9.3.09


Tu me encontrarás nas palavras, na penumbra que te descrevi, nos poemas que não te escrevi (tudo já estava lá - os desejos, a vontade, a ânsia do inesperado - até que chegaste).
Tu me verás (ponto de interrogação), aparentemente me aceitarás, nunca entenderás.
Eu sou aquela que puxa fios de marionetes invisíveis e arma um teatro de ilusões e fantasmas para te agradar. Sou quem se despede curvando-se em mesura ante a tua beleza e, já na porta, ainda olha para trás - tu, miragem, continuas na minha frente (o tempo todo na mente) enquanto a porta se fecha.
Sou a mulher-menina, que cora ante a descompostura, pede desculpas sempre, rói as unhas e sente lágrimas nos olhos - mas puxa o vestido, incerta, dá um sorriso vacilante e se levanta, esconde-se e espera que tu a procures (se vieres, quando vieres, se quiseres, se te deres).
Sou a dos desencontrados desejos (por minúcias, às vezes), minutos contados de tua ânsia satisfeita - a minha, desatenta, se deixa levar por mais sonhos, pra te fazer suspirar.
Sou aquela que ajeitarás no meio dos teus pertences, misturada a tantos outros sussurros que não ouves. Tu fecharás a gaveta e me esquecerás, sem suspeitares que minhas letras sempre foram tuas (eu não sabia - sentia) e que me escorro líquida em teu corpo, minhas palavras expulsas no teu prazer.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi querida. sou da tua lista de tradutores e vm desconbrir seu blog. :o)) ADOREI. beijos bem grandes Fal

Anônimo disse...

Fantástico. De uma riqueza incomum. Karla.