E ela fala dormindo.
Conversa com pessoas invisíveis.
Conta coisas. Escuta. Responde.
Pelo menos, tem companhia.
26.5.10
Faltam poucas horas para a minha mãe internar-se.
"Exames", dizem os médicos. Tons of tests.
"A internação pode durar três dias ou três meses", dizem eles. E ela lhe dá aquele olhar meio perdido, meio "eu sei tudo", no meio dos seus ai-ai-ais.
São tantos ai, ai, ais.
Cinco dias na minha casa, na minha cama, e milhaaaaaaares de aiaiais depois, eu já nem sei direito quem sou.
Sou uma dor imensa.
Uma solidão que não pode ser preenchida.
Sou a que se perdeu de si.
E segue às cegas por aí, dando de cara com o Destino.
"Exames", dizem os médicos. Tons of tests.
"A internação pode durar três dias ou três meses", dizem eles. E ela lhe dá aquele olhar meio perdido, meio "eu sei tudo", no meio dos seus ai-ai-ais.
São tantos ai, ai, ais.
Cinco dias na minha casa, na minha cama, e milhaaaaaaares de aiaiais depois, eu já nem sei direito quem sou.
Sou uma dor imensa.
Uma solidão que não pode ser preenchida.
Sou a que se perdeu de si.
E segue às cegas por aí, dando de cara com o Destino.
10.5.10
Sou uma filha pequena de Deus.
Pequena. Bem pequena.
Muito pequenina.
É bom lembrar disso, porque filhos pequenos têm muito a aprender com a vida e com as quedas.
Eu tenho.
Lição de humildade pra lá de corretiva, ver a mãe chorando de dor e não poder fazer mais que comprar remédio e dar o ombro pra ela molhar.
Pequena. Bem pequena.
Muito pequenina.
É bom lembrar disso, porque filhos pequenos têm muito a aprender com a vida e com as quedas.
Eu tenho.
Lição de humildade pra lá de corretiva, ver a mãe chorando de dor e não poder fazer mais que comprar remédio e dar o ombro pra ela molhar.
E aí você pergunta: "Mas pô, que merda, só acontece coisa ruim na tua vida ultimamente?"
Ah, não.
O Banco diz que minha pontuação (o índice de confiança no banco em mim) é hipermegaalta e me dá um cartãozinho com chip e um aparelhinho que libera tudo, como se eu estivesse dentro do banco (agora fica mais fácil eu gastar tudo o que ganho no mesmo dia, pagando contas, já que meus limites de transferência acabaram com o desbloqueitor dinheireitor Tabajara deles). Além disso, aumentam absurdamente meus limites (compras parceladas, cheque especial, limite para empréstimos instantâneos). Valeu, Banrisul. Tô feliz da vida porque posso afundar le-gal, com essa tentação toda.
Corrigindo: estaria feliz, porque a geladeira e a mesa de jantar novas ficam pra São Nunca, agora que eu gasto uns 500 reais de remédios, mais uns 400 para alguém dar uma cuidadinha na mãe quando não estou com ela, mais isso, mais aquilo e mais aquilo outro. Mas ó: eu venderia a alma, se isso ajudasse minha mãe a ficar boa.
Ah, e pra não dizer que na real, na real *mesmo* nem tudo anda ruim: comi bergamota (mexerica) bem docinha, ao sol (antes de praticamente quebrar minha rótula deixando a estufa cair sobre a minha perna).
E arranquei mato. Ô, como adoro arrancar mato dos canteiros de qualquer pessoa, já que eu não tenho canteiros próprios.
Ah, não.
O Banco diz que minha pontuação (o índice de confiança no banco em mim) é hipermegaalta e me dá um cartãozinho com chip e um aparelhinho que libera tudo, como se eu estivesse dentro do banco (agora fica mais fácil eu gastar tudo o que ganho no mesmo dia, pagando contas, já que meus limites de transferência acabaram com o desbloqueitor dinheireitor Tabajara deles). Além disso, aumentam absurdamente meus limites (compras parceladas, cheque especial, limite para empréstimos instantâneos). Valeu, Banrisul. Tô feliz da vida porque posso afundar le-gal, com essa tentação toda.
Corrigindo: estaria feliz, porque a geladeira e a mesa de jantar novas ficam pra São Nunca, agora que eu gasto uns 500 reais de remédios, mais uns 400 para alguém dar uma cuidadinha na mãe quando não estou com ela, mais isso, mais aquilo e mais aquilo outro. Mas ó: eu venderia a alma, se isso ajudasse minha mãe a ficar boa.
Ah, e pra não dizer que na real, na real *mesmo* nem tudo anda ruim: comi bergamota (mexerica) bem docinha, ao sol (antes de praticamente quebrar minha rótula deixando a estufa cair sobre a minha perna).
E arranquei mato. Ô, como adoro arrancar mato dos canteiros de qualquer pessoa, já que eu não tenho canteiros próprios.
E aí eu vou cuidar da mãe e levo meu modem 3G da TIM (TIM MATA, OTÁRIO).
Com crédito, tento 6 vezes ativar o pacote dia, que custa 10 reais por 24 horas.
Não consigo, como da outra vez. Aparece mensagem de "serviço indisponível" no software de conexão.
Consigo conexão avulsa, 1 real por cada mega que baixo.
Alguns minutos depois, tento ativar novamente o pacote dia, e daí dá a mensagem esperada, para eu aguardar confirmação.
Que não vem.
O que vem é uma mensagem de "Você não tem saldo suficiente para esta operação".
Resumo da ópera: a TIM está roubando os clientes, "saindo do ar" para ativar 250 MB por 10 reais, mas aceitando que a gente conecte a 1 real por MB. E, obviamente, quando a gente já não tem mais 10 reais porque gastou 6 reais em conexão avulsa por necessidade de trabalho, aí a operadora FAZ DE CONTA que iria permitir a ativação, mas aí a gente NÃO TEM MAIS SALDO, então não dá mais pra conectar pelo plano dia, anyway.
Como eu sou otária.
Com crédito, tento 6 vezes ativar o pacote dia, que custa 10 reais por 24 horas.
Não consigo, como da outra vez. Aparece mensagem de "serviço indisponível" no software de conexão.
Consigo conexão avulsa, 1 real por cada mega que baixo.
Alguns minutos depois, tento ativar novamente o pacote dia, e daí dá a mensagem esperada, para eu aguardar confirmação.
Que não vem.
O que vem é uma mensagem de "Você não tem saldo suficiente para esta operação".
Resumo da ópera: a TIM está roubando os clientes, "saindo do ar" para ativar 250 MB por 10 reais, mas aceitando que a gente conecte a 1 real por MB. E, obviamente, quando a gente já não tem mais 10 reais porque gastou 6 reais em conexão avulsa por necessidade de trabalho, aí a operadora FAZ DE CONTA que iria permitir a ativação, mas aí a gente NÃO TEM MAIS SALDO, então não dá mais pra conectar pelo plano dia, anyway.
Como eu sou otária.
A propósito do gato com tumor: o Negão (o meu gato pretão) morreu.
Segunda-feira ele esgotou a sua sétima vida (ele devia ter nascido americano, já que lá gatos têm "nine lives" (nove vidas).
Não foi o tumor que o matou.
Foi insuficiência renal, que causou encefalopatia.
Chorei, chorei, chorei, chorei.
Aproveitei pra chorar pelo Negão e pelo resto das coisas que doem.
Chorei inclusive pelas pessoas estúpidas que no domingo dizem, lá do hospital veterinário que "o Negão tá bem, tá comendo e se movimentando muito" e na segunda ligam pra dizer que se enganaram, que o Negão morreu e nem chegou a comer, em nem um minuto, que quem comeu e estava bem era um outro gato preto.
E agora o Kinim, meu outro gato preto, chora "muau muau muau" bem alto, hora sim, outra também, à procura do seu amigo que não existe mais.
Que saudade da minha vida de dois meses atrás.
Segunda-feira ele esgotou a sua sétima vida (ele devia ter nascido americano, já que lá gatos têm "nine lives" (nove vidas).
Não foi o tumor que o matou.
Foi insuficiência renal, que causou encefalopatia.
Chorei, chorei, chorei, chorei.
Aproveitei pra chorar pelo Negão e pelo resto das coisas que doem.
Chorei inclusive pelas pessoas estúpidas que no domingo dizem, lá do hospital veterinário que "o Negão tá bem, tá comendo e se movimentando muito" e na segunda ligam pra dizer que se enganaram, que o Negão morreu e nem chegou a comer, em nem um minuto, que quem comeu e estava bem era um outro gato preto.
E agora o Kinim, meu outro gato preto, chora "muau muau muau" bem alto, hora sim, outra também, à procura do seu amigo que não existe mais.
Que saudade da minha vida de dois meses atrás.
O lado irônico de ajudar uma mãe doente é que ninguém *me* ajuda e, então, eu deixo cair a estufa tipo radiador, beeeeem pesada, sobre a minha perna e, principalmente, o meu joelho, quando retiro da caixa e tento virar o presente de dia das Mães de cabeça para baixo para ajeitar os rodízios.
Resultado: joelho esquerdo PRETO, muito inchadão e muita dificuldade para caminhar.
Mas não vou ao médico, não. Se for, ele enfaixa ou engessa, e aí não vou poder ajudar a mãe e mesmo sozinha ninguém vai me ajudar, se eu não for ajudá-la..................
Resultado: joelho esquerdo PRETO, muito inchadão e muita dificuldade para caminhar.
Mas não vou ao médico, não. Se for, ele enfaixa ou engessa, e aí não vou poder ajudar a mãe e mesmo sozinha ninguém vai me ajudar, se eu não for ajudá-la..................
Whatever you give a woman, she's going to multiply.
If you give her sperm, she'll give you a baby.
If you give her a house, she'll give you a home.
If you give her groceries, she'll give you a meal.
If you give her a smile, she'll give you her heart.
She multiplies and enlarges what is given to her.
So--if you give her any crap, you can expect a ton of shit.
(Found in http://www.netfunny.com/rhf/jokes/09/Feb/giving_woman.html)
If you give her sperm, she'll give you a baby.
If you give her a house, she'll give you a home.
If you give her groceries, she'll give you a meal.
If you give her a smile, she'll give you her heart.
She multiplies and enlarges what is given to her.
So--if you give her any crap, you can expect a ton of shit.
(Found in http://www.netfunny.com/rhf/jokes/09/Feb/giving_woman.html)
3.5.10
21.4.10
"And time goes by so slowly, and time can do so much...
Wait for me..." (Unchained melody)
O tempo agora se arrasta - e ao mesmo tempo corre.
Eu estou confusa. Por que, antes, os dias eram tão curtos e agora passam tão lentamente?
E ao mesmo tempo, por que passam, se é só para chegarem àquele em que o tempo vai parar?
Para sempre.
Estou desorientada.
Totalmente perdida e o que sinto vontade de dizer é: "Não te esquece, tudo o que eu fizer é para o teu bem. Sempre foi assim. Não te esquece que eu te amo e se parecer que eu te traí, é porque não pude suportar teu sofrimento ao ouvir a verdade. Perdoa, mas pela primeira vez na vida não estou sendo sincera contigo, porque tu eras para ser eterna, e não te perdoo por não seres."
Mas serás, sim.
(palavras não mudam nada, mas talvez escrevendo eu me convença que minha etapa de Alice ou Pollyanna na vida realmente, definitivamente, acabou.)
Sinto a maior solidão do mundo (e eu nunca senti solidão).
19.4.10
Eu não conhecia na pele o significado da palavra desespero.
Agora, a cada minuto que passa, ela se incorpora em mim, mais e mais.
São pequenas coisas recordadas, como uma indagação brincalhona "Será que estarei viva em 2014, quando a Copa for no Brasil?", ou nossos planos de eu voltar a morar perto dela. É o amor existente há décadas, infinito, recíproco, generoso de ambos os lados, tolerante e encantador.
De repente, o mundo perde o compasso, e o tempo adquire outro significado.
Só o que se quer é livrar alguém da dor. O que se quer é não ser tão impotente.
E de repente, perdemos o chão e toda a nossa grande sabedoria espiritual sucumbe, varrida pelo horror e rebaixada a um amor que nada pode.
E a gente percebe que, enfim, acordou.
Que essa é a verdadeira dor.
Eu não quero acordar.
Não vou suportar.
Agora, a cada minuto que passa, ela se incorpora em mim, mais e mais.
São pequenas coisas recordadas, como uma indagação brincalhona "Será que estarei viva em 2014, quando a Copa for no Brasil?", ou nossos planos de eu voltar a morar perto dela. É o amor existente há décadas, infinito, recíproco, generoso de ambos os lados, tolerante e encantador.
De repente, o mundo perde o compasso, e o tempo adquire outro significado.
Só o que se quer é livrar alguém da dor. O que se quer é não ser tão impotente.
E de repente, perdemos o chão e toda a nossa grande sabedoria espiritual sucumbe, varrida pelo horror e rebaixada a um amor que nada pode.
E a gente percebe que, enfim, acordou.
Que essa é a verdadeira dor.
Eu não quero acordar.
Não vou suportar.
21.3.10
As Rosas Não Falam
"devias vir, para ver os meus olhos tristonhos e, quem sabe, sonhavas meus sonhos, por fim" (Cartola)
Segunda-feira passada fiz aniversário e recebi um buquê de rosas vermelhas de alguém que nunca vi e sobre quem não sei nada.
Sei seu nome, e só.
Ele me admira por ouvir falar de mim, por ver uma foto minha. Fantasia.
Foi tocante receber essas rosas. E eu não costumo me emocionar com presentes que não demonstrem algum sacrifício ou um ato generoso da alma.
As rosas foram os dois.
As rosas não falam/simplesmente as rosas exalam/a bondade que existe em ti.
OBRIGADA.
Segunda-feira passada fiz aniversário e recebi um buquê de rosas vermelhas de alguém que nunca vi e sobre quem não sei nada.
Sei seu nome, e só.
Ele me admira por ouvir falar de mim, por ver uma foto minha. Fantasia.
Foi tocante receber essas rosas. E eu não costumo me emocionar com presentes que não demonstrem algum sacrifício ou um ato generoso da alma.
As rosas foram os dois.
As rosas não falam/simplesmente as rosas exalam/a bondade que existe em ti.
OBRIGADA.
Satisfação...
... é ouvir minha filha de 14 anos dizer: "Mãe, como tu és querida."
Dentre alguns elogios e tantos eu te amo, eu jamais havia ouvido minha filha dizer que eu sou "querida".
Não sei por que fiquei tão satisfeita.
Talvez porque em geral eu escute que sou:
mandona. preocupada. ocupada. consciente. ajuizada. sensata. carinhosa. correta.
Mas querida?
oooooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...
Adorei.
Dentre alguns elogios e tantos eu te amo, eu jamais havia ouvido minha filha dizer que eu sou "querida".
Não sei por que fiquei tão satisfeita.
Talvez porque em geral eu escute que sou:
mandona. preocupada. ocupada. consciente. ajuizada. sensata. carinhosa. correta.
Mas querida?
oooooooooooooohhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...
Adorei.
7.3.10
Reviranças
Esse blog tinha (quando ainda se chamava Sísifo's Place) um montããããão de visitantes. Não chegava a ser um sucesso na Internet (mesmo porque não é sobre Big Brother, sobre novelas, sobre pseudocelebridades, nem sobre iPad ou outra moda qualquer). Não chegava a ser uma coisa estrondosa (pra isso, eu precisaria falar em monossílabos aqui, precisaria escrever textos incoerentes e com gírias, palavrões e pornografia). Não era assim uma Brastemp, apenas uma modesta maquininha de lavar minhas ideias.
Mas o blog tinha uma contagem de milhares de visitantes.
Não tem mais.
Não quero contar números.
Nem saber quem vem aqui.
A não ser que seja por seus comentários sobre minhas ideias/textos/posts.
Melhor tirar da mente qualquer pretensão de ser sucesso.
Números não revelam qualidade, só quantidade.
Meu blog não conta visitantes. Não os rastreia. Não os investiga.
Sintam-se à vontade.
Mas o blog tinha uma contagem de milhares de visitantes.
Não tem mais.
Não quero contar números.
Nem saber quem vem aqui.
A não ser que seja por seus comentários sobre minhas ideias/textos/posts.
Melhor tirar da mente qualquer pretensão de ser sucesso.
Números não revelam qualidade, só quantidade.
Meu blog não conta visitantes. Não os rastreia. Não os investiga.
Sintam-se à vontade.
VOLTEI
Eu tinha uma síndrome de Alice no País das Maravilhas.
Um complexo de Pollyanna.
Alice morreu.
Pollyanna cresceu.
Há uma mulher em mim.
Só isso.
SÓ?!
Ser MULHER é mais que a palavra.
SOU.
Sem Alice, sem Pollyanna e sem Príncipe Encantado.
Mas não sozinha,
Um complexo de Pollyanna.
Alice morreu.
Pollyanna cresceu.
Há uma mulher em mim.
Só isso.
SÓ?!
Ser MULHER é mais que a palavra.
SOU.
Sem Alice, sem Pollyanna e sem Príncipe Encantado.
Mas não sozinha,
29.3.09
22.3.09
Damn you, copycat! (The chronophage)
Em 2005 eu criei um post chamado time-eater e, hoje, procurando por ele no google (que me levou até o Sisifo's Curse, que eliminei, mas ainda consta no cache), encontrei uma coisa que me deixou de boca aberta.
Inspirei meu post da época em um conto do Stephen King, em que um monstro de grandes dentes comia literalmente o tempo que ficava para trás (o Stephen King chamava "a coisa" de Langoliers, em Four Past Midnight, uma coletânea de quatro histórias fascinantes).
Agora (na verdade, no fim do ano passado), vêm o Stephen Hawkins e John C. Taylor com a novidade que mescla essas idéias.
Fascinante e assustador.
O site da BBC e outros chamam o chronophage de Time-Eater, a tradução literal do nome do bichinho. Um relógio que come o tempo e, pelo menos para mim, faz pensar no horror que é não aproveitá-lo direito.
Vou ter de pedir direitos autorais :-)
Em 2005 eu criei um post chamado time-eater e, hoje, procurando por ele no google (que me levou até o Sisifo's Curse, que eliminei, mas ainda consta no cache), encontrei uma coisa que me deixou de boca aberta.
Inspirei meu post da época em um conto do Stephen King, em que um monstro de grandes dentes comia literalmente o tempo que ficava para trás (o Stephen King chamava "a coisa" de Langoliers, em Four Past Midnight, uma coletânea de quatro histórias fascinantes).
Agora (na verdade, no fim do ano passado), vêm o Stephen Hawkins e John C. Taylor com a novidade que mescla essas idéias.
Fascinante e assustador.
O site da BBC e outros chamam o chronophage de Time-Eater, a tradução literal do nome do bichinho. Um relógio que come o tempo e, pelo menos para mim, faz pensar no horror que é não aproveitá-lo direito.
Vou ter de pedir direitos autorais :-)
9.3.09

Tu me encontrarás nas palavras, na penumbra que te descrevi, nos poemas que não te escrevi (tudo já estava lá - os desejos, a vontade, a ânsia do inesperado - até que chegaste).
Tu me verás (ponto de interrogação), aparentemente me aceitarás, nunca entenderás.
Eu sou aquela que puxa fios de marionetes invisíveis e arma um teatro de ilusões e fantasmas para te agradar. Sou quem se despede curvando-se em mesura ante a tua beleza e, já na porta, ainda olha para trás - tu, miragem, continuas na minha frente (o tempo todo na mente) enquanto a porta se fecha.
Sou a mulher-menina, que cora ante a descompostura, pede desculpas sempre, rói as unhas e sente lágrimas nos olhos - mas puxa o vestido, incerta, dá um sorriso vacilante e se levanta, esconde-se e espera que tu a procures (se vieres, quando vieres, se quiseres, se te deres).
Sou a dos desencontrados desejos (por minúcias, às vezes), minutos contados de tua ânsia satisfeita - a minha, desatenta, se deixa levar por mais sonhos, pra te fazer suspirar.
Tu me verás (ponto de interrogação), aparentemente me aceitarás, nunca entenderás.
Eu sou aquela que puxa fios de marionetes invisíveis e arma um teatro de ilusões e fantasmas para te agradar. Sou quem se despede curvando-se em mesura ante a tua beleza e, já na porta, ainda olha para trás - tu, miragem, continuas na minha frente (o tempo todo na mente) enquanto a porta se fecha.
Sou a mulher-menina, que cora ante a descompostura, pede desculpas sempre, rói as unhas e sente lágrimas nos olhos - mas puxa o vestido, incerta, dá um sorriso vacilante e se levanta, esconde-se e espera que tu a procures (se vieres, quando vieres, se quiseres, se te deres).
Sou a dos desencontrados desejos (por minúcias, às vezes), minutos contados de tua ânsia satisfeita - a minha, desatenta, se deixa levar por mais sonhos, pra te fazer suspirar.
Sou aquela que ajeitarás no meio dos teus pertences, misturada a tantos outros sussurros que não ouves. Tu fecharás a gaveta e me esquecerás, sem suspeitares que minhas letras sempre foram tuas (eu não sabia - sentia) e que me escorro líquida em teu corpo, minhas palavras expulsas no teu prazer.
19.1.09
Diário de Uma Mulher Comum - Capítulo XVI
Dez horas.
Acordo espontaneamente. Não é tarde, para quem só foi dormir às 6. Além do mais, havia faltado luz e o rádio-relógio pisca-pisca com um horário incerto e duvidoso. Não é aquela, a hora, mas já é hora de levantar, quando vejo que o celular tem hora precisa (e precisa?, quase não o uso).
Aliás, desde o momento em que desperto eu já começo a gastar.
Antes do café:
Ligar computador. Limpar a caixa dos gatos. Botar ração. Botar água. Dar comida pra tartaruga. Varrer em volta da caixa dos gatos (eu havia esquecido). Escovar os dentes. Lavar o rosto. Torcer pra chover. Botar água para esquentar.
Escrever email cobrando com todos os argumentos o cliente da Tailância que me deve há 65 dias. Não creio em más intenções. Que las hay, las hay, pero...
Tomar café enquanto vejo que o cliente JÁ respondeu (dez minutos!). Pretende pagar parcialmente.
Lavar louca de ontem.
Resolver se mesmo com dúvidas e dívidas eu compro aspirador de pó. Cansei de ver belos tapetes de chochê grossos de pêlos (não tem mais acento em pêlo, né?) de gato.
Tomar banho e ir ao shopping comprar ingresso pro show da Alanis dia 10 de fevereiro (antes disso, trocar de roupa três vezes - nada me satisfaz, mas na verdade eu não estou satisfeita é com o corpo que antes dos cinco quilos que ganhei de um ano pra cá, ficava lindo em qualquer roupa).
A-há! Peguei vocês.
Não é pra mim. Não vou ver Alanis. Não vou a show nenhum. É pra um colega de Brasília que me pediu o favor.
Comprar aspirador e ter uma idéia financeira ótima.
Passar no banco pra ver se a idéia financeira pode se concretizar.
Nope. Pra tirar empréstimo, preciso atualizar meu cadastro. Pra isso, preciso comprovação de renda. Se tenho trocentos clientes, mas pouca comprovação, azar o meu. Pode ser uma declaração de contador.
Em casa, ligo pra contadora.
Suspiro. Se eu fosse pedir recibo dos muitos para quem trabalho para pedir o empréstimo, também morreria pagando I.R. Então, sem I.R. e sem empréstimo.
Quando a solução é mais trabalhosa que o problema, fica-se com o problema.
Aspirar o tapete, agora pensando que foi bobagem não poder conviver com pêlos (sem acento?) de gato, já que estou duzentos reais mais pobre só pra ter tapete limpo.
Ver que o cliente da Tailândia não depositou minha grana (parcial) no Moneybookers coisíssima nenhuma.
Descer, comprar mais terra de gato, mais ração de gato, e esquecer de comprar o café, que precisava tanto quanto.
Pensar em ligar pra filha em férias com seu pai, mas desistir porque ela deve achar que sou um pé no saco, ligando de dois em dois dias. Ela? Não liga nunca.
Passar café com o que resta de pó. Preguiça de voltar à rua pra comprar mais.
Pensar em como pagar o resto do atraso do colégio da filha (felizmente, minha única dívida -- mas COMO incomoda!!!!).
Raciocinar que trabalho eu tenho. Só tenho que trabalhar mais ainda.
Ler email de um moço perguntando onde é que eu ando, e se nunca penso em amor.
Hein?
Ãh?
Amor é um troço assim meio colateral, que aconteceria se eu tivesse dois minutos para pensar nisso e ao menos uma hora por dia para dedicar a alguém. Amor é um negócio que pode -- ou não -- acontecer comigo, mas altamente improvável.
Enquanto isso, meu gato preto quase despenca de cima do roupeiro da filha (já sei: o aspirador servirá pra limpar a boneca Emília, sobre a qual ele acampa há 5 dias). Ele me vê, fica alucinado de paixão e quase se atira pro meu colo.
Miau. Te amo.
Puxa.
Ainda bem.
Melhor que nada.
Acordo espontaneamente. Não é tarde, para quem só foi dormir às 6. Além do mais, havia faltado luz e o rádio-relógio pisca-pisca com um horário incerto e duvidoso. Não é aquela, a hora, mas já é hora de levantar, quando vejo que o celular tem hora precisa (e precisa?, quase não o uso).
Aliás, desde o momento em que desperto eu já começo a gastar.
Antes do café:
Ligar computador. Limpar a caixa dos gatos. Botar ração. Botar água. Dar comida pra tartaruga. Varrer em volta da caixa dos gatos (eu havia esquecido). Escovar os dentes. Lavar o rosto. Torcer pra chover. Botar água para esquentar.
Escrever email cobrando com todos os argumentos o cliente da Tailância que me deve há 65 dias. Não creio em más intenções. Que las hay, las hay, pero...
Tomar café enquanto vejo que o cliente JÁ respondeu (dez minutos!). Pretende pagar parcialmente.
Lavar louca de ontem.
Resolver se mesmo com dúvidas e dívidas eu compro aspirador de pó. Cansei de ver belos tapetes de chochê grossos de pêlos (não tem mais acento em pêlo, né?) de gato.
Tomar banho e ir ao shopping comprar ingresso pro show da Alanis dia 10 de fevereiro (antes disso, trocar de roupa três vezes - nada me satisfaz, mas na verdade eu não estou satisfeita é com o corpo que antes dos cinco quilos que ganhei de um ano pra cá, ficava lindo em qualquer roupa).
A-há! Peguei vocês.
Não é pra mim. Não vou ver Alanis. Não vou a show nenhum. É pra um colega de Brasília que me pediu o favor.
Comprar aspirador e ter uma idéia financeira ótima.
Passar no banco pra ver se a idéia financeira pode se concretizar.
Nope. Pra tirar empréstimo, preciso atualizar meu cadastro. Pra isso, preciso comprovação de renda. Se tenho trocentos clientes, mas pouca comprovação, azar o meu. Pode ser uma declaração de contador.
Em casa, ligo pra contadora.
Suspiro. Se eu fosse pedir recibo dos muitos para quem trabalho para pedir o empréstimo, também morreria pagando I.R. Então, sem I.R. e sem empréstimo.
Quando a solução é mais trabalhosa que o problema, fica-se com o problema.
Aspirar o tapete, agora pensando que foi bobagem não poder conviver com pêlos (sem acento?) de gato, já que estou duzentos reais mais pobre só pra ter tapete limpo.
Ver que o cliente da Tailândia não depositou minha grana (parcial) no Moneybookers coisíssima nenhuma.
Descer, comprar mais terra de gato, mais ração de gato, e esquecer de comprar o café, que precisava tanto quanto.
Pensar em ligar pra filha em férias com seu pai, mas desistir porque ela deve achar que sou um pé no saco, ligando de dois em dois dias. Ela? Não liga nunca.
Passar café com o que resta de pó. Preguiça de voltar à rua pra comprar mais.
Pensar em como pagar o resto do atraso do colégio da filha (felizmente, minha única dívida -- mas COMO incomoda!!!!).
Raciocinar que trabalho eu tenho. Só tenho que trabalhar mais ainda.
Ler email de um moço perguntando onde é que eu ando, e se nunca penso em amor.
Hein?
Ãh?
Amor é um troço assim meio colateral, que aconteceria se eu tivesse dois minutos para pensar nisso e ao menos uma hora por dia para dedicar a alguém. Amor é um negócio que pode -- ou não -- acontecer comigo, mas altamente improvável.
Enquanto isso, meu gato preto quase despenca de cima do roupeiro da filha (já sei: o aspirador servirá pra limpar a boneca Emília, sobre a qual ele acampa há 5 dias). Ele me vê, fica alucinado de paixão e quase se atira pro meu colo.
Miau. Te amo.
Puxa.
Ainda bem.
Melhor que nada.
10.1.09
Minha mãe ao telefone falando com meu irmão, enquanto eu escuto bem distraída. Diz ela:
- Ah, dona Maria está mal, é? E o que vão fazer?
Após uma pausa, ela diz:
- Mas por que tu não amarra bem apertado? De pé mesmo! Amarra bem, enfia num saco preto desses bem grandes e joga num canto, tu tem espaço, não vai atrapalhar ninguém!
Eu pergunto:
- Pra que fazer isso com a velha?
Ela cai na gargalhada. Como eu conheço bem os papos caóticos da nossa família, nem preciso perguntar nada, mas ela explica mesmo assim:
-- Ele diz que a dona Maria foi pro hospital e que está atrapalhado desmontando a árvore de Natal, que é grande demais e não sabe o que fazer com ela.
(pano rápido)
- Ah, dona Maria está mal, é? E o que vão fazer?
Após uma pausa, ela diz:
- Mas por que tu não amarra bem apertado? De pé mesmo! Amarra bem, enfia num saco preto desses bem grandes e joga num canto, tu tem espaço, não vai atrapalhar ninguém!
Eu pergunto:
- Pra que fazer isso com a velha?
Ela cai na gargalhada. Como eu conheço bem os papos caóticos da nossa família, nem preciso perguntar nada, mas ela explica mesmo assim:
-- Ele diz que a dona Maria foi pro hospital e que está atrapalhado desmontando a árvore de Natal, que é grande demais e não sabe o que fazer com ela.
(pano rápido)
7.1.09
Tentei escrever diário -- em um caderno.
Doeu-me a mão.
Queria ter o cheiro do papel, o rolar da caneta, a tinta, minha letra.
O pensamento ficou confuso.
A mão, vagarosa.
A letra, trêmula.
A tinta, falha.
O papel, longo demais para pouco tempo e tanto a contar.
Como é que ponho um link na folha?
Como vou transmitir o sorriso sem um smiley?
Ah, cadê o copiar e colar?
Delete?
Puxa, vou ter de imprimir aquela foto pra colar ali. Com cola!
Oh, Deus, minha mão só tem uma fonte e é sempre em itálico!
"Bold" só tendo a coragem de escrever três vezes por cima da palavra.
Como é que minhas letras, todinhas iguais, sem recursos do teclado, conseguiam transmitir minha emoção, tempos atrás? Minha vida era feita de uploads maciços de sentimento, não de downloads de programas.
Os programas, eram os da TV. Que eu não via. Tinha muito a viver.
Audazes escritores de antigamente.
Mas também, não precisavam responder 50 e-mails por dia.
Nem deletar spams.
Nem tentar ignorar papo-furado no MSN.
(Nem pagar a banda larga e a conta de luz)
A vida anda acelerada demais para saudosismo.
Bom dia, notebook -- feito de componentes eletrônicos, não de polpa de árvore.
Doeu-me a mão.
Queria ter o cheiro do papel, o rolar da caneta, a tinta, minha letra.
O pensamento ficou confuso.
A mão, vagarosa.
A letra, trêmula.
A tinta, falha.
O papel, longo demais para pouco tempo e tanto a contar.
Como é que ponho um link na folha?
Como vou transmitir o sorriso sem um smiley?
Ah, cadê o copiar e colar?
Delete?
Puxa, vou ter de imprimir aquela foto pra colar ali. Com cola!
Oh, Deus, minha mão só tem uma fonte e é sempre em itálico!
"Bold" só tendo a coragem de escrever três vezes por cima da palavra.
Como é que minhas letras, todinhas iguais, sem recursos do teclado, conseguiam transmitir minha emoção, tempos atrás? Minha vida era feita de uploads maciços de sentimento, não de downloads de programas.
Os programas, eram os da TV. Que eu não via. Tinha muito a viver.
Audazes escritores de antigamente.
Mas também, não precisavam responder 50 e-mails por dia.
Nem deletar spams.
Nem tentar ignorar papo-furado no MSN.
(Nem pagar a banda larga e a conta de luz)
A vida anda acelerada demais para saudosismo.
Bom dia, notebook -- feito de componentes eletrônicos, não de polpa de árvore.
15.7.08
Da Série Abobrinhas Pobres
O sonho do bipolar:
"Vou economizar e comprar a Microsoft"
O pesadelo do bipolar:
"Pô, o Gates se aposentou, não posso mais tirar o cara da cadeira da Presidência"
"Vou economizar e comprar a Microsoft"
O pesadelo do bipolar:
"Pô, o Gates se aposentou, não posso mais tirar o cara da cadeira da Presidência"
9.7.08
Um nó a menos
Tem a ver com sentir-se sufocado por amores dependentes.
Tem a ver com a obrigação de querer bem a quem nos quer, embora nos mate a certeza de não podermos dar amor ilimitado a quem o suga de nós.
Tem a ver com amar quem é livre e, aí sim, ver a nós mesmos como dependentes, embora teimemos em não criar laços que nos escravizem.
Pronto.
Após quatro anos "mirabolando" toda a história para um segundo romance que está escrito apenas na minha mente, finalmente consegui desfazer o nó no qual trabalhava há mais ou menos um ano -- mesmo sendo apenas mental minha escrita, teimo em escrever histórias críveis, mesmo assim, e não descanso enquanto algo me soa falso e sem razão.
Esta noite, entretida no meu passatempo constante de trabalhar esse filme mental, esse romance puramente em meu cérebro, consegui desfazer um ponto da trama (no finalzinho do livro que ainda não escrevi) que me parecia sem solução.
Dei vivas.
Agora já posso digitá-lo -- se não esquecer todos os detalhes, já que pelo andar das coisas só terei tempo de me dedicar realmente a escrever um livro daqui a uns... muitos anos.
Graças a Deus.
Enquanto isso, Tobias, Luiza, Túlio & Cia serão meus novos amigos -- as pessoas completas que invento, como na "outra" vez, do "outro" livro que escrevi e que mesmo pronto parece não ter coragem de sair de minha casa.
Agora estou com um problema.
Que outra história inventar?
Tem a ver com a obrigação de querer bem a quem nos quer, embora nos mate a certeza de não podermos dar amor ilimitado a quem o suga de nós.
Tem a ver com amar quem é livre e, aí sim, ver a nós mesmos como dependentes, embora teimemos em não criar laços que nos escravizem.
Pronto.
Após quatro anos "mirabolando" toda a história para um segundo romance que está escrito apenas na minha mente, finalmente consegui desfazer o nó no qual trabalhava há mais ou menos um ano -- mesmo sendo apenas mental minha escrita, teimo em escrever histórias críveis, mesmo assim, e não descanso enquanto algo me soa falso e sem razão.
Esta noite, entretida no meu passatempo constante de trabalhar esse filme mental, esse romance puramente em meu cérebro, consegui desfazer um ponto da trama (no finalzinho do livro que ainda não escrevi) que me parecia sem solução.
Dei vivas.
Agora já posso digitá-lo -- se não esquecer todos os detalhes, já que pelo andar das coisas só terei tempo de me dedicar realmente a escrever um livro daqui a uns... muitos anos.
Graças a Deus.
Enquanto isso, Tobias, Luiza, Túlio & Cia serão meus novos amigos -- as pessoas completas que invento, como na "outra" vez, do "outro" livro que escrevi e que mesmo pronto parece não ter coragem de sair de minha casa.
Agora estou com um problema.
Que outra história inventar?
3.7.08
Pensei em colocar uma figurinha engraçadinha para esse post, mas decidi que o assunto é tão sério que não deve ter distração.
O Pronto-Socorro de Porto Alegre registrou uma queda de quase 40% no número de atendimentos a acidentados de trânsito, no segundo fim-de-semana da lei de tolerância zero ao álcool para motoristas.
Sabe o que é quase 40% de redução? Isso significa que, a cada 10 pessoas, quase 4 deixaram de se ferir ou morrer porque alguém pegou a direção após beber.
Posso ser idiota, mas acho que se uma só pessoa deixou de morrer por esse motivo, a lei de tolerância zero já valeu a pena.
Isso não significa que as pessoas vão parar de dar de cara em postes com seus carros, ou de cair de pontes, ou de atropelar gente em paradas de ônibus, ou de ir para casa de táxi porque beberam e esgüelar suas queridas companheiras ao chegar lá.
Significa, porém, que menos gente precisará chorar porque um inconseqüente acha que "não dá nada" encher a cara e dirigir.
Sei que tem gente que acha que sou azeda e que não sei o que é diversão, quando não entendo a graça de encharcar o cérebro com álcool e sair dando vexame, vomitando, se repetindo, falando bandalheira, fazendo impropriedades, enfim, sendo ridículo e patético. Eu não acho divertido perder o controle e ser alvo de pena dos outros. Mas se alguém perde o controle, que pelo menos tenha consciência *antes* de que é melhor poupar a si mesmo e a outros, pegando um táxi depois de beber.
Essa lei de tolerância zero ao álcool para motoristas, para mim, é um sonho tornado realidade.
Já que para muita (mas MUITA) gente diversão é sinônimo de álcool, então que peguem táxi. Se precisam tomar álcool para ficarem alegres, pelo menos não tragam lágrimas a outros, por causa do seu prazer.
Se querem beber, que dêem seus vexames e tirem fotos com aquelas caras de borrachos depois - a vergonha é sua, não minha. Porém, que não exponham outros à sua irresponsabilidade.
Fico mais aliviada ao pensar que as pessoas pensarão um pouco mais, nem que seja pelo temor da multa, da perda de pontos na carteira, da cadeia, do vexame. Há uma frase que diz que as pessoas sempre aprendem por um de dois caminhos: pelo amor ou pela dor. No que se refere ao álcool e direção, talvez aprendam pela dor de não poderem dirigir mais (mas que seja, será menos um louco ameaçando nossos filhos).
O Pronto-Socorro de Porto Alegre registrou uma queda de quase 40% no número de atendimentos a acidentados de trânsito, no segundo fim-de-semana da lei de tolerância zero ao álcool para motoristas.
Sabe o que é quase 40% de redução? Isso significa que, a cada 10 pessoas, quase 4 deixaram de se ferir ou morrer porque alguém pegou a direção após beber.
Posso ser idiota, mas acho que se uma só pessoa deixou de morrer por esse motivo, a lei de tolerância zero já valeu a pena.
Isso não significa que as pessoas vão parar de dar de cara em postes com seus carros, ou de cair de pontes, ou de atropelar gente em paradas de ônibus, ou de ir para casa de táxi porque beberam e esgüelar suas queridas companheiras ao chegar lá.
Significa, porém, que menos gente precisará chorar porque um inconseqüente acha que "não dá nada" encher a cara e dirigir.
Sei que tem gente que acha que sou azeda e que não sei o que é diversão, quando não entendo a graça de encharcar o cérebro com álcool e sair dando vexame, vomitando, se repetindo, falando bandalheira, fazendo impropriedades, enfim, sendo ridículo e patético. Eu não acho divertido perder o controle e ser alvo de pena dos outros. Mas se alguém perde o controle, que pelo menos tenha consciência *antes* de que é melhor poupar a si mesmo e a outros, pegando um táxi depois de beber.
Essa lei de tolerância zero ao álcool para motoristas, para mim, é um sonho tornado realidade.
Já que para muita (mas MUITA) gente diversão é sinônimo de álcool, então que peguem táxi. Se precisam tomar álcool para ficarem alegres, pelo menos não tragam lágrimas a outros, por causa do seu prazer.
Se querem beber, que dêem seus vexames e tirem fotos com aquelas caras de borrachos depois - a vergonha é sua, não minha. Porém, que não exponham outros à sua irresponsabilidade.
Fico mais aliviada ao pensar que as pessoas pensarão um pouco mais, nem que seja pelo temor da multa, da perda de pontos na carteira, da cadeia, do vexame. Há uma frase que diz que as pessoas sempre aprendem por um de dois caminhos: pelo amor ou pela dor. No que se refere ao álcool e direção, talvez aprendam pela dor de não poderem dirigir mais (mas que seja, será menos um louco ameaçando nossos filhos).
1.7.08
Quando cansados do trabalho, tiramos férias.
Para gordos, spa.
Quando desamados, divórcio.
Ao sentir sono, olhos fechados.
Quando chocados, desmaio.
Com grandes danos, coma.
Mas não existe folga para a vida.
O lado negro da morte é que não pode ser apenas experimentada (de fato, e nem me venham com experiências psicodélicas, ácidos e soluções alucinatórias).
Se a vida nos cansa, se é insuportável, se precisamos fugir por um bom tempo (de dívidas, de doenças, de amores, da fome, da dor, do horror), de nada adianta querer a morte se não temos certeza absoluta.
Ora, e se eu quiser voltar?
Precisamos inventar uma morte temporária, um ensaio de morte, algo assim como "Pré-Visualização", como quando escrevemos no blog e vemos como ficará. Faltaria apenas o botão de "Salvar" (ou NÃO SALVAR).
É preciso saber antes como ficará... Sem nós. Sem sentir nada (mas, poxa, como saberei, se não posso optar por voltar para contar?, nem me arrepender e voltar atrás?, nem lamentar minha escolha?).
A única folga para a vida é definitiva, e eu não queria desertar. Apenas, um dia, poder descansar bastante e voltar bem fresquinha (certamente...) e repousada.
Uma coisa é certa: não há folga para a vida. E isso, às vezes, não é nada justo.
Para gordos, spa.
Quando desamados, divórcio.
Ao sentir sono, olhos fechados.
Quando chocados, desmaio.
Com grandes danos, coma.
Mas não existe folga para a vida.
O lado negro da morte é que não pode ser apenas experimentada (de fato, e nem me venham com experiências psicodélicas, ácidos e soluções alucinatórias).
Se a vida nos cansa, se é insuportável, se precisamos fugir por um bom tempo (de dívidas, de doenças, de amores, da fome, da dor, do horror), de nada adianta querer a morte se não temos certeza absoluta.
Ora, e se eu quiser voltar?
Precisamos inventar uma morte temporária, um ensaio de morte, algo assim como "Pré-Visualização", como quando escrevemos no blog e vemos como ficará. Faltaria apenas o botão de "Salvar" (ou NÃO SALVAR).
É preciso saber antes como ficará... Sem nós. Sem sentir nada (mas, poxa, como saberei, se não posso optar por voltar para contar?, nem me arrepender e voltar atrás?, nem lamentar minha escolha?).
A única folga para a vida é definitiva, e eu não queria desertar. Apenas, um dia, poder descansar bastante e voltar bem fresquinha (certamente...) e repousada.
Uma coisa é certa: não há folga para a vida. E isso, às vezes, não é nada justo.
29.6.08
Assinar:
Postagens (Atom)