14.7.06


Para alimentar sua alma, era necessário mais que o pão e o colo quente, o som e a mesmice do presente. Era preciso uma fada sem corpo, feita de sonhos lânguidos e esperanças secretas, de faíscas que o desfizessem, homem-chão e o pusessem homem-ar.
Para descrever-se, usou as palavras dela. Para classificá-la, desclassificou-se (ex-tudo, ele agora seria. Futuro-qualquer-coisa-que-a-atendesse).
Ela dispensava adjetivos. Não os queria. Temia. Criticava-se quando atirava-se nas noites perfeitas do delírio sem jeito que partilhavam. Mas o absorvia, o refazia e reinventava, baixava suas guardas e o erguia.
Ao longe, a Razão abalava-se e se escondia, vexada e violentada.
Ele a consumiu.
Ela permitiu.
Ele, recheado de espírito, sonhos e grandes esperanças, suspirou e foi dormir com o corpo conhecido, sem culpa.
Ela, cuja essência rarefeita se refaz quanto mais lhe é tirada, apagou a luz e disse adeus a mais um imperfeito vampiro.
Nos horizontes, o sol nascia -- e tanto ele quanto ela, sob o sol da manhã, bem alimentados e recuperados da embriaguez, diriam que à noite tudo é válido.
Até tentar ser feliz.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro tudo q vc escreve meu amor!! Soy loko por ti Daysinha. Me (T)
Beijos apaixonados!!!!