27.12.06

Diário de uma Mulher Comum

Sabe de uma coisa?
Nem doeu, levar meu original de 298 páginas (senhoras e senhores, ninguém mais pode dizer que escrevi algo com mais de 300 páginas, o que, considerando o primeiro rascunhão de 600 páginas, é uma façanha) até o Correio e enviá-lo por Sedex para aquela editora poderosa cujo editor realmente vai ler minha história, porque garantiu-me que sim.
Vai, sim.
Algum dia vai.
Sei lá quando.
O problema é que, uma vez que o original sai da minha mão, começa a terrível, angustiante e dolorosa expectativa por algo. Qualquer coisa que não seja o silêncio do leitor a quem entrego meu romance com a melhor das intenções, como presente, até, e que jamais se digna a ler sequer um capítulo.
Acho que eu ando metida no meio de gente muito sem tempo ou muito sem mente.
Ou com muita preguiça.
Ou com muito pudor de me mandar fazer outra coisa que não seja escrever.
Mas mandei para alguém cuja profissão obriga a leitura, o que pra mim já é ótimo. Um cantor não quer embalar bailes para surdos. Eu não quero falar para quem não gosta de ler. Mas editores lêem. O que já é algo (sou muito otimista, notaram?)
Três entregas do meu original, anteriormente, me renderam três intenções de publicar. Mas intenção não bota livro nenhum nas livrarias e não passou de intenção, o interesse dessas três editoras por minha história.

Aliás, vocês sabiam que tem muita editora que recusa originais com mais de 120 páginas?

É. Não medem o valor de nada. Só o comprimento. E um cretino me mandou, ano retrasado, escrever algo com no máximo 90 páginas, porque se não pudesse ser contado em 90 páginas, não era bom contar em mais que isso. É claro. Eu poderia ter escrito tudo o que contei em 298 páginas em 20 delas. Seria assim:

"Fulano descobriu-se apaixonado pelo melhor amigo após muitos anos de convivência, mas o amigo acabara de reencontrar a antiga namorada e acabou por se casar com ela, descobrindo depois disso que também não era indiferente ao amigo. Acontece que o amigo bem casado do fulano tornou-se um modelo famoso, até assumiu seus sentimentos, mas então algo muito ruim aconteceu que azedou tudo o que poderia ter sido muito bonito". Dã.

Não acredito em personagens sem alma. E não posso criar a alma de alguém em meia dúzia de linhas. Não gosto de contar historinhas. Gosto de entrar na vida dos personagens e me transferir para o mundo deles. E não consigo criar um mundo em 50 páginas. Defeito meu, não saber escrever contos. Mas eu não crio figurinhas de papel. Crio gente quase real (ou pelo menos parece ser assim, já que mais de uma pessoa me perguntou se o que escrevi era ficção mesmo, porque achavam que essa gente que eu criei existia e caminhava por aí...).

De qualquer forma, mandar às editoras é o que preciso fazer. O resto é conseqüência (dê no que der).

Torçam por mim.

4 comentários:

Anônimo disse...

:

Dayse querida,
as portas se abrirão.
Sê perseverante!

Teus dedos te parabenizarão, ainda.

bj,



PS: eu quero saber mais do Romance.

:

Anônimo disse...

Ah! estás linkada no Poesia de Alma Torta.

Estou torcendo por ti, muito mesmo.

De repente é agora em 2007!


bj,

***

Anônimo disse...

parabéns! entendo que esteja cada vez mais cética traduzindo autores místicos, mas arrisco dizer que agora que entregou o romance para o universo, ele vai voltar em forma de livro! fingers crossed!

Anônimo disse...

Dayse

Apenas escreva sobre personagens reais

Beijinhos

Angel