Letícia vai caminhando ao meu lado. Escurece e na rua com pouca iluminação sua jaqueta branca e laranja brilha e a torna bem visível, mas alguns metros à nossa frente uma figura chama sua atenção e ela me diz com surpresa, baixinho:
– Mãe, olha um homem de salto alto!
Digo-lhe que não, que é uma mulher, uma mulata toda de preto (é garçonete, eu a conheço). Ela exclama:
– Mas, mãe, tem a cabeça raspada!
– E daí? – pergunto, sorrindo.
– É feio!
Eu lhe digo que depende do ponto-de-vista. Que todos têm direito a seu próprio senso de bonito ou feio, mas que exercer uma opção estética alternativa também é um direito inquestionável.
Assim como as tatuagens. Os brincos em homens. Até batons sutis. Saias, por que não? Bermudas de skater em meninas, sim senhor. Rabos-de-cavalo longos nos meninos. Tênis com línguas enormes. Piercings dos mais variados. Mulheres de terno e gravata. Sandálias havaianas com calças de grife.
Whatever.
Está decretado que não existem regras para a estética, e eu gosto disso. Suspendam-se os julgamentos.
E que se inventem máquinas de sondar o íntimo, o que se veste na alma.
Ruim mesmo é descobrir almas sujas, esfarrapadas, corações podres, intenções malévolas em alguém que obedece a todas as formalidades e convenções externas.
Por mim, qualquer coisa que se use sobre o corpo – ou não se use – não passa de mero enfeite. Cabelos? Enfeite. Tatoos? Enfeites. Roupas, adornos, grifes, trajinhos, invenções da moda? Coisas supérfluas.
Toda alma deveria ser nua e exposta – assim como os corpos. A vida seria mais fácil.
2 comentários:
É..seria mais fácil!
Gostei do teu blog
Um abraço
Neysi
Concordo plenamente. Primeira vez aqui. Decerto, voltarei.
Márcia
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