28.3.11

Parece um diamante... um cristal...
... mas é apenas uma gota de chuva no meio da plantinha.
A chuva proporciona belas fotos, e estou apaixonada pelo mundo da macrofotografia, com a câmera Sony de 14 mega HD que me dei de aniversário.
... E se olhássemos tudo com olhos macro, como se fossem fotografias?
Na maior parte dos momentos, passamos pelas coisas sem lhes dar importância, mas tudo é belo, desde a borboleta, passando pela aranha de jardim, até o líquen modesto na laje do quintal. A fotografia é apenas um modo de ampliar a visão das coisas, fazê-las perdurar, como a gota de água que uma hora depois já escorreu do meio da plantinha.

23.3.11

"casas" geminadas? 
(no meu jardim - clique para ampliar)
,
Florzinha simples...
... Mas desde quando existe flor simples?
Cada uma é um deslumbre natural.
(foto tirada no meu jardim - clique para ampliar)

8.3.11

Eu deveria estar trabalhando, mas uma notícia leva-me ao http://www.foxnews.com, dali eu parto para a visualização de casa históricas do Queens (N.Y.) (ah, como eu amo arquitetura...), depois acabo em um site brilhantemente escrito (em inglês), que me toca fundo. A autora diz em http://www.grannymar.com/blog/2008/04/:


People suffering from loss or heartbreak find their body and mind reacting strangely even in normal situations. They experience mood swings. They sometimes avoid places and people that bring up nostalgic memories and can make them weep uncontrollably. Even when you can’t have your loved one back, you may still be able to move on with your life and become a stronger human being. The tragedy of life is not that it ends so soon, but that we wait so long to begin it. The best tribute we can pay a loved one is to LIVE!
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tradução:
"Pessoas que sofreram uma perda ou desilusão descobrem que seus corpos e mentes ainda reagem de modo estranhamente tranquilo em situações normais. Elas passam por oscilações de humor. Às vezes, elas evitam lugares e pessoas que possam trazer à tona recordações nostálgicas e lhes causar o choro incontrolável. Mesmo se não é possível trazer alguém que você amou de volta, ainda é possível ir em frente em sua vida e se tornar um ser humano mais forte. A tragédia da vida não é que ela termina cedo demais, mas que esperamos demais para darmos início a ela. 
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Hoje são oito longos meses sem minha mãe. Tenho passado por tudo o que se passa numa situação assim, com o plus de eu ser uma pessoa extraordinariamente sensível e ter amado minha mãe com verdadeira dedicação. 
Moro na casa que ela construiu e que sempre ajudei a manter. A casa agora é minha, mas sempre digo a mim mesma que é a "nossa" casa. Melhorei-a (fiz muro alto, caiado e branquinho, pintei tudo por dentro, branquinho também, plantei, plantei, arranquei mato, "floreei" seu jardim de novo). Tenho negligenciado minha própria aparência, por falta de tempo (cavoucar, catar mato e pegar pá e enxada não contribuem para a beleza das mãos). Estou mais corada e meus braços são testemunhas das horas ao sol cuidando do jardim. De resto, mobiliei, comprei comprei comprei (e paguei, paguei, paguei), trabalhei muito, cuidei do irmão que se deprimiu (eu nem sei se eu me deprimi, com o luto, não sei dizer qual seria a diferença de uma depressão e o que sinto desde o dia do velório da mamãe). 
Não estou triste. Nem alegre. Eu ando tranquila pela certeza de que faço o que tem de ser feito (sempre). Tranquila por cumprir a promessa que fiz à mãe no último dia de lucidez dela: "Não te preocupa comigo. Eu vou ficar bem. Posso cuidar de ti, de mim e do mundo inteiro, se for preciso. Sempre estarei bem."
Ela sabia que sim. Eu contemplo a vida, ajo quando preciso, penso muito, cuido de quem tem de ser cuidado (sei fazer isso bem) quando preciso, mas...
É muito difícil procurar minha mãe em todos os lugares, e só encontrá-la em minhas lembranças. Difícil ter as lembranças tão vivas que posso quase apostar que, se olhar fixo para a porta, eu a verei vindo ao meu encontro. 
Estou cuidando direitinho das lembranças, das coisas, da vida. Mas...
Ainda evito pessoas que (como no texto do blog que citei) tenho certeza que me causarão um surto incontrolável de choro (a simples palavra "mãe" me traz água aos olhos, agora), ou que me farão sofrer com comentários impensados ("Tua mãe me disse que muitas vezes queria te poupar de sofrimento e por isso não te contou muitas coisas"). Tenho evitado ativamente ver essas pessoas. Antes, eu esperava que, com o tempo, eu poderia confrontar pessoas que me trarão toda a dor e a saudade de volta. Agora, sei que isso é impossível, porque a dor não passa e a saudade só aumenta, a falta que ela faz é abismal e ninguém pode preencher o vazio que era preenchido por seu amor
Já há 8 meses eu evito situações e pessoas. Não sou muito gregária mesmo, gosto bastante da minha própria companhia (me divirto comigo, sou boa companhia para mim mesma, e considero isso uma qualidade). Mas sei que uma hora terei de redescobrir o sorriso verdadeiro, a alegria real, a expectativa de um amor, a emoção de uma viagem, a esperança de um futuro palpável. Uma hora terei de deixar de ser essa pessoa equilibrada, suave, tranquila, que se comporta tão bem ante tudo isso e que não tem mais extremos de tristeza, nem de alegria. 
Hoje, tenho tudo o que sempre quis. Não tenho queixas da vida - nem de Deus, que a levou, porque isso era parte do plano dEle. 
Mas perdi um tesouro, uma âncora, uma joia, um anjo. E com isso, me sinto menos importante, menos bonita, menos querida, menos necessária, menos tudo. Então sigo assim. Vivendo normalmente - sem saber bem o que é viver normalmente, agora.