25.1.08
Breve Investida do Destino no Meu Dia (comentário para a Dekka)
Para quem é louca por tecnologia e metida a técnica, como eu, nunca falta um cantinho da casa onde acumulam-se coisas do passado recente (tudo muda tão rápido!) -- cabos, extensões, conexões, aparelhos dos quais se podem aproveitar peças.
Vou ao balcão procurar um cabo de TV para trocar aqui no meu aparelho do quarto e, remexendo, encontro o tal cabo -- dois deles, até, e a minha velha secretária eletrônica. Está ali, e não lembro por que não a joguei fora. Exceto pelo adaptador, eu acreditava que não serviria para nada.
Por via das dúvidas, ligo na tomada e tudo acende. Inclusive o mostrador de mensagens gravadas que eu quis guardar um dia. Quatorze delas, supostamente importantes.
Vou voltando, da décima quarta até a mais antiga (todas de 2004). O primeiro contato da minha editora preferida que chegou até meu nome não lembro como; a voz da minha mãe dizendo "Hora de acordar!", meu anjo de Los Angeles ligando três vezes e reclamando, com sua voz grave, que primeiro só dá ocupado e quando finalmente acha que vai falar comigo, cai na secretária (tempos de conexão discada com a internet, baby); a voz da minha Letícia, então com 9 anos, me ligando da casa do seu pai para dizer "Mãe, só vou voltar depois do almoço, tá?" e então...
Aquela ligação sempre havia sido um mistério para mim.
Era um sussurro, apenas. Eu sabia quem era. Mas não entendia o que ele dizia, após o "Dayse, me liga." Era mais que sussurrado, o que ele subitamente suspirava no telefone, como se contasse um segredo medonho. Era dito de um modo que só poderia ser interpretado como "Tchau".
E hoje, ouvindo meia dúzia de vezes, em volume alto, subitamente entendi.
"Dayse, me liga.................. eu te amo".
Dekka, está aí o teu "E se". E se, em 2004, eu não tivesse bloqueado a minha mente e tivesse escutado o que H. realmente havia dito? E se, furiosa com ele, como sempre, eu não tivesse resolvido acreditar que era um "tchau" entrecortado, quase inaudível, como uma voz de espírito naquelas fitas horrorosas que circulam na Internet (transcomunicação, eles chamam)? Devo ter ouvido duas vezes apenas aquela mensagem, na época, e deixado para lá. Por que perderia meu tempo com aquele materialista que só pensava em comprar coisas e preferia mostrar objetos a mostrar seu interior? Devia ser um "tcha-au", a voz quase inexistente na gravação.
Não era. Era um "eu te amo", dito rapidamente, com medo até de pronunciar as palavras.
Que diferença faz isso agora?
Acho que nenhuma, como já te disse, Dekka. Porque se preferi não escutar a declaração na época, foi por não acreditar nela. E se é repetida agora por escrito, quase quatro anos depois, apesar de talvez ter sido real na época e ainda ser, agora.. os motivos para "não escutar" talvez sejam os mesmos.
Depois de manter minha boca aberta por uns 15 segundos, espantada, calei o fantasma do murmúrio eletrônico e joguei o aparelho de telefone fora, porque não carregou a bateria e, quando o abri, estava tudo enferrujado. Mas mantive a base com as mensagens "inesquecíveis". Talvez um dia eu esqueça por que pareciam inesquecíveis. Talvez um dia eu entenda por que dou tão pouca importância a esse fantasma de corpo bom, mas mente tortuosa, que me assombrou um dia e retorna sempre -- por músicas que escuto, por pequenas dores lembradas e por assaltos súbitos de desejo inoportuno.
A alma, meu demônio. A alma. Quando a entregares, talvez...
Vou ao balcão procurar um cabo de TV para trocar aqui no meu aparelho do quarto e, remexendo, encontro o tal cabo -- dois deles, até, e a minha velha secretária eletrônica. Está ali, e não lembro por que não a joguei fora. Exceto pelo adaptador, eu acreditava que não serviria para nada.
Por via das dúvidas, ligo na tomada e tudo acende. Inclusive o mostrador de mensagens gravadas que eu quis guardar um dia. Quatorze delas, supostamente importantes.
Vou voltando, da décima quarta até a mais antiga (todas de 2004). O primeiro contato da minha editora preferida que chegou até meu nome não lembro como; a voz da minha mãe dizendo "Hora de acordar!", meu anjo de Los Angeles ligando três vezes e reclamando, com sua voz grave, que primeiro só dá ocupado e quando finalmente acha que vai falar comigo, cai na secretária (tempos de conexão discada com a internet, baby); a voz da minha Letícia, então com 9 anos, me ligando da casa do seu pai para dizer "Mãe, só vou voltar depois do almoço, tá?" e então...
Aquela ligação sempre havia sido um mistério para mim.
Era um sussurro, apenas. Eu sabia quem era. Mas não entendia o que ele dizia, após o "Dayse, me liga." Era mais que sussurrado, o que ele subitamente suspirava no telefone, como se contasse um segredo medonho. Era dito de um modo que só poderia ser interpretado como "Tchau".
E hoje, ouvindo meia dúzia de vezes, em volume alto, subitamente entendi.
"Dayse, me liga.................. eu te amo".
Dekka, está aí o teu "E se". E se, em 2004, eu não tivesse bloqueado a minha mente e tivesse escutado o que H. realmente havia dito? E se, furiosa com ele, como sempre, eu não tivesse resolvido acreditar que era um "tchau" entrecortado, quase inaudível, como uma voz de espírito naquelas fitas horrorosas que circulam na Internet (transcomunicação, eles chamam)? Devo ter ouvido duas vezes apenas aquela mensagem, na época, e deixado para lá. Por que perderia meu tempo com aquele materialista que só pensava em comprar coisas e preferia mostrar objetos a mostrar seu interior? Devia ser um "tcha-au", a voz quase inexistente na gravação.
Não era. Era um "eu te amo", dito rapidamente, com medo até de pronunciar as palavras.
Que diferença faz isso agora?
Acho que nenhuma, como já te disse, Dekka. Porque se preferi não escutar a declaração na época, foi por não acreditar nela. E se é repetida agora por escrito, quase quatro anos depois, apesar de talvez ter sido real na época e ainda ser, agora.. os motivos para "não escutar" talvez sejam os mesmos.
Depois de manter minha boca aberta por uns 15 segundos, espantada, calei o fantasma do murmúrio eletrônico e joguei o aparelho de telefone fora, porque não carregou a bateria e, quando o abri, estava tudo enferrujado. Mas mantive a base com as mensagens "inesquecíveis". Talvez um dia eu esqueça por que pareciam inesquecíveis. Talvez um dia eu entenda por que dou tão pouca importância a esse fantasma de corpo bom, mas mente tortuosa, que me assombrou um dia e retorna sempre -- por músicas que escuto, por pequenas dores lembradas e por assaltos súbitos de desejo inoportuno.
A alma, meu demônio. A alma. Quando a entregares, talvez...
19.1.08
A alma, my demon, a alma...
É certo que minha vida faz-se por música.
Ele me deixa um recado bitter-sweet. Sempre sweet, mas bitter porque deixamos de viver algo e nunca saberei como teria sido. Eu presumia que sua alma encontrava-se com a minha quando nossos corpos estavam separados, porque quando os corpos encontravam-se, não sobrava espaço entre nós para outra coisa. E eu sentia, literalmente, que meu espírito se afastava de mim, perto dele. Sentia sono, sentia frio, sentia uma solidão que não sabia explicar, perto dele. E na distância, o sentia tão próximo...
É certo que noite e dia eu respiro música (além das letras das traduções), e cada pequenina coisa que me ocorre me traz as palavras de uma canção, como se eu, desregulada e esquizo, ouvisse vozes. Sempre.
Mas a voz dele me chega em palavras escritas.
eu te amo
(...)
eu sempre vou te amar
viva a dayse
E então a voz dele some e meu cérebro lhe responde imediatamente. Em uma fração de segundos, me vêm as palavras de outros para dizer-lhe o que sinto.
É triste que teu olhar doce tenha me fugido. É triste amar alma, e apenas isso. É triste e doce, a certeza de amar assim, descarnados nós, amar espiritualmente, e ainda com saudade da carne. Mas se carne nos bastasse, seríamos bem felizes. O que faz falta é a alma, meu querido H. E isso temos, mas não nos bastou.
The Lettermen
Love me like a stranger
Where is all the fire,
all the wild desire,
that we felt before?
The hunger in your touch,
that made you give so much,
and want me more and more.
When it all began,
the woman and the man,
were wilder than the sea
brighter than the sun,
but look what time has done,
today to you and me.
Can't we try pretending,
that we met today,
letting our emotions
carry us away.
Tasting for the first time,
lips we've never kissed.
Recapturing the feeling
that we both have missed.
(Chorus:)Love me like a stranger
who walked into my life.
Love me like this feeling
will only stay the night.
Hold me till I beg you
not to say good-bye,
I want to meet the stranger
hiding in your eyes.
Ele me deixa um recado bitter-sweet. Sempre sweet, mas bitter porque deixamos de viver algo e nunca saberei como teria sido. Eu presumia que sua alma encontrava-se com a minha quando nossos corpos estavam separados, porque quando os corpos encontravam-se, não sobrava espaço entre nós para outra coisa. E eu sentia, literalmente, que meu espírito se afastava de mim, perto dele. Sentia sono, sentia frio, sentia uma solidão que não sabia explicar, perto dele. E na distância, o sentia tão próximo...
É certo que noite e dia eu respiro música (além das letras das traduções), e cada pequenina coisa que me ocorre me traz as palavras de uma canção, como se eu, desregulada e esquizo, ouvisse vozes. Sempre.
Mas a voz dele me chega em palavras escritas.
eu te amo
(...)
eu sempre vou te amar
viva a dayse
E então a voz dele some e meu cérebro lhe responde imediatamente. Em uma fração de segundos, me vêm as palavras de outros para dizer-lhe o que sinto.
É triste que teu olhar doce tenha me fugido. É triste amar alma, e apenas isso. É triste e doce, a certeza de amar assim, descarnados nós, amar espiritualmente, e ainda com saudade da carne. Mas se carne nos bastasse, seríamos bem felizes. O que faz falta é a alma, meu querido H. E isso temos, mas não nos bastou.
The Lettermen
Love me like a stranger
Where is all the fire,
all the wild desire,
that we felt before?
The hunger in your touch,
that made you give so much,
and want me more and more.
When it all began,
the woman and the man,
were wilder than the sea
brighter than the sun,
but look what time has done,
today to you and me.
Can't we try pretending,
that we met today,
letting our emotions
carry us away.
Tasting for the first time,
lips we've never kissed.
Recapturing the feeling
that we both have missed.
(Chorus:)Love me like a stranger
who walked into my life.
Love me like this feeling
will only stay the night.
Hold me till I beg you
not to say good-bye,
I want to meet the stranger
hiding in your eyes.
15.1.08
Sinceramente (Cachorro Grande)
Ok, a musiquinha é de adolescente, a letrinha é simples, a melodia é grudenta, mas eu também tenho meus momentos "sem-noção" de romantismo doce. E esses momentos andam durando, desde que ouvi o Cachorro Grande cantando isso, faz tempo. Coincidiu com o momento em que comecei a pensar em uma pessoa especial, e a letra da música diz tudo. Gosto de seu charme, do seu groove e de como rola com esse homem distante. E muito. Tanto que só agora, meses depois de ouvir a música pensando nele, eu a ponho aqui, esperando que ele capte a mensagem sem que eu precise citar seu nome, sobrenome, etc. Por gostar tanto dele, acho que "Some things are better left unsaid", como já disse a Annie Lennox em "Why". But I say it anyway.
Com quanta ausência se faz um bolo de saudade?
Por quanto tempo se deixa na geladeira o desejo, antes de aquecer para o consumo?
Quantas pitadas de malícia e sutileza temperam a ânsia de ter-te ao meu lado?
Cozinha-se a espera durante quantos dias? Meses? Anos?
E qual a validade da tua receita de aflição amorosa, antes que tudo se deteriore e seja jogado fora?
Ou não é perecível, isso que juntas em mim com maestria dos grandes chefs e deixas prontinho para um grande banquete, privado e sem convidados, no bistrô do teu coração?
Por quanto tempo se deixa na geladeira o desejo, antes de aquecer para o consumo?
Quantas pitadas de malícia e sutileza temperam a ânsia de ter-te ao meu lado?
Cozinha-se a espera durante quantos dias? Meses? Anos?
E qual a validade da tua receita de aflição amorosa, antes que tudo se deteriore e seja jogado fora?
Ou não é perecível, isso que juntas em mim com maestria dos grandes chefs e deixas prontinho para um grande banquete, privado e sem convidados, no bistrô do teu coração?
19.12.07
18.12.07
16.12.07
Shy
Fifteen minutes with you, I wouldn't say no
(or would I?)
Tenho de aprender a deixar de ser burocrática no amor.
Costumo dizer que não tenho medo de nada na vida.
EXCETO...
... o medo de perder pessoas.
Tenho de deixar de ser medrosa
(por outro lado, para que arriscar-me a perder?)
Se há algo que me tira a razão, é a paixão.
Não é justo que alguém com tanta capacidade de ver a realidade, como eu, tenha exatamente o defeito que a torna estúpida, o defeito da covardia, a burrice de não entender sinais.
Preciso deixar de ser burocrática no amor. Pouco falta para exigir protocolo assinado, carimbado, com declaração reconhecida em cartório de que fui entendida e, mais importante, que caso não seja nada disso, fica tudo como antes, como se nada jamais tivesse havido do que, de fato, nem houve.
(suspiro)
Alguém aí tem um sonrisal para azia cerebral?
8.12.07
O Exercício de Se Superar

Lembras tu na tua gaiola, essa bendita exposição de matemática da tua escola, em novembro?
Lembras que toda a trabalheira começou uns bons 10 dias antes, com um grupo de 4, que se tornou um grupo de 2, um coleguinha e tu?
Deveriam montar um jogo de matemática, com regras, 50 equações, peças, tabuleiro, etc. Deveriam trabalhar em dupla. Deveriam fazer tudo juntos.
Mas no primeiro encontro, teu colega não apareceu. No segundo, arranjou uma desculpa e outro colega te ajudou a criar aquele mundo de equações. No último encontro, aí mesmo, nessa "gaiola" onde deveria estar o trabalho da dupla, teu colega desperdiçou todo o material da decoração do estande, estragou tudo e foi-se embora, com mais uma desculpa, te deixando desesperada, na véspera da exposição do teu trabalho. Lembro de ti, chegando em casa de táxi (o colégio, tão longe pra quem não tem carro...), com uma fita adesiva grudada na testa, onde tu mesma havias escrito: "Eu sou uma Idiota". Lembro que eu ri, te puxando com carinho de dentro do táxi, dizendo "Vem cá, sua boba, a gente dá um jeito".
Minha belinha, lembras de nós, na noite anterior à manhã dessa exposição, indo à livraria comprar tudo de novo, todo o material de decoração novamente?
Lembras de nós, acordando cedinho, nos enfiando num táxi, chegando às 8 na escola e arrumando em 10 minutos o que achavas que não conseguiríamos arrumar em uma hora?
Lembras, principalmente, minha linda, de como os outros grupos, todos eles, tinham 3 ou 4 alunos se revezando para cuidar de seus estandes com trabalhos, enquanto o grupo de tu sozinha não podia sentar, não podia comer, não podia beber, não podia ir ao banheiro e não podia nada, por estares só?
Eu lembro de olhar para ti, sozinha ali no teu estande, solitária, enquanto nos outros grupos todos riam, conversavam, passavam o tempo e mais estavam na rua que dentro do ginásio, onde deveriam estar. Lembro de ter pensado: "Mas por que minha filha parece sempre tão sozinha?" Então uma coleguinha de outro grupo veio, desabafou a mágoa por também ter feito tudo sozinha em seu grupo, e lembro que tu comentaste que outros discriminavam a menininha linda, inventando coisas sobre ela. Lembro que te pedi para não fazeres isso, nem pensares nisso, porque é uma palavra aqui, outra ali, que cria o preconceito e torna as pessoas solitárias. Às vezes, apenas por serem melhores que a média. Mais sérias. Mais interessadas em fazer a coisa certa.
Lembras das dores nas pernas, três horas inteiras parada ali, de pé? Lembras da fome? Lembras do sono? Lembras da minha oferta para cuidar de tudo para poderes caminhar 10 minutos na rua e ires ao banheiro, e tu me dizendo "Não, mãe, é *meu* trabalho, eu é que preciso cuidar!"
Lembras? ... da ansiedade quando procuramos esse novo colégio, agora particular, deixando para trás a escola pública onde eras maltratada por seres boa aluna, onde eras chamada de "gorda", onde eras tratada como menino, por andares com os meninos, já que as meninas conseguiam ser mais obcenas ainda que os garotos? ... da alegria, ao comprarmos todo o teu material (pela segunda vez no mesmo ano), o uniforme, o tênis que querias? ... do primeiro dia de aula, e tu exclamando, depois de mais tantos e tantos dias, "Eu AMO o meu colégio novo!"... da tua percepção de que não é a classe social que torna adolescentes grosseiros e precocemente interessados por sexo?... da tua descoberta de que, onde menos deveria haver bullying, entre filhos de famílias teoricamente mais cultas, mais ele ocorre?
Lembras do nosso pavor, quando percebeste que colégio particular era outro mundo, e que era como se nunca tivesses estudado geografia, inglês, história, etc., já que tudo era novo e não sabias nada do que aprendiam na nova escola? Lembras que chegamos a nos conformar porque era quase certo que serias reprovada, já que no primeiro trimestre tuas notas eram vergonhosas, pelo choque do impacto entre ensino público e ensino particular?
Minha flor, valeu a pena.
Valeu a pena transferir-te de escola em pleno maio, ser vista como "estrangeira" no colégio novo, decepcionar-te e fazeres tudo, tudinho por ti mesma, sozinha, apesar da dor e da desilusão com os companheiros... Valeu a pena, porque os professores te reconheceram. Te conheceram, em tuas zangas iradas, em tuas reclamações contra a injustiça, em tua determinação em ir até o fim, sempre, por um pontinho na nota, por um visto num trabalho, quando bem poderias ter jogado a culpa em outro, simplesmente, e não te importado, já que os outros não se importavam.
Valeu a pena, quando tu gritaste no celular, assim que terminou o último dia de aula, ante-ontem: "Mãããããeeee, eu passei por méééédia!!!"
Valeu a pena o abraço feliz-feliz-feliz que nos demos, quando chegaste em casa, os beijos, o senso de dever cumprido.
Acho que depois de ante-ontem tu sabes:
És capaz de superar qualquer coisa. És forte, honrada, valente, esforçada e muito, muito, muito inteligente, saltando de notas abaixo de crítica para notas máximas em todas as matérias, ficando entre os melhores da classe. Tu és capaz de perdoar colegas que te fizeram de otária já no primeiro mês, marcando reuniões na escola para um trabalho e te deixando à espera a tarde inteira, rindo de ti no dia seguinte, porque esperaste em vão. E tudo porque achavam que, sendo aluna nova no colégio, tu não tinhas o direito de mandá-las trabalhar, em vez de perderem tempo.
Minha anja, se saíste parecida com tua mãe em algumas coisas, agradeço a Deus. Somos mesmo intolerantes com o "jeitinho fácil", o "fazer nas coxas", o "não dá nada" e o "depois eu dou um jeito". Mas o mérito, ainda assim, é TEU. TEU, sempre, por seres alguém que veio ao mundo para, como tu dizes "ver a vida como ela é".
Tu és um sonho. E tua carinha triste na foto, lá em cima, é só pra não esquecermos que, no fim, tu riste. E muito. E com vontade. E continuas rindo, alegre, por mais esta vitória.
Te amo, Letícia.
4.12.07
Para C., que entenderá
This Is Love Lyrics
» George Harrison
Precious words drift away from their meaning
And the sun melts the chill from our lives
Helping us all to remember what we came here for
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
Little things that will change you forever
May appear from way out of the blue
Making fools of ev'rybody who don't understand
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is love
This is love, this is la la la-la love
Since our problems have been our own creation
They also can be overcome
When we use the power provided free to everyone
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love
Oh, this is love, this is la la la-la love
This is love, this is la la la-la love (repeat and fade)
2.12.07
30.11.07
So True...
Casinha Branca
(Gilson e Joram)
(Gilson e Joram)
Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
que nem vejo à minha frente nada que me dê prazer...
sinto cada vez mais longe a felicidade
vendo em minha mocidade tanto sonho perecer
eu queria ter na vida simplesmente
um lugar de mato verde pra plantar e pra colher
ter uma casinha branca de varanda
um quintal e uma janela
só pra ver o sol nascer
às vezes saio a caminhar pela cidade
à procura de amizade vou seguindo a multidão
mas eu me retraio olhando em cada rosto
cada um tem seu mistério seu sofrer, sua ilusão
eu queria ter na vida simplesmente
um lugar de mato verde
pra plantar e pra colher
ter uma casinha branca de varanda
um quintal e uma janela só pra ver o sol nascer
28.11.07
Não é engraçado como, com a Internet, tornamo-nos todos videntes?
Conhecendo apenas nome e sobrenome, podemos visualizar passado e presente (e, a partir daí, algo do futuro) de qualquer um que tenha "pisado" nesse planeta virtual...
Conhecendo apelido, chocamo-nos ao digitá-lo e ao descobrir, no presente, traições, grandes e pequenas, escritas com todas as letras no passado por alguém que, se não era digno de estátua em homenagem ao "Homem Sério", também não nos parecia a pessoa mais mesquinha que já tivemos em nossas vidas. Espantamo-nos ao ver, quatro anos depois, preto no branco, confissões sobre aquilo que percebíamos como casualidade e se revela pura má intenção, maldade proposital. E, boquiabertos, ainda duvidamos dos nossos olhos quando vemos com toda a clareza as mentiras e distorções de fatos íntimos colocados em público, por quem pouco antes nos disse que havia mudado, que podíamos ter confiança em sua melhor intenção de ser parceiro, de ser amigo, de ser companheiro, de ser, em resumo, homem.
Engraçado como, com a Internet, os mais burros acabam revelando-se apenas isso: burros -- criminosos espalhando pistas de seus crimes por todos os lados, desde a presença em sites pedófilos, passando por "filmes" desmeritórios, festinhas onde o cigarro e o álcool estão em todas as fotos, depoimentos que alardeiam seu prazer por ser escroto e terminando em mentiras deslavadas, sobre si mesmo e sobre outros.
Não é interessante como certas pessoas pensam que as palavras escritas no espaço virtual um dia se perderão, ou que podem mantê-las secretas, quando estão lá, para toda a eternidade, expostas em cache, atualizadas em feeds, passíveis de busca por mil expressões que as revelarão?
E depois disso tudo, quando me perguntam se não farei nada com as palavras criminosas que descobri, só tenho a dizer uma frase:
"Eu não chuto cachorro morto."
A principal lição de meu trabalho de detetive eu já aprendi. Nunca confie, para o resto dos teus dias, em quem já te enganou uma vez. Nem perdoe. Nem esqueça.
A porta fechou-se para sempre.
Conhecendo apenas nome e sobrenome, podemos visualizar passado e presente (e, a partir daí, algo do futuro) de qualquer um que tenha "pisado" nesse planeta virtual...
Conhecendo apelido, chocamo-nos ao digitá-lo e ao descobrir, no presente, traições, grandes e pequenas, escritas com todas as letras no passado por alguém que, se não era digno de estátua em homenagem ao "Homem Sério", também não nos parecia a pessoa mais mesquinha que já tivemos em nossas vidas. Espantamo-nos ao ver, quatro anos depois, preto no branco, confissões sobre aquilo que percebíamos como casualidade e se revela pura má intenção, maldade proposital. E, boquiabertos, ainda duvidamos dos nossos olhos quando vemos com toda a clareza as mentiras e distorções de fatos íntimos colocados em público, por quem pouco antes nos disse que havia mudado, que podíamos ter confiança em sua melhor intenção de ser parceiro, de ser amigo, de ser companheiro, de ser, em resumo, homem.
Engraçado como, com a Internet, os mais burros acabam revelando-se apenas isso: burros -- criminosos espalhando pistas de seus crimes por todos os lados, desde a presença em sites pedófilos, passando por "filmes" desmeritórios, festinhas onde o cigarro e o álcool estão em todas as fotos, depoimentos que alardeiam seu prazer por ser escroto e terminando em mentiras deslavadas, sobre si mesmo e sobre outros.
Não é interessante como certas pessoas pensam que as palavras escritas no espaço virtual um dia se perderão, ou que podem mantê-las secretas, quando estão lá, para toda a eternidade, expostas em cache, atualizadas em feeds, passíveis de busca por mil expressões que as revelarão?
E depois disso tudo, quando me perguntam se não farei nada com as palavras criminosas que descobri, só tenho a dizer uma frase:
"Eu não chuto cachorro morto."
A principal lição de meu trabalho de detetive eu já aprendi. Nunca confie, para o resto dos teus dias, em quem já te enganou uma vez. Nem perdoe. Nem esqueça.
A porta fechou-se para sempre.
23.11.07

Tu, mestre da auto-sabotagem, não tens do que
reclamar:
teus planos saíram à perfeição.
Respiras delírios, comes ilusões, dormes com
enganos. Culpas a vida, o mundo, os outros,
sempre os outros.
E recebes o troco, a bofetada,
que tu mesmo dás na tua face
quando ousas desnudá-la das máscaras.
... À noite todos os seres obrigam-se
a dormir em sua própria (e indesejada) companhia.
Sem disfarces.
E isso é o que dói.
18.11.07
Anotação para mim mesma:
Por quanto tempo permitirás que a mentira vença?
Por quanto tempo ficarás em dúvida, pesando detalhes, em tua tendência ingênua de achar que outras pessoas são boas, quando te mostram o contrário?
Como podes ser tão mole e achar que a não-ação resolverá algo?
Como podes deixar que mintam sobre ti e te transformem aos olhos de outros em tudo aquilo que mais abominas no mundo?
Como permites, com tantas indicações, que a mentira, o logro e o trauma se perpetuem, por conta da tua tendência de acreditar nos outros?
Anotação para mim mesma: por que insistes em ser boa, quando está claro que estão sendo cruéis contigo?
(tudo tem conseqüências. o medo de agir, também)
Por quanto tempo permitirás que a mentira vença?
Por quanto tempo ficarás em dúvida, pesando detalhes, em tua tendência ingênua de achar que outras pessoas são boas, quando te mostram o contrário?
Como podes ser tão mole e achar que a não-ação resolverá algo?
Como podes deixar que mintam sobre ti e te transformem aos olhos de outros em tudo aquilo que mais abominas no mundo?
Como permites, com tantas indicações, que a mentira, o logro e o trauma se perpetuem, por conta da tua tendência de acreditar nos outros?
Anotação para mim mesma: por que insistes em ser boa, quando está claro que estão sendo cruéis contigo?
(tudo tem conseqüências. o medo de agir, também)
16.11.07

Por que é que acho tanta graça, dou risada mesmo, quando alguém se apaixona por mim (ou demonstra a intenção de), mas quando sou eu quem se apaixona tudo parece tão sério, uma questão de vida ou morte?
Ah, se eu conseguisse achar graça em minha paixão para poder declará-la e rir com ele, quando risse de mim...
15.9.07
http://translationjournal.net/journal/42destino.htm
(Comentário meu sobre o livro maravilhoso de José Henrique Lamensdorf, colega tradutor e escritor de rara racionalidade e sensibilidade em equilíbrio, para o Translation Journal, jornal on-line de/para tradutores)
Quando eu tinha uns 10 anos, deitada na grama do quintal em noites de verão, fitando o mar de estrelas muito além do meu serzinho pequeno e solitário, costumava pensar que não fazia sentido simplesmente nascer, crescer e morrer—tendo alegrias e decepções entre o começo e o fim, mas ao final, morrendo como todos os outros humanos, como os insetos, as flores, os mamíferos e tudo o mais que tivesse vida física. Nessas noites da pré-adolescência, começando a descobrir o mundo, eu procurava respostas simples para perguntas que só se tornariam cada vez mais complicadas, com o passar dos anos.
Certamente, mais ou menos dos dez anos até o fim da vida, a pergunta mais poderosa que nos fazemos é sempre sobre o porquê de estarmos no mundo. Depois vêm outras, e para essas encontramos parte das respostas na filosofia, astronomia—até na astrologia—, psicologia, e outras "ias" criadas para satisfazer nossa ânsia por respostas.
Você alguma vez teve a sensação arrepiante de que esse show legítimo da vida em geral é espantosamente bem coordenado, para ser um mero acaso ou um passatempo de deuses que não compreendemos? Já se espantou com coincidências esquisitas, sincronicidades, marés de sorte ou ondas de extremo azar? Você já teve a impressão de que apesar de sermos as criaturas mais inteligentes a pisar neste planeta, ainda assim não somos os donos do espetáculo e que a equipe de produção falha ocasionalmente, provocando coisas feias como guerras, pragas, grandes catástrofes naturais e outras calamidades? Ao admirar a grandiosidade de uma obra arquitetônica, a beleza extrema de uma estátua ou a sublime elevação do espírito provocada por uma sinfonia vibrante, você já se perguntou por que há tamanha disparidade em talentos, vocações e oportunidades no mundo? E, ao pensar nesse incrível espetáculo da vida, já chegou a perguntar-se para que, afinal, serve tudo isso?
Engenheiros do Destino não lhe impõe um conhecimento profundo, nem pretende mastigar e lhe devolver prontas para consumo teorias complicadíssimas da física ou astronomia. Não tenta convencê-lo de uma verdade absoluta. Não servirá como auto-ajuda no sentido de lhe entregar algumas fórmulas bonitas que, segundo o autor, resolverão se não todos, pelo menos os problemas que o levaram a comprar o livro.
Engenheiros do Destino não quer lhe revelar segredos ocultos há séculos em imagens de pintores famosos, em pisos de igrejas antigas ou papiros recém descobertos. Na verdade, ao ler o livrinho aparentemente singelo—mas realmente estimulante—de José Henrique Lamensdorf, descobrimos que seu maior mérito é tornar claro e explicar o que às vezes intuímos sobre os mais variados temas que nos preocupam.
Lamensdorf nos oferece uma luz reveladora, com a qual aponta a coerência máxima naquilo que vemos como aspectos aparentemente discrepantes da existência.
Nessa teoria geral do funcionamento do universo, ele aborda, com idéias fascinantes e inesperadas, coisas tão diversas como reencarnação, homossexualidade, viagens no tempo, astrologia, poder, fantasmas e aparições, experiências extracorpóreas, transplantes e, até mesmo, o processo de traduzir.
Engenheiros do Destino mexe com as idéias do leitor, levando-o a ampliar as indagações e explicações oferecidas, após cada parágrafo. Não é para preguiçosos mentais. E pode causar efeitos colaterais—essa é, de fato, a intenção de Lamensdorf, ao apresentar os responsáveis pelo real show da vida e um pouquinho do roteiro e da produção envolvida no espetáculo.
Não recomendado para materialistas empedernidos, pessoas sem fé em coisa alguma, pessoas secas e sem um mínimo de humor. Absolutamente contra-indicado para aqueles que consideram que tudo já foi explicado ou que a sua própria teoria é a única que conta.
O livro Engenheiros do destino pode ser comprado:
em inglês:na Amazon: http://www.amazon.com/Engineers-Fate-J-H-Lamensdorf/dp/1419612654; na Booksurge (a editora, que é do grupo Amazon): http://www.booksurge.com/Engineers-of-Fate/A/1419612654.htm;
em português:na editora: http://www.livropronto.com.br//livro/liv_engenheiros_destino.asp.
(Comentário meu sobre o livro maravilhoso de José Henrique Lamensdorf, colega tradutor e escritor de rara racionalidade e sensibilidade em equilíbrio, para o Translation Journal, jornal on-line de/para tradutores)
Quando eu tinha uns 10 anos, deitada na grama do quintal em noites de verão, fitando o mar de estrelas muito além do meu serzinho pequeno e solitário, costumava pensar que não fazia sentido simplesmente nascer, crescer e morrer—tendo alegrias e decepções entre o começo e o fim, mas ao final, morrendo como todos os outros humanos, como os insetos, as flores, os mamíferos e tudo o mais que tivesse vida física. Nessas noites da pré-adolescência, começando a descobrir o mundo, eu procurava respostas simples para perguntas que só se tornariam cada vez mais complicadas, com o passar dos anos.
Certamente, mais ou menos dos dez anos até o fim da vida, a pergunta mais poderosa que nos fazemos é sempre sobre o porquê de estarmos no mundo. Depois vêm outras, e para essas encontramos parte das respostas na filosofia, astronomia—até na astrologia—, psicologia, e outras "ias" criadas para satisfazer nossa ânsia por respostas.
Você alguma vez teve a sensação arrepiante de que esse show legítimo da vida em geral é espantosamente bem coordenado, para ser um mero acaso ou um passatempo de deuses que não compreendemos? Já se espantou com coincidências esquisitas, sincronicidades, marés de sorte ou ondas de extremo azar? Você já teve a impressão de que apesar de sermos as criaturas mais inteligentes a pisar neste planeta, ainda assim não somos os donos do espetáculo e que a equipe de produção falha ocasionalmente, provocando coisas feias como guerras, pragas, grandes catástrofes naturais e outras calamidades? Ao admirar a grandiosidade de uma obra arquitetônica, a beleza extrema de uma estátua ou a sublime elevação do espírito provocada por uma sinfonia vibrante, você já se perguntou por que há tamanha disparidade em talentos, vocações e oportunidades no mundo? E, ao pensar nesse incrível espetáculo da vida, já chegou a perguntar-se para que, afinal, serve tudo isso?
Engenheiros do Destino não lhe impõe um conhecimento profundo, nem pretende mastigar e lhe devolver prontas para consumo teorias complicadíssimas da física ou astronomia. Não tenta convencê-lo de uma verdade absoluta. Não servirá como auto-ajuda no sentido de lhe entregar algumas fórmulas bonitas que, segundo o autor, resolverão se não todos, pelo menos os problemas que o levaram a comprar o livro.
Engenheiros do Destino não quer lhe revelar segredos ocultos há séculos em imagens de pintores famosos, em pisos de igrejas antigas ou papiros recém descobertos. Na verdade, ao ler o livrinho aparentemente singelo—mas realmente estimulante—de José Henrique Lamensdorf, descobrimos que seu maior mérito é tornar claro e explicar o que às vezes intuímos sobre os mais variados temas que nos preocupam.
Lamensdorf nos oferece uma luz reveladora, com a qual aponta a coerência máxima naquilo que vemos como aspectos aparentemente discrepantes da existência.
Nessa teoria geral do funcionamento do universo, ele aborda, com idéias fascinantes e inesperadas, coisas tão diversas como reencarnação, homossexualidade, viagens no tempo, astrologia, poder, fantasmas e aparições, experiências extracorpóreas, transplantes e, até mesmo, o processo de traduzir.
Engenheiros do Destino mexe com as idéias do leitor, levando-o a ampliar as indagações e explicações oferecidas, após cada parágrafo. Não é para preguiçosos mentais. E pode causar efeitos colaterais—essa é, de fato, a intenção de Lamensdorf, ao apresentar os responsáveis pelo real show da vida e um pouquinho do roteiro e da produção envolvida no espetáculo.
Não recomendado para materialistas empedernidos, pessoas sem fé em coisa alguma, pessoas secas e sem um mínimo de humor. Absolutamente contra-indicado para aqueles que consideram que tudo já foi explicado ou que a sua própria teoria é a única que conta.
O livro Engenheiros do destino pode ser comprado:
em inglês:na Amazon: http://www.amazon.com/Engineers-Fate-J-H-Lamensdorf/dp/1419612654; na Booksurge (a editora, que é do grupo Amazon): http://www.booksurge.com/Engineers-of-Fate/A/1419612654.htm;
em português:na editora: http://www.livropronto.com.br//livro/liv_engenheiros_destino.asp.
9.9.07
Precisa-se I
Precisa-se de alguém que invada minha casa, venha até meu canto de trabalho, imprima meu primeiro romance, prontinho e acabado, coloque num envelope e o envie a uma editora, ou mais se possível.
... porque pareço ter um bloqueio sério contra simplesmente imprimir e enviar -- não consigo, não consigo, não consigo.
... porque pareço ter um bloqueio sério contra simplesmente imprimir e enviar -- não consigo, não consigo, não consigo.
Precisa-se II
Precisa-se
que os amigos que já chegaram a ler meus escritos procurem a palavra-chave "Cruel" em seus discos rígidos, pois pode estar ali o original do segundo romance que comecei a escrever e perdi quando troquei de micro (sei que entreguei a duas pessoas no mínimo, mas essas não se deram ao trabalho de procurar...).
que os amigos que já chegaram a ler meus escritos procurem a palavra-chave "Cruel" em seus discos rígidos, pois pode estar ali o original do segundo romance que comecei a escrever e perdi quando troquei de micro (sei que entreguei a duas pessoas no mínimo, mas essas não se deram ao trabalho de procurar...).
3.9.07
The Art of Losing
Verdadeiramente eu:
The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent to be lost
that their loss is no disaster.
Lose something every day.
Accept the fluster of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant to travel.
None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch.
And look! my last, or next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones.
And, vaster, some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
--Even losing you (the joking voice, a gesture I love)
I shan't have lied.
It's evident the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.
(Elizabeth Bishop, poeta norte-americana, 1911-1979)
21.7.07

... e esta parece uma velha louca, esquizofrênica árvore a delirar para sempre, imóvel, enfeitada com seus trapos, achando-se linda.
(fotografias tiradas em Sans Souci, Eldorado do Sul, RS, hoje -- em passeio de volta ao lugar que durante um tempo me pareceu o melhor do mundo -- ainda parece, mas lá não tem cinema, colégio bom, shopping, tele-entrega, etc...)
(fotografias tiradas em Sans Souci, Eldorado do Sul, RS, hoje -- em passeio de volta ao lugar que durante um tempo me pareceu o melhor do mundo -- ainda parece, mas lá não tem cinema, colégio bom, shopping, tele-entrega, etc...)
14.7.07
Wild Honey

Poucas pessoas nesse mundo me surpreendem. Muitas me surpreendem para pior. Poucas para melhor.
Algumas pessoas têm mania de fazer promessas e não cumprir. Prometem espontaneamente e não cumprem. Não consigo imaginar coisa mais inútil que prometer algo que não foi pedido e não cumprir a promessa.
Steven nunca prometeu nada. Nunca disse ser nada que não era. Nunca se fez de sexy, nunca posou de artista, nunca afirmou ser um grande pai, um tremendo profissional esforçado. Também nunca prometeu romance. Nem tentou.
Steven não é de promessas.
Steven é o tipo de cara que não faz propaganda. Apresenta o produto.
Existem pessoas que andam pela vida da gente sutilmente, e fazem muito, independentemente da distância, da diferença cultural, dos hábitos, do fuso horário, de tudo.
Steven nunca prometeu ler meu blog. Sequer disse que um dia leria. Mas leu. E lê sempre. Mesmo entendendo pouco português. Keep being good, darling. Just good. You're excellent in being good ;-) I'll keep waiting for your honey, eyeing the bees....
"Wild Honey" - U2
In the days
When we were swinging from the trees
I was a monkey
Stealing honey from a swarm of bees
I could taste
I could taste you even then
And I would chase you down the wind
You can go there if you please
Wild honey
And if you go then go with me
Wild honey
Did I know you
Did I know you even then
Before the clocks began time
Before the world was made
From the cruel sun
You were sheltered
You were my shelter and my shade
If you go there with me
Wild honey
You can do just what you please
Wild honey
Yeah, just blowing in the breeze
Wild honey
Wild, wild, wild
I'm still standing
I'm still standing where you left me
Are you still growing wild
With everything tame around you
I send you flowers
Could flowers thaw you heart
I know your garden is full
But is there sweetness at all
What is soul
Love me
Give me soul
If you go then go with me
Wild honey
Won't you take me, take me please
Wild honey
Yeah, swinging through the trees
Wild honey
Wild, wild, wild
27.6.07
. . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 . . . 100 .
Caros.
Quando o Romário fez seu "Gol 1.000", comentei aqui em casa: "Ih, ó o cara aí. Eu sei fazer gols, mas ele não sabe traduzir. Ele faz 1.000 gols e o mundo olha pra ele. Eu vou para o meu centésimo livro e o mundo nunca ouviu falar de mim. Garanto que o Romário não traduz, e acho que nunca leu nem 10 livros."
Pois ontem o Sedex me trouxe meu CENTÉSIMO livro para traduzir. Felizmente, um livro interessante, lindo, de massagem pediátrica. Agora, ao lado dele, estão me esperando ainda o livro número 97 e 98. Estou com três livros para traduzir bem aqui (e mais 80.000 palavras de mecânica...).
Esta semana, portanto, estou celebrando, apertando minhas próprias mãos em cumprimento (porque pessoalmente ninguém fez isso ainda, exceto minha mãe, mas mãe não conta, né?).
Depois de uns 70 e-mails de cumprimento dos meus amigos tradutores, comeceu a ficar melancólica e até agradeci publicamente ao meu grande anjo platônico, quando se manifestou dizendo que se sentia especialmente gratificado com minha conquista. Deve mesmo sentir-se.
Depois de 20 anos traduzindo, venho aqui, ao som de "Smile", do David Gilmour (calminha que dá gosto), compartilhar com vocês duas idéias, extraídas dessas minhas meditações na comemoração aos 100 livros.
Uma delas é que finalmente minha árvore tradutória amadureceu e os frutos caem em minha cabeça. Já não preciso subir na árvore, desesperada, buscando frutinhos ainda pequenos e verdes, ansiando pela colheita farta. A árvore levou uns 19 anos para firmar, mas agora posso colher seus frutos. Isso me alegra.
A outra é que acho que, pretensiosamente, vou fundar o Clube dos 100. Não que o clube vá ter 100 sócios. Não.
Terá uma dúzia, no máximo. Clube dos Tradutores do Inglês que já Traduziram 100 livros. Clube dos 100, portanto. Esse clube restrito, selecionadíssimo, o fino da elite (mal paga) das editoras, formado por felizes e exaustos tradutores que já verteram lágrimas sobre o teclado do computador, bem poderia servir a um fim bem legal: já pensou se cada um deles doasse seus 100 ou mais livros a uma biblioteca? Já pensou se cada um deles pedisse 6 exemplares de cada livro que traduziu às editoras (geralmente recebemos um, no máximo 2 exemplares) e, no conjunto, então, formássemos 6 minibibliotecas com 1.200 livros para doar à comunidade? Já pensou?
... Deixa.
Acho que a consciência de que num país que não lê eu consegui traduzir cem livros me subiu à cabeça e me deixou meio assim... boba, entende?
Mas eu mereço ficar boba uma vez a cada vinte anos.
Parabéns pra mim.

Quando o Romário fez seu "Gol 1.000", comentei aqui em casa: "Ih, ó o cara aí. Eu sei fazer gols, mas ele não sabe traduzir. Ele faz 1.000 gols e o mundo olha pra ele. Eu vou para o meu centésimo livro e o mundo nunca ouviu falar de mim. Garanto que o Romário não traduz, e acho que nunca leu nem 10 livros."
Pois ontem o Sedex me trouxe meu CENTÉSIMO livro para traduzir. Felizmente, um livro interessante, lindo, de massagem pediátrica. Agora, ao lado dele, estão me esperando ainda o livro número 97 e 98. Estou com três livros para traduzir bem aqui (e mais 80.000 palavras de mecânica...).
Esta semana, portanto, estou celebrando, apertando minhas próprias mãos em cumprimento (porque pessoalmente ninguém fez isso ainda, exceto minha mãe, mas mãe não conta, né?).
Depois de uns 70 e-mails de cumprimento dos meus amigos tradutores, comeceu a ficar melancólica e até agradeci publicamente ao meu grande anjo platônico, quando se manifestou dizendo que se sentia especialmente gratificado com minha conquista. Deve mesmo sentir-se.
Depois de 20 anos traduzindo, venho aqui, ao som de "Smile", do David Gilmour (calminha que dá gosto), compartilhar com vocês duas idéias, extraídas dessas minhas meditações na comemoração aos 100 livros.
Uma delas é que finalmente minha árvore tradutória amadureceu e os frutos caem em minha cabeça. Já não preciso subir na árvore, desesperada, buscando frutinhos ainda pequenos e verdes, ansiando pela colheita farta. A árvore levou uns 19 anos para firmar, mas agora posso colher seus frutos. Isso me alegra.
A outra é que acho que, pretensiosamente, vou fundar o Clube dos 100. Não que o clube vá ter 100 sócios. Não.
Terá uma dúzia, no máximo. Clube dos Tradutores do Inglês que já Traduziram 100 livros. Clube dos 100, portanto. Esse clube restrito, selecionadíssimo, o fino da elite (mal paga) das editoras, formado por felizes e exaustos tradutores que já verteram lágrimas sobre o teclado do computador, bem poderia servir a um fim bem legal: já pensou se cada um deles doasse seus 100 ou mais livros a uma biblioteca? Já pensou se cada um deles pedisse 6 exemplares de cada livro que traduziu às editoras (geralmente recebemos um, no máximo 2 exemplares) e, no conjunto, então, formássemos 6 minibibliotecas com 1.200 livros para doar à comunidade? Já pensou?
... Deixa.
Acho que a consciência de que num país que não lê eu consegui traduzir cem livros me subiu à cabeça e me deixou meio assim... boba, entende?
Mas eu mereço ficar boba uma vez a cada vinte anos.
Parabéns pra mim.
4.5.07
Diário de Uma Mulher Comum XII

Isso de se sentir ridícula é falta do que fazer, baby.
Yeap.
Ontem, pré-estréia do Homem-Aranha 3.
Levei minha filha ao 1. Levei minha filha ao 2. Desta vez, ela só poderia ir comigo segunda ou terça-feira, e como nossa agenda está lotada para 2a e 3a feira próximas (graças a DEEEEEEEUS!), encaramos uma pré-estréia, à 00:01.
Cinema lotadíssimo, acho que eu e mais meia dúzia éramos os mais velhos ali. Turma variando de 25 a 18 anos. Uma festa, com direito a parabéns de todo mundo a alguém lá no meio da platéia (antes de começar, porque esperamos meia hora sentados até o início do filme), hino do Grêmio, bateção de pé nos comerciais, assovios e tudo o mais, permeado por um cheiro insuportável de pipoca.
Valeu a pena.
O que mais gostei? O Homem de Areia.
Antes disso, a única vez em que eu havia ido ao cinema tão tarde foi na infância. Véspera de Natal, meia-noite, sessão do Mogli, com meu pai. Depois só fui mais uma vez ao cinema com meu pai, assistir 2001, Uma Odisséia no Espaço. Eu, pequena, discutindo com ele detalhes do filme. Nunca esqueci, assim como nunca esqueci que deveria ter levado mais meu pai ao cinema (agora é tarde pra arrependimentos..).
Mas enquanto escutava e via a farra antes do filme, recordei (eu que não sou dessas coisas) as matinés da minha pré-adolescência.
Todo fim-de-semana, sagradamente, o Cine Rey, lá na galeria superior, que era onde eu gostava de sentar, e as guerras de pipocas, bolas de papel, os filmes de faroeste (que eu adorava) e os grandes épicos. Nenhum filme muito novo, mas sempre a mesma emoção. Talvez eu tenha assistido a um musical, mas francamente, acho que as matinés eram uma sucessão de filmes bíblicos e faroeste. Não importava. Bom mesmo era vestir a calça jeans e todos os domingos saber que ia ao cinema, eu e meu irmão mais novo.
Enquanto recordava, lembrei:
Cada saco de pipoca. Cada ingresso. Cada pacotinho de Bibs crocante. E também cada passagem de ônibus. Cada pequenina coisinha dessas saía do bolso de uma mulher que tinha três filhos e fazia milagres para dar a eles tudo o que os outros tinham.
Eu tinha uma única calça de passear (cor-de-rosa, deus me livre) e uma calça jeans que nem era jeans, mas "brim" (Topeka ou US.Top, não lembro). Tênis era o Bamba, porque fora isso só os importados. E quando roubaram minha calça cor-de-rosa do varal, ficaram só as jeans e minha mãe correu pra mandar fazer (mandar fazer!, ainda existe isso?) uns vestidinhos para mim.
Mesmo assim, entre altos e baixos, estudei metade do tempo em escola pública, metade em escola particular (dependia do recheio da bolsa da minha mãe).
Meu pai vivia de sonhos. Minha mãe vivia de contas a pagar, que a impeliam à frente. Como eu.
Hoje, acordamos cedo e fomos a outro colégio particular, depois que o Sevigné "recusou" minha filha, sem mais explicações, me trazendo uma depressão, a sensação de ser ridícula, feia e pobre. Encantamo-nos e minha filha não apenas foi aceita, como desde o primeiro momento a trataram como aluna (o contrário do Sevigné, onde tive a impressão de que precisava convencê-los de que merecíamos pisar lá).
Então o que têm o Homem-Aranha e o Colégio Champagnat a ver um com o outro?
Nada.
Exceto uma mãe que faz tudo, absolutamente tudo para que a filha tire boas fotos mentais de sua vida, tenha bons exemplos para quando for ela mesma mãe, possa reviver mentalmente, um dia, esses nossos momentos e o meu esforço para lhe dar as coisas materiais que meu bolso permite, os abraços que meus braços contêm e os sonhos que minha alma transpira.
Já não sou-estou ridícula.
E só o que faltava para eu melhorar eram sonhos -- seja na forma de um filme, ou de um colégio ideal.
1.5.07
Isso de se sentir ridícula é muito relativo, meu bem. É coisa da tua cabeça, principalmente (se te convenceres disso, mesmo que não seja exclusivamente efeito da idade e da gravidade, já terás um pouco de satisfação).
Essa sensação de seres-estares ridícula é tua, apenas. Basta teres em mente (se o ridículo permitir espaço) que outros não sabem que te vês assim. Para eles, estás bem. És boa. És acima da média em muita coisa, embora teus emaranhados conflitos te digam sempre, apontando um dedo sujo: "ridícula! ridícula!"
Isso de te sentires ridícula passa.
Talvez daqui a alguns anos.
Mas passa.
Essa sensação de seres-estares ridícula é tua, apenas. Basta teres em mente (se o ridículo permitir espaço) que outros não sabem que te vês assim. Para eles, estás bem. És boa. És acima da média em muita coisa, embora teus emaranhados conflitos te digam sempre, apontando um dedo sujo: "ridícula! ridícula!"
Isso de te sentires ridícula passa.
Talvez daqui a alguns anos.
Mas passa.
25.4.07
Incongruente
Com um suspiro, deito às 4 para despertar às 7 e torço a rótula do joelho ao levantar.
Meia hora depois, aonde foi o tempo, tanto a fazer e as expectativas todas de que hoje sim, vai ser um grande dia -- e mais lindo que esse céu cinza-chumbo e o vento geladinho é minha alma que fica cantando e rindo ao ler o jornal onde hoje não, nada de crimes. Fico sabendo que nos quartéis serviam coxas e asas de galinha e perguntavam: "Vai decolar ou quer o trem de pouso?"
Café, rua.
E eu nem sei o que vestir, nunca.
E eu nem sei como olhar nos olhos das pessoas formais, tão normais, e preciso conferir o que é que se usa quando se é entrevistado para ver se aceitam nossa filha numa escola melhor. Como é que me visto para ir a uma escola melhor se sou "só" mãe, tradutora, pretendente tola a escritora, se por dentro me visto tantas vezes de tanta coisa diferente e por fora, sei lá, nunca tenho idéia se estou bem. Surpreendo-me porque pareço estar mais bem vestida do que a média das mulheres que vejo lá (mas decido que hoje só vieram as mal vestidas, de modo que eu estar bem nem é vantagem) -- e ainda assim, não estou à vontade nunca, mesmo sabendo que ninguém me olha. Eu não chamo a atenção (e uma hora depois é isso que me entristece, quando pouco antes me alegrou porque, pelo menos, me ajusto à multidão, não sou um absurdo ambulante -- externamente, ao menos).
Eu não chamo mais a atenção.
Suspiro.
E mais um suspiro.
Eu acho que não, pelo menos.
Incongruente, passo duas horas deprimidíssima. Eu sou a palhaça que tem um sonho. Um não. Talvez uns três ou quatro, dois deles grandiosos, dois nem tanto assim. E no entanto, Sísifo sempre rola pra baixo com sua pedra, de modo que qualquer sonho é mais ou menos em vão.
(enquanto isso, vou vivendo entre o colapso e o êxtase)
E rio novamente quando alguém me chama a atenção contando que nesse exato momento tem alguém muito mais triste que eu. E com motivos.
Decido que sou feliz.
Mas o telefonema não vem.
Entretanto, aquela voz (Denise!) que tento recapturar da adolescência fala direto no meu ouvido, no telefonema após tantos anos e já de novo sou -- feliz.
Muito feliz.
Uma privilegiada, talentosa, cheia de encantos.
Talvez daqui a pouco eu-boneca-de-pano me deite trapo. E acorde princesa.
Já nem sei.
Chego a pensar que sou bipolar.
(será que existe algo como alguém tri ou quadripolar? Rá, tá vendo como sou incongruente, pra não dizer burra?)
Vou acabar me acostumando. Se é verdade que piscianos são influenciados pelo cosmos, com essa loucura que anda no mundo também estamos ficando loucas.
Tá explicado, enfim.
Meia hora depois, aonde foi o tempo, tanto a fazer e as expectativas todas de que hoje sim, vai ser um grande dia -- e mais lindo que esse céu cinza-chumbo e o vento geladinho é minha alma que fica cantando e rindo ao ler o jornal onde hoje não, nada de crimes. Fico sabendo que nos quartéis serviam coxas e asas de galinha e perguntavam: "Vai decolar ou quer o trem de pouso?"
Café, rua.
E eu nem sei o que vestir, nunca.
E eu nem sei como olhar nos olhos das pessoas formais, tão normais, e preciso conferir o que é que se usa quando se é entrevistado para ver se aceitam nossa filha numa escola melhor. Como é que me visto para ir a uma escola melhor se sou "só" mãe, tradutora, pretendente tola a escritora, se por dentro me visto tantas vezes de tanta coisa diferente e por fora, sei lá, nunca tenho idéia se estou bem. Surpreendo-me porque pareço estar mais bem vestida do que a média das mulheres que vejo lá (mas decido que hoje só vieram as mal vestidas, de modo que eu estar bem nem é vantagem) -- e ainda assim, não estou à vontade nunca, mesmo sabendo que ninguém me olha. Eu não chamo a atenção (e uma hora depois é isso que me entristece, quando pouco antes me alegrou porque, pelo menos, me ajusto à multidão, não sou um absurdo ambulante -- externamente, ao menos).
Eu não chamo mais a atenção.
Suspiro.
E mais um suspiro.
Eu acho que não, pelo menos.
Incongruente, passo duas horas deprimidíssima. Eu sou a palhaça que tem um sonho. Um não. Talvez uns três ou quatro, dois deles grandiosos, dois nem tanto assim. E no entanto, Sísifo sempre rola pra baixo com sua pedra, de modo que qualquer sonho é mais ou menos em vão.
(enquanto isso, vou vivendo entre o colapso e o êxtase)
E rio novamente quando alguém me chama a atenção contando que nesse exato momento tem alguém muito mais triste que eu. E com motivos.
Decido que sou feliz.
Mas o telefonema não vem.
Entretanto, aquela voz (Denise!) que tento recapturar da adolescência fala direto no meu ouvido, no telefonema após tantos anos e já de novo sou -- feliz.
Muito feliz.
Uma privilegiada, talentosa, cheia de encantos.
Talvez daqui a pouco eu-boneca-de-pano me deite trapo. E acorde princesa.
Já nem sei.
Chego a pensar que sou bipolar.
(será que existe algo como alguém tri ou quadripolar? Rá, tá vendo como sou incongruente, pra não dizer burra?)
Vou acabar me acostumando. Se é verdade que piscianos são influenciados pelo cosmos, com essa loucura que anda no mundo também estamos ficando loucas.
Tá explicado, enfim.
Com endereço certo

"In Your Eyes" - Peter Gabriel
love I get so lost, sometimes
days pass and this emptiness fills my heart
when I want to run away
I drive off in my car
but whichever way I go
I come back to the place you are
all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside
in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light
the heat I see in your eyes
love, I don't like to see so much pain
so much wasted and this moment keeps slipping away
I get so tired of working so hard for our survival
I look to the time with you to keep me awake and alive
and all my instincts, they return
and the grand facade, so soon will burn
without a noise, without my pride
I reach out from the inside
in your eyes
the light the heat
in your eyes
I am complete
in your eyes
I see the doorway to a thousand churches
in your eyes
the resolution of all the fruitless searches
in your eyes
I see the light and the heat
in your eyes
oh, I want to be that complete
I want to touch the light,
the heat I see in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes
in your eyes in your eyes
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