4.12.04

Desistir, Jamais

... Então, eu vou ao blog daquele com quem nunca falei, que me lê nem sei por que, que escreve muito bem seu próprio diário íntimo que mais parece uma "via dolorosa" criativa e linda, e me deparo com um único post onde antes estava toda sua alma. A foto é de alguém solitário, sentado com a cabeça entre os joelhos no meio do chão vazio. O texto:



When you're talking to yourself

And nobody's home

You can fool yourself

You came in this world alone

Alone



E eu me pergunto: e daí, se ele apagou seu blog, numa seqüência previsível de sua blogdestruição que começou com posts a cada dia mais deprimidos e lacônicos e, depois, prosseguiu com a retirada do espaço para comentários, chegando finalmente a isto?



E daí? O que *eu* tenho a ver com isto?



Absolutamente nada.



E ainda assim...



Ainda assim...



Edu, a pior coisa que podemos fazer contra nós mesmos é nos negarmos o contato com outros, mesmo que os outros pareçam não ter nada a nos dizer. Os outros, ainda que aparentemente *estranhos*, não são tão estranhos assim. Vivem tuas emoções contigo. Vivem outras emoções, às vezes semelhantes às tuas, às vezes não, mas sempre unidos na teia invisível de algo que não sabemos explicar -- a identificação imediata, o carinho, a vontade de "fazer parte" do mundo do outro, nem que seja por simples comentários num blog, na esperança de mostrarem que há algo mais unindo os humanos que interesses mesquinhos.



Eu não tenho nada a ver com seu blog, com sua vida (e o que sei dela?) ou seus problemas.



Ainda assim, se pudesse, percorria este espaço virtual todinho em busca dele (se soubesse como encontrá-lo, ao menos), para pedir-lhe que voltasse.



3 comentários:

Anônimo disse...

Isso tem acontecido com certa frequência, Dayse, aqui na blogosfera. De repente, somem arquivos ou todo o blog. Em mim, fica sempre uma sensação da ausência, de amigo perdido, de gosto amargo na boca. De impotência e tristeza.

Um beijo.

PS- vou por seu link nos meus blogs, tá? No dois.

Beijoutro.

Anônimo disse...

Dayse, é realmente horrível quando alguém deleta seu próprio blog, ou deixa de "postar" para sempre(!), o vazio que eu sinto parece o final de um romance bem construído. A diferença é que reiniciar a leitura, uma segunda leitura que é inteiramente diferente da primeira. Agora com o um blog só resta um dedo amputado que coça sem que a gente saiba porquê.

Anônimo disse...

Será que escrevendo, ele e/ou outros, poderiam transmitir mais do próprio desespero que o fizeram parando? A diferença? Não é contínuo, não persiste uma tentativa. É como um tiro, um único tiro certeiro.