21.4.10

"And time goes by so slowly, and time can do so much...
Wait for me..." (Unchained melody)

O tempo agora se arrasta - e ao mesmo tempo corre.
Eu estou confusa. Por que, antes, os dias eram tão curtos e agora passam tão lentamente?
E ao mesmo tempo, por que passam, se é só para chegarem àquele em que o tempo vai parar?
Para sempre.
Estou desorientada. 
Totalmente perdida e o que sinto vontade de dizer é: "Não te esquece, tudo o que eu fizer é para o teu bem. Sempre foi assim. Não te esquece que eu te amo e se parecer que eu te traí, é porque não pude suportar teu sofrimento ao ouvir a verdade. Perdoa, mas pela primeira vez na vida não estou sendo sincera contigo, porque tu eras para ser eterna, e não te perdoo por não seres."

Mas serás, sim.

(palavras não mudam nada, mas talvez escrevendo eu me convença que minha etapa de Alice ou Pollyanna na vida realmente, definitivamente, acabou.)

Sinto a maior solidão do mundo (e eu nunca senti solidão).



19.4.10

Eu não conhecia na pele o significado da palavra desespero.
Agora, a cada minuto que passa, ela se incorpora em mim, mais e mais.
São pequenas coisas recordadas, como uma indagação brincalhona "Será que estarei viva em 2014, quando a Copa for no Brasil?", ou nossos planos de eu voltar a morar perto dela. É o amor existente há décadas, infinito, recíproco, generoso de ambos os lados, tolerante e encantador.
De repente, o mundo perde o compasso, e o tempo adquire outro significado.
Só o que se quer é livrar alguém da dor. O que se quer é não ser tão impotente.
E de repente, perdemos o chão e toda a nossa grande sabedoria espiritual sucumbe, varrida pelo horror e rebaixada a um amor que nada pode.
E a gente percebe que, enfim, acordou.
Que essa é a verdadeira dor.
Eu não quero acordar.
Não vou suportar.
“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo.” (Salmo 23.4)