Tentei escrever diário -- em um caderno.
Doeu-me a mão.
Queria ter o cheiro do papel, o rolar da caneta, a tinta, minha letra.
O pensamento ficou confuso.
A mão, vagarosa.
A letra, trêmula.
A tinta, falha.
O papel, longo demais para pouco tempo e tanto a contar.
Como é que ponho um link na folha?
Como vou transmitir o sorriso sem um smiley?
Ah, cadê o copiar e colar?
Delete?
Puxa, vou ter de imprimir aquela foto pra colar ali. Com cola!
Oh, Deus, minha mão só tem uma fonte e é sempre em itálico!
"Bold" só tendo a coragem de escrever três vezes por cima da palavra.
Como é que minhas letras, todinhas iguais, sem recursos do teclado, conseguiam transmitir minha emoção, tempos atrás? Minha vida era feita de uploads maciços de sentimento, não de downloads de programas.
Os programas, eram os da TV. Que eu não via. Tinha muito a viver.
Audazes escritores de antigamente.
Mas também, não precisavam responder 50 e-mails por dia.
Nem deletar spams.
Nem tentar ignorar papo-furado no MSN.
(Nem pagar a banda larga e a conta de luz)
A vida anda acelerada demais para saudosismo.
Bom dia, notebook -- feito de componentes eletrônicos, não de polpa de árvore.
Nenhum comentário:
Postar um comentário