Centro da cidade.
Meio da tarde.
Passo. Ele me olha. Cinqüentão, olhos azuis, cabelos que já devem ter sido loiros, grandalhão (por que mulheres pequenas atraem grandalhões? Não respondam – tenho teorias safadas sobre isso). Eu o olho (acho que o planeta inteiro sabe que gosto de homens claros). Desvio o olhar (para que ir em frente?). Olho de novo (será que ainda está olhando?). Está, fixamente. Entro no bar. Vou pagar um café. Ele na rua, indeciso. Pela última vez baixo meu olhar. Some-se o homem. Sinto-me aliviada. Mais uma vez deixei de me dar mal.
“Tu és o meu tipo”, diz o azul dos olhos dele.
“Será? Poderias ser o meu, mas uma década atrás, quando eu ainda não sabia que olhares são poços sem fundo”
“Quem sabe, então?...”
“Não sei não...Já não sou suicida...”
“Talvez...”
“Não, definitivamente não. Tenho mais olhares para analisar no mundo, não preciso me atirar no teu.”
Quanta coisa se diz sem palavras em trinta segundos!
4 comentários:
Um diálogo interno e externo de dar gosto ma boca.
Framboesa.
Passe lá:
http://literaturacorporal.blogspot.com
Um beijo.
Paulo.
Dayse, te acorrentei. Passe lá no DiCla, qdo puderes e nos dê a honra de conhecer sua vida literária. Qto ao charmoso cinqüentão, eu me faria de difícil, se ele quiser que venha atrás.
Vê como me acho aqui? Um olhar diz mais que mil palavras em 3 segundos. E mais uma vez penso no meu bebê, que me diz tanta coisa e até da sua própria contradição em dizer e desdizer com esse mesmo olhar. Qdo dançamos, o jeito que o cavalheiro te olha, qdo rola uma química, é tudo. É divino, no sentido sobrenatural e mágico da palavra.
O olhar dele não me diz que ele tem mais olhares para analisar, mas as próprias palavras saídas de sua própria boca.
Bjo!
Dayse
Acho essas "cenas" das melhores coisas que pode nos acontecer num dia. Adoro isso... essa coisa da sedução momentânea no olhar. É sempre um momento gostoso, mesmo se não for pra frente.
Don't elaborate! Enjoy!
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