frente, para o casalzinho de corujas quietinho no chão...
Eu nunca havia estado em um hotel ou pousada onde houvesse um armário cheio de livros - de romances a Dicionário Aurélio - tentando-nos a ficar mais dias, para poder escolher um durante um inverno tenebroso como devem ser os invernos por lá.
Vídeos aos montes, também (não vi DVD...).
Acesso em Banda Larga à vontade (pena que o Norton anti-vírus deles deixe o computador se arrastando...).
Funcionários que dá vontade de trazer junto para a nossa casa.
Boa-vontade e simpatia que não acabam mais.
Sempre amei a natureza. Sempre amei pessoas de todas as cores, idades e tendências.
Encontrei na Pousada Capão do Índio a união do que me faz sentir viva.
QUERO VOLTAAAAAAAARRRRRRRRRRRRRRRRR! (É só arranjar tempo e dinheiro...)
http://www.capaodoindio.com.br