Eu assimilo
Tu assimilas
Nós assimilamos.
Eles sofrem
Nós sofremos.
Recados:
Steven: Did I answer your last email? I'm not sure (it seems I'm not sure about anything, lately).
Marcinho: Não mandei, como havia prometido. Não vou poder te dar o que disse que daria de Natal. Não deu tempo, não deu nada -- não acreditarias se eu te dissesse que me dói tudinho, porque só sei ficar sentada trabalhando 15 horas por dia, no último mês... I'm so sorry, de verdade.
K.: Aquele gnomo já encheu! :-) Saudade de ti.
Ari: Lamento. Mais um ano sem te ver e os tantos almoços que combinamos não aconteceram.
E para vocês e mais esses aqui, o que mais desejo é que tenham um Natal cheio de boas recordações.
Fernando, Bira, Humberto. Cláudia Wolf, Cláudia Reali, Cláudia Santi. Hariel Noone. Renate, Laura. Paulo W., Paulo P. (Paulo I e Paulo II). Agenor.
Todos vocês, de passagem ou de um modo mais constante, foram muito importantes para mim, neste último ano. Sem vocês, eu não teria tido o ano bom que tive. Obrigada por confiarem em mim. Por acreditarem. Por ampararem. Por me estenderem a mão. Por me abrigarem no coração. Por um elogio. Por tudo. MUITO OBRIGADA!
Lady writer is dead. E se isto parece senha, é. Lady writer died last week, baby, afogada em letras que não eram suas (nem tuas) e sob o peso de personagens que não lhe pediram para existir. Não sei em que momento ela tirou os saltos altos, despiu o sutiã e se enforcou com ele. Mas certamente ao levar consigo suas fantasias, liberou-se para algo mais proveitoso que viver duas vidas – a sua, sem glamour, e a “deles”.
Lady writer, funny, exquisite, sexy and mellifluous is gone. Deixou-me aqui, invejando sua sensação de estar sempre apaixonada, sempre com aquela sensação de elevador na boca do estômago, preparada para encontrar o maior amor de sua vida ao virar a esquina.
Lady writer, com suas incoerências, extravagâncias e bom-humor cativante deixou-me, e não verei tão cedo seus olhos piscantes e sedutores, brilhantes e espertos. Sob a cama, darling, meus sonhos não me espiam mais. E da voz da dama escritora não sei. Não a ouço mais. O delírio passou. The thrill is gone. Nothing of this and nothing of that again, please, pelo bem de todos os pretensos leitores.
Lady writer, sacana, podre de malícia, despencando de luxúria, foi-se. Se fué. Bit the dust. Hit the road. Escafedeu-se.
Só percebi sua morte porque deixou atrás de si um rastro de Dolce & Gabbana, quando dez homens jovens e lindos passaram carregando-a envolvida num véu de fino desgosto bordado com ironia e entremeado de certa amargura sutil.
Blame the italians, my dear hunk. And the beautiful actors who have always inspired her but then just left in a hurry – they do get old too, you know. Blame Mark Knopfler. And the spirits who have flown away. And whoever you want to put the blame on. Eu culpo o inverno, além do perfume e do lencinho embebido dele. Mas espero que não culpes a mim. Daquela outra parte fêmea que andou zanzando pelos confins deste mundo, flutuando como se, sentindo-se como, desmanchando-se em tours mágicos pelos limites impensáveis da paixão, nada mais sei. Acabou-se.
Choro por ela.
Da chuva lá fora
Do meu desejo
Do nosso passado
Do amanhã temido
Da responsabilidade sobre nossos sentimentos
Da possibilidade de não podermos mais fugir
Da impraticabilidade de acertos e correções
Da imprevisibilidade de nossos rumos e ações
Dos teus olhos graves,
Da voz carregada
Da respiração
Do teu corpo
Sobre o meu
You can call me FEMME
Perfume de paraíso (em novembro, eu vivo)
Visto alma nova e brotas dentro de mim
Como amor recente (te redescubro, sempre)
Vejo-me borboleta breve enquanto os jasmins florescem
Azulo minha vida como um céu
(sinto-me anjo, sinto-me inteira, quase meio-feliz)
Em dezembro escureço (com as tempestades de verão)
Murcho como as flores
Em fevereiro não existo
Em março eu renasço quando tudo perde as folhas
E eu-galho, eu-frangalho, preservo meu ser quebradiço
No calor das estufas, ar condicionado, teu abraço
E anseio por teu calor sob os blusões
E pela poesia da bruma das manhãs
Em que te vejo nu aconchegado a mim.
Maria limpa, limpa, limpa
(Exercício melhor que academia)
Maria dança e esfrega, dá brilho e canta
(Maria acha lindo seu chalé planejado por ela, arquiteta amadora, jardineira amadora, dançarina amadora, cantora amadora, gueixa amadora, tradutora)
Maria limpa, limpa e limpa
Maria espera não sabe quem
Alguém
(e põe flores no vaso porque lhe faz bem, para si e mais ninguém)
Maria senta-se, exausta de dançar, de limpar, de cantar e de sonhar
Intoxicada com o cheiro de cera, lustra-móveis, alvejante, Pinho-Sol
E depois da faxina deita-se exausta, sozinha,
Rezando para que não apareça ninguém
Para vê-la cansada e acabada e desanimada assim
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1. Não discriminarás, nem julgarás ninguém nem coisa alguma antes de teres todas as bases para isso e, ainda assim, te reservarás o direito de aceitar as decisões e modo de vida de outros sem críticas.
2. Não acreditarás nem em céu, nem em inferno, apenas em teu próprio livre arbítrio.
3. Não causarás mal voluntariamente a nenhum ser vivo, exceto para defender tua sobrevivência.
4. Serás generosa em teus atos e com tuas posses, mas apenas até onde não sejas considerada simplória por esgotares teus recursos com quem te explora.
5. Não ofenderás teus semelhantes (nem aqueles tão diferentes de ti); antes, sempre procurarás palavras de conciliação e diálogo.
6. Não contarás com outros para resolver tua vida; saberás que tu mesma és responsável por tua felicidade.
7. Não culparás outros por teus infortúnios, nem deixarás que outros se apossem de tuas conquistas.
8. Saberás do valor da família e desejarás construir uma apenas quando souberes que podes transmitir o melhor para teus descendentes.
9. Viverás intensamente o presente, mas cuidando sempre para que ele não prejudique teu futuro.
10. Não acreditarás em superstições, nem em fórmulas milagrosas para a felicidade, apenas no auto-aperfeiçoamento, educação e humanidade no trato com teus companheiros de jornada.
Te pergunto se és um sonho. Peço-te que me belisques. Me beliscas, eu rio, te digo que estou sonhando que estás me beliscando.
Te digo que tua presença na minha vida é como um sonho.
Cantamos juntas
Row, row, row your boat
Gently down the stream
Merrily, merrily, merrily, merrily
Life is but a dream
A vida é apenas um sonho, te digo, e seguimos a corrente do rio, remando em nosso barquinho.
Eu te conto, então, o maior dos segredos: que sonhei contigo antes de nasceres.
Que te esperava. Que te vi um dia no sonho, igual a quem depois te revelaste ao nascer.
Te conto outro segredo, então: esta vida é um sonho e, quando achamos que morremos, aí é que despertamos.
Estou contente, neste sonho de agora.
Porque tenho a ti. Porque algo eu fiz com perfeição. Com a delicadeza do mais puro amor a ti dedicado desde sempre, sempre, sempre, te criei, minha menina, minha flor, minha alegria.
Gosto dos teus lenços, teus brincos, teu colar. Da tua aparência cigana como teu coração e teus passos.
Lembras gente que amei. Amigo que perdi. Pessoa querida que deixou que os passos vagassem demais para longe de mim.
Mas gosto do teu rosto por ser original de ti, alguém que perambula pelo mundo e leva minhas fantasias de também ser viajante na mochila.
Gosto dos teus olhos que já viram (quase) tudo e de como parecem nos contar do que passou por eles.
Lembras, com teus escritos, que nunca é tarde para sonhar, viver aspirações e, sobretudo, sentir intensamente a poeira, o sol e o arco-íris ocasional da vida, assim como as frestas sombrias, as chuvas geladas, as paisagens desoladas e as pedras do caminho.
Que sejas sempre apenas Antonio sem acento – Antonio atônito, Antonio nada anônimo, Antonio sem homônimo.
Letícia vai caminhando ao meu lado. Escurece e na rua com pouca iluminação sua jaqueta branca e laranja brilha e a torna bem visível, mas alguns metros à nossa frente uma figura chama sua atenção e ela me diz com surpresa, baixinho:
– Mãe, olha um homem de salto alto!
Digo-lhe que não, que é uma mulher, uma mulata toda de preto (é garçonete, eu a conheço). Ela exclama:
– Mas, mãe, tem a cabeça raspada!
– E daí? – pergunto, sorrindo.
– É feio!
Eu lhe digo que depende do ponto-de-vista. Que todos têm direito a seu próprio senso de bonito ou feio, mas que exercer uma opção estética alternativa também é um direito inquestionável.
Assim como as tatuagens. Os brincos em homens. Até batons sutis. Saias, por que não? Bermudas de skater em meninas, sim senhor. Rabos-de-cavalo longos nos meninos. Tênis com línguas enormes. Piercings dos mais variados. Mulheres de terno e gravata. Sandálias havaianas com calças de grife.
Whatever.
Está decretado que não existem regras para a estética, e eu gosto disso. Suspendam-se os julgamentos.
E que se inventem máquinas de sondar o íntimo, o que se veste na alma.
Ruim mesmo é descobrir almas sujas, esfarrapadas, corações podres, intenções malévolas em alguém que obedece a todas as formalidades e convenções externas.
Por mim, qualquer coisa que se use sobre o corpo – ou não se use – não passa de mero enfeite. Cabelos? Enfeite. Tatoos? Enfeites. Roupas, adornos, grifes, trajinhos, invenções da moda? Coisas supérfluas.
Toda alma deveria ser nua e exposta – assim como os corpos. A vida seria mais fácil.