Às 3 horas da madrugada de hoje eu estava chorando, ao terminar de ler "Precisamos Falar sobre o Kevin", de Lionel Schriver (editora Intrínseca, tradução competente de Beth Vieira e Vera Ribeiro).
Comprei o livro com segundas intenções, para dá-lo à minha mãe e, depois tomá-lo emprestado para ler com calma.
O livro é uma série de cartas que Eva escreve ao marido ausente, Frank, de 8 de novembro de 2000 a 8 de abril de 2001, e nesse período de cinco meses ela disseca toda a sua vida desde o momento em que ela e Frank, então bem sucedidos profissionais, livres, ricos e inteligentes, debatem se deveriam ou não ter um filho.
O filho em questão, Kevin, acaba por assassinar, dois dias antes de completar 16 anos, nove pessoas na escola em que estudava, e em suas cartas a Frank, Eva tenta entender as razões (embora, francamente, ela já saiba desde a primeira linha da primeira carta).
Impressionantemente inteligente, Kevin é um enigma que fascina sua mãe e seus leitores, enquanto o pai o vê apenas por entre as nuvens cor-de-rosa do seu sonho americano do filho perfeito e saudável, jamais chegando a interessar-se por saber quem, realmente, pôs no mundo -- tarefa a que Eva se dedica incessantamente, desde a primeira rejeição do filho recém-nascido ao seu leite, no primeiro minuto do nascimento.
O livro tem surpresas que não pretendo estragar, e recomendo que todos os que pretendam ler o livro não leiam muitas resenhas sobre ele. O bom mesmo é ser pego de surpresa, como eu fui, sem expectativas, sem saber o que virá a seguir.
Confesso, porém, que a partir das primeiras páginas eu fui chegando a certas suposições (não é à toa que há 21 anos eu traduzo psicologia) e todas elas revelaram-se verdadeiras,no fim do livro. O que não tirou seu mérito e, ao contrário, fez brotar um choro do fundo da alma, nas últimas páginas.
"Precisamos Falar sobre o Kevin" não parece ficção, muito menos algo escrito por alguém tão jovem quanto Lionel (que é mulher, apesar do nome), que sequer tem filhos.
O original foi recusado por 30 editoras, antes de ser aceito para publicação -- e ganhou prêmio de livro do ano, na Grã-Bretanha.
Um comentário:
Fui atrás da sua indicação e li o livro.
Tão bom, que eu queria que não acabasse nunca!
Muito obrigada pela dica.
Beijos,
Fabiana
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