20.5.11

Sabe de uma coisa, mamãe...
O único jeito de eu não me destruir de saudade é anulando todos os pensamentos que me remetam a ti.
E anular os pensamentos, fugir do teu rosto na minha memória,fechar meus ouvidos para a recordação da tua voz, é como cavar um gigantesco buraco na minha vida, onde sempre estiveste.
E assim, eu me cubro com um cobertor esfarrapado de migalhas de realidade, de rotinas que não fazem mais sentido, porque tu não estás mais aqui.
Quantas vezes terei de repetir a mim mesma que não estás mais aqui, até me convencer?
Sabe de uma coisa, mamãe...
Cada vez menos eu me permito chorar, porque se começo eu não paro mais.
O mundo, sem ti, ainda é um lugar muitíssimo menos amigo, menos suave e para sempre menos generoso comigo.
Hoje eu sei que saudade, em seu sentido extremo, só pode ser sentida por quem perdeu alguém como tu, essencial para a vida.
Essencial, quase como se, sem ti, eu não a tivesse mais.

Um comentário:

a pessoa do blog disse...

bela homenagem, e sua mãe bem presente na suas palavras, rabiscando saudades onde nunca haverá adeus, é a mãe que amordaça o amor em nós e nos liberta para o mundo.
antonio carlos