28.4.06

U.N. Report: Tehran Defiant

Next war, please one step ahead...

26.4.06

Mais ou menos o que eu disse à minha filha (e funcionou)

* Tradução: "A poeira é feita de maus pensamentos e palavras feias, e de agora em diante você precisa apenas fazer coisas boas, porque sua mãe já cansou de passar o aspirador".

Não é uma gracinha? :-)

24.4.06

Seria tão mais fácil acreditar que só a matéria existe...
Entretanto, estou "velha" demais, experiente demais e antenada demais no etéreo para fingir que não me importo com nada além do corpo e das coisas.
Seria tão mais fácil viver apenas um dia após o outro...
Entretanto, é quase impossível abandonar a mania de viver no futuro sempre achando que o momento de agora já é o passado e que mesmo este futuro passa depressa demais.
Tudo tão breve nesta vida...
E sendo tão breve, ainda precisamos nos preocupar com o fato (possibilidade?) de a vida não ser só isso.
Queria por um instante baixar minhas antenas e mudar os meus canais.
Ser só matéria.
Ou uma formiguinha ignorante, pequena e limitada.
Entretanto, como elas, vejo-me limitada a seguir minhas trilhas.
Só queria trilhas mais claras.
Às vezes.

5.4.06


Quatorze anos atrás, foste embora.
Domingo, chovia.
Teu capacete não te deixou ver a carroça na escuridão, sob a chuva fina.
Até hoje não sabemos que carro te encontrou no meio da pista, quando caíste da moto ao te desviares da carroça (não quisemos saber - o motorista não teve culpa).
Quatorze anos atrás passei o domingo contigo. Isso nunca acontecera, tu e eu em um domingo inteiro juntos. Eram raras as oportunidades de estarmos juntos e durante anos, discutíamos brigávamos, nesses encontros em família.
Agora, porém, era a fase em que nos tornávamos realmente amigos. Irmãos de alma e carne, tão semelhantes nas crenças, nos valores, nas decepções, nas esperanças, nos medos. Meses antes, quando começaram os pesadelos dos quais eu despertava chorando, começamos a admitir nosso amor um pelo outro (se de longe só falavas bem de mim para teus conhecidos, de perto só discordávamos -- mas então, quatro ou cinco meses antes daquele domingo, algo mudou e vimos um ao outro como sempre deveríamos ter visto, com amor raro e precioso.)
Naquele dia, rumo ao cinema, te olhei diferente.
Perguntaste "O que estás olhando, bruxa?" (eu sorri -- desde a infância eu era a "bruxa", para ti, e sabia que isso tinha muito de carinho)
Perguntaste mais duas vezes, na volta do cinema ("O Príncipe das Marés", tua escolha - peguei horror desse filme). Na última, respondi, com ternura: "Não posso te olhar?". Te amava mais, naquele momento e, então, não sabia o porquê.
Não me despedi de ti da forma habitual. Em vez de olhar até entrares no elevador; em vez de correr à sacada para te ver subindo na moto, onze andares abaixo; em vez de sentir o coração partido ao te ver ir embora... Em vez disso apenas te disse "tchau" depois do beijinho no rosto. Fechei a porta.
Te encontrei novamente quatro horas depois, mas já não viste.
Quando ligaram dizendo que havias sofrido um acidente, ainda chovia. E eu sabia que havia te perdido.
Não tive pressa em ir ao teu encontro.
Não havia mais pressa.
Nossa mãe não se lembra daquele dia (a dor inimaginável apagou a memória).
Lembro de todos os segundos.
Lembro que fui te encontrar, solitário e deitado, apenas um tênue fiozinho de sangue no cantinho de uma das unhas. Inteirinho.
E não estavas mais ali.
Nunca me perguntei por que me ofereci para fazer o que só havia visto em filmes: ir te ver, te reconhecer, saber se era tu mesmo, irmão, parado ali e incrivelmente seco com tuas roupas, embora tudo tivesse ocorrido na chuva. Nunca entendi isso. Um erro de continuidade, nesse filme maluco que pensamos ser realidade?
Partiste naquele dia e a partir dali nunca mais tive a ilusão de eternidade. Nunca mais tive os pesadelos dos quais acordava chorando quase todas as noites. Agora eu sabia por que alguém me avisava, e qual era o aviso, por que alguém me preparava e por que a mim.
Sabes que te amei. Sabes que és padrinho de minha filha, aí onde estás, ainda que não a tenhas conhecido.
Sabes que nunca, nunca, nunca te esquecemos.
E sabemos que estás bem.
Sempre dói, irmão, como se fosse ontem.
Sempre doerá.
E ao mesmo tempo, meu lindo, valente, querido, honesto, forte e amado Edinho, somos felizes porque estiveste conosco.
Tua irmã bruxa um dia contará aos outros como também sabias que era tua hora (eu sabia, mas não reconheci naquele instante).
Mas ainda não há coragem para isso.
Fica com Deus, com o pai, com nossa vó tão exótica e com teus amigos que já partiram.
Um dia nos vemos.

4.4.06

CONFUSÃO "EMESSENISTA"

Tenho 82 contatos no MSN.
Quatro Anas, Três Vivis, dois Luíses, dois Daniéis e achava que havia um Sid, apenas.
O MSN é assim: temos uma fileira de gente ali, que entra, sai, às vezes nos bloqueia, às vezes desinstala o programa e nos inclui novamente, às vezes sai do ar durante muito tempo... Sou gente boa, e em geral primeiro permito o acesso pra depois ver se conheço ou não. Se não conheço, fatalmente bloqueio pra sempre (a não ser que seja um caso excepcional de um homem extremamente inteligente, interessantíssimo, boa-pinta, livre e desimpedido e que more perto de mim -- o que, francamente, não existe e se existir não vai me querer, dãh.).
Então:
Ontem à noite entra o Sid online jogando uma piadinha sobre um novo "fã" que me caiu do céu (do céu? really...).
Respondo no tom bem-humorado que sempre uso com ele.
Então pergunto de quem é aquela foto. Quem é aquele na foto.
"Sou eu", responde.
Acho que está de brincadeira. O Sid é mais gordo, mais moreno, também usa óculos mas tem cabelos pretos e curtos. Ele se ofende, inventa uma desculpa e me deixa pendurada.
Hoje, encafifada a mais não poder (detesto ofender as pessoas involuntariamente -- quando o faço, é por querer mesmo), resolvo dar uma revisada na minha lista de contatos.
E lá descubro um segundo Sid. Que é esse com quem falei ontem. Que não é o primeiro Sid. Que não poderia ter a cara do Sid porque não é o Sid, mas sim o Sid.
Entendem?
Nunca falei antes com este Sid.
Ou falei, achando que era o Sid.
Ufa.
Mando email pedindo desculpas. Explico -- e acho que pareço uma idiota, com minha explicação.
Exceto por um tal "Daniel Dourado" que me adicionou ontem e não deu uma palavra comigo ainda, mesmo quando perguntei quem era, achei que eu sabia quem estava na minha lista.
Não sei.

Pessoal, seguinte, de uma vez por todas deixa eu esclarecer esta minha aparente personalidade anti-social no MSN.

Sou uma pessoa ocupada. Ocupadíssima. Ocupadérrima.
Sou tagarela. Bem-humorada. A-do-ro falar abobrinhas e adoro gente.
Só que uso o MSN basicamente para trabalho. Praticamente só pra isso.
Vivo pedindo que tratem apenas assuntos de trabalho pelo MSN, porque se não for assim, não dou conta de responder mensagens pessoais, trocar umas idéias, realmente conversar com amigos, traduzir, ler emails, responder, consultar Google, postar no Blog...
Existe vida fora da Internet, e ultimamente tenho procurado racionalizar meu tempo online.
Então, assim:
Meu endereço de MSN é daysebat@hotmail.com. Pat e quem mais quiser, me adicione porque vou gostar muito, muito mesmo, mas entendam que apesar de AMAR um bom papo, já digito durante umas oito horas por dia. Não tenho muita paciência para ficar digitando em bate-papo. Então prefiro, de vez em quando, dar apenas um "oi" rapidinho pelo MSN, esperando que os amigos compreendam, perdoem e saibam que ainda os amo, apesar da falta de tempo e de energia pra conversar com todo mundo. Mensagens pessoais breves? Tudo bem.
Longos papos?
Mandem e-mail (que leio quando tenho tempo).
E ponham seus e-mails nos comentários aos posts (viste, Lúcia do Letras & Cia?), porque de outro modo não tenho como responder.
É isso.
Se eu confundir alguém, perdoem.
A vida não tá mole não. Mas é assim que eu gosto.
Beijos ae todos, mesmo que não sejam quem eu pensei que era, ou até por causa disso, tá?

3.4.06


Então essa mulher queria ser maga.
Criou um sigilo, pôs nele seus desejos com cuidado.
Memorizou bem a prática:

criar, entrar em transe, gravar no inconsciente
(deveria depois esquecer o símbolo mágico

– rezava o mandamento da bruxaria)
Ao saltar concretizou sua vontade.
Pendurada no fio que desce do lustre, jaz a maga.
Esqueceu o que havia mandado para o inconsciente

(não apenas o sigilo, mas esqueceu-se de tudo, para sempre).
Morreu encantada, ao menos.