5.11.06


"A única coisa infinita é a nossa capacidade para a auto-enganação"

em

http://www.ceticismoaberto.com/ceticismo/skepfaq.htm

Red Alert: a cada dia eu me torno mais cética traduzindo autores místicos.

1.11.06

Meu anão preferido

Steven me manda, da Califórnia, um e-mail, com uma foto.
Steven é meu amigo há... sei lá. Muito tempo. Desde os tempos em que eu precisava usar uma calça preta e justa e contar a ele que me senti sexy, porque na época eu estava perdendo a capacidade de me sentir assim e só ele parecia querer que eu além de parecer, fosse mesmo sexy.
Ultimamente, meu amigo deu pra pensar muito na vida, depois que sua irmã encontrou o namorado inconsciente, de cara pra baixo, deitado no quarto. E já fazia uns 3 dias que o coitado estava assim. Não morreu. Talvez fosse melhor ter morrido. Está totalmente desconectado, vegetando. Então Steven tem pensado no que foi, no que é e no que será.
Ultimamente, ando eu também pensando nessas mesmas coisas.
Parece que meu amigo e eu estamos nos sentindo à beira de algo. Se for pra ser otimista, direi que estamos beirando a maturidade. Se for para ser realista, acho que estamos com medo de ficar velhos. De qualquer forma, andamos pensativos.
Pois hoje ele me mandou seu e-mail terminando de contar a história do pobre do namorado de sua irmã que foi encontrado de cara pra baixo e transformado em um vegetal, depois de um derrame.
E mandou uma foto.
Aí eu me pergunto: que homem que eu conheço seria tão macho ao ponto de se fantasiar de um dos Sete Anões, com barba, calça larga, gorro de bolinha na ponta e nariz de bolinha vermelha?
Que homem eu conheço que, fantasiado de Dunga (ou um dos outros, francamente eu não sei qual), estaria com a boca lá nas orelhas, feliz da vida, sem sentir-se pagando mico, ou rebaixado, ou ridículo?
Steven me faz rir, porque para ele nada é chocante, ou ridículo, ou tolo demais para merecer seu tempo, ou tabu, ou desmerecedor de sua maravilhosa atenção.
Steven tem um filho, um adolescente pouco mais velho que minha própria filha.
É músico, toca jazz, talvez grave um CD, é excelente poeta e tem mente muuuuuito aberta, tanto que sabe que pode se fantasiar de qualquer coisa e continuará sendo um dos homens mais charmosos que já conheci.
Steven só não é perfeito porque preferiu importar uma brasileira e casar com ela nos Estados Unidos que exportar-se para cá e casar comigo.

19.10.06

Uma estranha alergia que começou ontem no pescoço agora me sobe lentamente pelas laterais do rosto.

Será finalmente a vergonha na cara que se manifesta?

O certo é que estou com vergonha da cara empipocada e avermelhada.

Acho que se eu cortar fora minha cabeça que comicha inteira estarei perfeitamente bem.

18.10.06

Espelho I

Prometi a mim mesma não entrar mais no provador da Renner.

Luz branca que parece um raio-x, pode-se ver as veias, artérias, se duvidar até a camada de gordura sob a pele (juro que vi, porque aquilo não era minha pele sempre tão lisinha...), qualquer sarda ínfima, os poros e rugas, ruguinhas e ruguíolas. Até percebi que preciso emagrecer, tendo apenas 56 quilos atualmente.

Só falta aviso na porta:

"O que vires aqui será de tua inteira responsabilidade. Ao entrar, assuma. Ao sair, esqueça. Não nos responsabilizaremos por ilusões somáticas. Nem por sonhos de juventude eterna."

Maldita loja de roupas. Depois ainda esperam vender alguma coisa, se só enfeiam a gente.

Espelho II

Conselho às mulheres que estão envelhecendo (e não querem ou não podem dar um jeito nisso):

Olhem-se no espelho uma única vez de manhã, e somente o tempo necessário.

Depois, esqueçam durante o resto do dia o que viram ali.

Íntimo

Dear B.
Assisti “Lúcia e o Sexo”.
Quisera ser essa que me fizeste pra ti.
Não sendo, assumo ser eu mesma e não me enganar com finais felizes.
Existem lugares que nunca conhecerei.
Bel Air. Beverly Hills. Santa Monica.
Califórnia.
L.A. está para mim como tu estás para a minha vida.
Impossibilidades.
Caro B.
Lucia decepcionou-me com seu final feliz. Teu filme tão recomendado a mim (tantas vezes!, não sei onde achaste que tinha algo a ver comigo – me vês mais lúbrica do que jamais serei, ou já fui, não sei, mas às vezes o mundo não se move pelo sexo, e sim por esperanças) não passa de um joguinho onde é possível emendar as coisas, onde a morte é superada, onde o amor vence.
Amor não vence. Nos vence.
Eu nunca quis ser quem sou.
Sonhei ser sem passado – sou.
Mas sonhei outro futuro – passou.
Sabias que o futuro também passa por nós e se não o capturamos bem ali, naquele momento, caímos naquele buraco?
Mas não voltamos ao meio da história.
Antes, viramos personagens sem trama, deslocados e desfocados.
Dear B.
Já não sonho.
Prefiro seguir em linha reta, ainda que o fim da minha história seja sem graça e bem noir. Ainda que como Greta Garbo eu fume à janela e diga ao vento, e só a ele: “I want to be alooone”.
Dear B,
Depois de “Lúcia e o Sexo” só posso te dizer:
Às vezes a vida não faz sentido. Nenhunzinho.

3.10.06


Traduzo um livro sobre sincronicidade.
Incrivelmente, ponho pra gravar um fillme cuja sinopse nem vejo, apenas o título me fisgou.
Jornada da Alma.
E sincronicamente, o filme conta a história de um amor de Carl Jung.
É como uma vez em que eu conversava com uma amiga e cantarolei uma música antiga que nunca mais havia escutado. Aí ligamos o rádio e lá está a música, começando.
... Depois vem você, T., sem crença em nada.
Tsc, tsc, tsc.

10.9.06

... Havia chovido, quando fui visitar minha mãe e a roseira que deu flor pela primeira vez me chamou a atenção. Fotografei (clique na foto para vê-la em tamanho natural. Vale a pena).

... e quatro horas depois, ela estava assim.

Concluo que é melhor estar com os olhos bem abertos, porque quando não prestamos atenção a vida passa igual. Dali a 24 horas provavelmente a rosa branca estava terminando sua vida. Daqui a 24 horas pretendo estar vivendo a minha, a cada minuto, prestando atenção no meu próprio ciclo, para que também não murche e me vá sem ao menos ser regada, cheirada, acariciada e "colhida" por alguém especial.

12.8.06

Sob inspiração de Ryuichi Sakamoto (The Sheltering Sky Theme)

Desde quando o céu nos protege, se é permeável, se dele nascem raios, descem furacões, enchentes e pedaços de objetos espaciais?
Desde quando o céu nos protege, se acima dele os satélites nos vigiam, nos transmitem, nos emitem, nos paralisam e nos tornam dependentes?
Desde quando é este o céu que nos ensinaram a almejar, se além das nuvens o que estão são os olhares de milhões de sonhadores, zilhões de astros, uma ou outra astronave primitiva aos olhinhos sem escleras dos ETs, galáxias distantes às quais nunca chegaremos e buracos negros que sugam pedaços inteiros do universo enquanto olhamos a lua?
Estranhamente, "The Sheltering Sky", mesmo no filme, não protegia ninguém de nada. Na vastidão dos desertos marroquinos, o céu não apenas não protegia, mas desorientava, e o John Malcovitch morria de sei-lá-o-quê, enquanto a Debra-sortuda-Winger se perdia no planeta levada por um Tuareg e, depois, já sem identidade, via-se como eu desejaria ser um dia, um ser, só um ser, sem passado, nem presente, nem futuro, oca e louca.
Desde quando o céu protege, se nem nossas preces dirigidas a quem lá deveria estar são ouvidas?
Desconfio que o céu-firmamento, céu cinzento, céu pasmacento, foi feito apenas para dividir os mundos. O de cá e o de lá. Desconfio, além disso, que o céu protege sim – mas a eles, do lado de lá, de nós, tão pequenos e mesquinhos, do lado de cá.

22.7.06



Algumas pessoas fazem da vida pista de decolagem.

Outras, estacionamento.

18.7.06

Wouldn't it be nice, wouldn't it be grand, wouldn't it be wonderful

if someone had just invented a people polisher?*

*Não seria legal, não seria genial, não seria maravilhoso

Se alguém tivesse acabado de inventar um polidor de pessoas?

16.7.06


Um dia, alguém que era somente um rosto mostra-se para ti. O rosto adquire um coração. Agora, vês o homem e te sentes privilegiada por perceberes sentimentos por ti. Por ti.
Um dia o rosto que tinha apenas um nome agora tem três. O primeiro e, depois, meu amor. Já não é o fulano. É ele e ele é especial.
O que era um corpo agora assume em tua mente uma dimensão toda especial.
Não são os poros. Não é a barba. Não são simplesmente olhos.
São os poros suados depois do amor, que imaginas.
É a barba pela manhã, roçando em ti.
É o olhar de carinho, de compreensão, de prazer por estar contigo. E só contigo.
Uma pessoa não é somente alguém, mais um, um ser humano, quando te apaixonas. Uma pessoa é o receptáculo dos teus anseios, teu pequeno paraíso, aquele para quem desejas voltar no fim do dia, aquele para quem corres para contar uma novidade, aquele sem cujo beijo não dormes.
Apaixonar-se é lançar-se precipício abaixo. É transformar-se em instrumento musical, no qual todas as notas são altas, vibrantes e agudas.
É deixar-se assustar pela fragilidade e medo constantes, pelo arrepio de susto com qualquer palavrinha atravessada, qualquer tom mal-humorado, qualquer humor azedo.
Um dia, descobres que fizeste da paixão um tapete mágico -- que o teceste meio às pressas, na ânsia de voar. Fizeste das tuas mãos asas e do teu peito abrigo.
Subitamente, teu tapete se esfiapa, tuas asas quebram, teu peito arde em chamas e já não é abrigo – antes, o inferno onde tua alma pode consumir-se.
Desapaixonar-se é escalar o precipício de volta, enrolar novamente os fios do tapete roto, colocar cadeados nas portas de tuas emoções, jogar água fria constantemente na alma para aplacar o braseiro que queima ali, andar de pés nus sobre cacos de vidro para aprender o que é dor.
O rosto que te fazia suspirar precisa tornar-se menos que um rosto. De preferência, algo que se perdeu numa amnésia.
E o corpo...
Ah, o corpo...
Esse, preferivelmente, precisa transformar-se em cadáver-lembrança, enterrado fundo para que não te assombre mais enquanto esperas o sono.

O instrumento do corpo torna-se desafinado e emite notas ásperas quando já ninguém o afina.
E tentas, ainda assim, construir uma ponte, qualquer ponte que te leve de volta ao teu amor, sabendo agora que todas as pontes se partem com o peso que trazes em ti.

14.7.06


Para alimentar sua alma, era necessário mais que o pão e o colo quente, o som e a mesmice do presente. Era preciso uma fada sem corpo, feita de sonhos lânguidos e esperanças secretas, de faíscas que o desfizessem, homem-chão e o pusessem homem-ar.
Para descrever-se, usou as palavras dela. Para classificá-la, desclassificou-se (ex-tudo, ele agora seria. Futuro-qualquer-coisa-que-a-atendesse).
Ela dispensava adjetivos. Não os queria. Temia. Criticava-se quando atirava-se nas noites perfeitas do delírio sem jeito que partilhavam. Mas o absorvia, o refazia e reinventava, baixava suas guardas e o erguia.
Ao longe, a Razão abalava-se e se escondia, vexada e violentada.
Ele a consumiu.
Ela permitiu.
Ele, recheado de espírito, sonhos e grandes esperanças, suspirou e foi dormir com o corpo conhecido, sem culpa.
Ela, cuja essência rarefeita se refaz quanto mais lhe é tirada, apagou a luz e disse adeus a mais um imperfeito vampiro.
Nos horizontes, o sol nascia -- e tanto ele quanto ela, sob o sol da manhã, bem alimentados e recuperados da embriaguez, diriam que à noite tudo é válido.
Até tentar ser feliz.

8.7.06

Da Série "Tarada por Ballack"


Prezados,
prometo que esta é a última foto do Ballack, nos próximos 4 anos... :-(. Espero que o Canal SporTV passe os jogos do Chelsea, para onde ele está indo... Quatro anos sem ver esse gigante caído dos céus é demais.

4.7.06

O Eleito


O que esse Ballack tem de bonito?
O formato do rosto. Os ANTEBRAÇOS (Deus, eu amo antebraços exatamente como os dele...), as pernas. O abdômen. Os olhos. A testa. O queixo. Os cabelos. A cara de homem.
Uuuuuuuuuh, Ballack. Não ouvi tua voz ainda, e nem precisa porque jogador em geral tem voz feia.
Deixa assim, que calado ficas mais perfeito :-)

2.7.06



Que Pânico com P maiúsculo.

Procuro e não acho os lamentos do índio. As crianças que brincavam e cantavam foram embora. Os gemidos mais sensuais do mundo calaram-se. Os cavalos relinchando ao longe foram roubados. A voz angelical ficou muda.

Procuro e não acho A Gravidade do Amor. Os Princípios da Paixão. A Neve no Saara. As Lágrimas de Cristal. Aquela flauta fascinante. A batida surda e envolvente.

CADÊ MEU CD DO ENIGMA!!!!

Deus do Céu, roubaram meu CD de MP3 do Enigma, e só sei criar minhas ficções ao som dele (bem se vê que fazia tempo que eu não criava, porque não tenho a mínima idéia de quando o Enigma me foi subtraído).

Por um instante, parece que eu mesma sumi -- não sou mais eu, dispersei-me em mil fragmentinhos e não me reconheço. Quem foi o f.d.p. que roubou meu Enigma...

Passo horas recuperando tudinho. Nunca mais será a mesma coisa, porque a seqüência das músicas mudou e quando eu viajar com o Enigma, alguma coisa terá mudado.

Então, descubro que as portas para o delírio de cara limpa (ou não, dependendo do ouvinte) ainda estão abertas -- mais que nunca!, porque os caras sabem que não se faz música, neste mundo, como a deles.

http://www.enigmamusic.com/enigmaradio/index.html

Ganhei meu presente do ano inteiro.

19.6.06

Diário de Uma Mulher Comum IX

Não lembro quem, mas alguém havia me dito que eu deveria assistir "Sideways".
Assisti hoje, no meio de cinco dias de marasmo - grana curta, mas a receber semana que vem, sem projetos de tradução (folga, graças a Deus!), sem problemas e sem prazeres.
As falas do personagem Miles são as minhas falas. As falas do amigo Jack são todos os meus amigos que apostavam em mim. As falas de sua agente literária são as mesmas das três editoras que se interessaram por meu "Voltar a Viver", mas não o publicaram.
Não sei se, ao final, Miles voltará a tentar publicar seu livro, já que ele diz (como eu já disse): "Terei de esquecer meu livro por mais três anos".
Os amigos que me davam força e me empurravam à frente com minha história de ficção andam sumidos.
Alguns são indiferentes.
Outro (um só, graças a Deus) odiou tanto minha história que não se pronunciou sobre ela até hoje, limitando-se a dizer que a odiou e que nunca falará comigo sobre minha "obra".
Sinto falta desse apoio apaixonado de amigos e, confesso, o ódio do meu amigo a quem amo por minha história de ficção levou-me a considerar minha criação uma idiotice em último grau.
Agora percebo que se eu pensar que escrevi algo idiota, estarei chamando de idiotas meus 18 leitores que adoraram a história e leram o rascunhão gigantesco do original, na primeiríssima vez em que o escrevi.
Se eu pensar que escrevi algo idiota, estarei dizendo que o copydesk daquela editora que não ousou publicar meu livro era um idiota (e nada está mais longe da verdade do que considerá-lo idiota). Se for assim, a editora era idiota; não era, nunca foi, tanto não foi que não publicou meu livrão por medo de afundar com ele.
Well.
O sensaborismo (desculpem, insipidez, ou algo que o valha, mas sensaborismo é uma palavra só minha, como desentendisentimento e outras) que me rondava nos últimos meses está começando a se dissipar, e não pela descoberta de um amor novo (sinceramente, não consigo amar e pronto, ponto final). Eu não quero um amor, não sinto saudade de nada, não anseio por grandes aventuras, não tenho ambições grandiosas.
Só quero sentir-me viva criando e tentando publicar.

Desta vez, pretendo não ir à falência, como ocorreu durante aquele período mágico de 2 anos em que vivi esse sonho de ser publicada.

Só pretendo não morrer de tédio, que é como me sinto desde que, sugestionável, achei que eu só podia ser idiota, por pretender ser escritora. Há muitos escritores mais idiotas que eu por aí.

...

Ai.

Acabei de perceber que talvez eu "precise" ser idiota para ser publicada. Que talvez os idiotas façam sucesso atualmente.

Bem, então aí acaba meu dilema. Se me publicarem, poderei pensar que sou boa ou que sou uma idiota.

De qualquer modo, serei feliz com qualquer das opções.

Quem não costuma escrever ficção talvez não entenda a dor de não criar. O bloqueio. A decepção quando o que escrevemos não dá frutos. Quem não costuma escrever ficção não entende, principalmente, esse enorme, imenso, negro, doloroso buraco em que se transforma a vida de um escritor que não escreve.

Vou dar minha cara a tapa.

Aguardem.

4.6.06

Da Série Abobrinhas Podres

A Pressa é inimiga da digestão


Quem vê cara não vê o cirurgião

2.6.06

Someone to watch over me (Alguém para cuidar de Mim)

Momento romântico. Hmmmm....
(depois de um dia como o de hoje, só consigo pensar nisso, em alguém para cuidar de mim, embora na maior parte do tempo eu brade aos quatro ventos quão independente eu sou - hahaha. Essa letra aí embaixo tem endereço certo... ou não.)

There’s a saying old, says that love is blind
Still we’re often told, "seek and ye shall find"
So I’m going to seek a certain lad I’ve had in mind
Looking everywhere, haven’t found him yet
He’s the big affair I cannot forget
Only man I ever think of with regret
I’d like to add his initial to my monogram
Tell me, where is the shepherd for this lost lamb?
There’s a somebody I’m longin’ to see
I hope that he, turns out to be
Someone who’ll watch over me
I’m a little lamb who’s lost in the wood
I know I could, always be good
To one who’ll watch over me
Although he may not be the man some
Girls think of as handsome
To my heart he carries the key
Won’t you tell him please to put on some speed
Follow my lead, oh, how I need
Someone to watch over me

... isto é Brasil.

Dia 23.
A empresa de transporte "escolar" que contratei para levar minha filha ao curso preparatório para os exames de ingresso no Colégio Militar me liga, dizendo que só fará o transporte até sexta, dia 26. "Não há número suficiente de alunos para justificar a continuação do serviço".
Digo-lhes que isso não consta do contrato e que, se assinei promissórias até outubro, a obrigação da empresa é cumprir sua obrigação até outubro, independente do número de alunos, já que o transporte de minha filha não era contingente de um certo número mínimo de alunos dentro dos carros (múltiplos, a cada dia um, a cada dia em um horário, com um motorista diferente a cada vez e, muitas vezes, vindo só depois que eu ligava lembrando-os de buscar a Letícia). Digo-lhes que preciso do reembolso dos dias não usados e pagos antecipadamente (120 reais).

Do outro lado, ouço um pffff de alguém que parece tratar com um zé povinho numa filha de Inamps. Digo isso não porque o zé povinho mereça menos do que o máximo da boa educação, mas porque neste país feito de zé povinhos, todos se tratam com o maior desrespeito possível, não o contrário.

Dia 23. O técnico da Sky (TV por satélite) finalmente aparece para verificar (mais uma vez, pelos meus cálculos a oitava) meu aparelho de Sky+ que desde o primeiro mês já deu problemas. Explico que a m* não grava a programação, não faz a famosa pausa na programação ao vivo, tão anunciada por eles, não reproduz o que aparentemente estava gravado antes, se perde e tira do ar os canais...
Milagrosamente, o técnico (que morou anos nos EUA e aprendeu um pouco de profissionalismo) me diz que nesses casos o aparelho não é consertado (está expirando a garantia, mas ainda é válida), mas substituído. Eu duvido, mas como sua informação bate com a informação dada pela própria Sky em seu medonho-mas-melhorando atendimento ao cliente, resolvo dar um crédito.
Ele liga para a Sky que lhe diz que sua empresa de assistência é que deve requisitar o aparelho novo (claro, ele também é zé povinho, um simples técnico - não importa se a supervisora está apenas um décimo de grau acima dele na hierarquia de zé-povão a doutor).

... Lembro que moro no Brasil.

Dia 24.
Minha filha diz que, em sua sua de aula da escola, outras meninas escrevem no quadro negro da turma de 5a. série: "Fulano comeu o cu de...". Pergunto se as meninas não foram suspensas. Minha filha me olha, muito surpresa, e diz: "Claro que não, mãe, porque a professora entra, vê e não faz nada".

Faço eu, mas isso é assunto pra outra hora. E aí lembro que moro no Brasil.

Dia 24.
Ligo para a tal empresa de transportes, o mesmo "secretário" me diz que preciso falar diretamente com a responsável pela empresa, que não está "no momento". Eu digo "E tu então deves ser o irresponsavel pela empresa...". Ele promete que ela ligará assim que chegar. Eu só digo "arrã". Desligo.

Lembro que moro no Brasil só hoje, porque, acreditem ou não, não tive TEMPO de ligar para a fulana novamente, e se inventasse de falar com ela no meio do estresse em que andei nos últimos dias, teria ido até lá e não seria bonito o espetáculo. Não que eu seja grossa. Mas não gostariam de ouvir o que tenho a dizer.

Dia primeiro, ontem.
Quando ligo para a Sky para saber do andamento da entrega do meu Sky+ novo, me dizem que a empresa de assistência ainda não mandou o laudo. Pergunto-lhes quantas folhas tem um laudo. Uma. Digo-lhes que pensei que fosse um livro, para levarem uma semana para enviar. Mas não receberam nem o laudo, nem a solicitação pelo novo aparelho. Eu que ligue, se quiser, para a assistência para saber a quantas andam.

Eu ligo hoje, dia 2, esquecendo que moro no Brasil, e só lembro quando descubro que a irresponsável pela empresa também "não se encontra". Suspiro. Peço que me ligue urgentemente.

Estou esperando, depois de ligar novamente para o curso e ouvir do rapaz "gentil" de lá: "Até sei quem a senhora é. É a mãe da Suzi.".

"Errou. A mãe da Suzi certamente também está furiosa, mas não sou ela."

"Ah, tá. A Alexandra liga pra senhora quando voltar, porque no momento não se encontra."

"Não liga não, porque tu nem sabes com quem estás falando."

"Eu sei, senhora. Temos o cadastro."

"Arrã. E mesmo com apenas dois cadastros das duas únicas alunas que vocês transportavam, tu não lembras da Letícia."

"Ah, eu vejo na ficha e Alexandre lhe liga."

Eu lhe digo que, se fosse a Alexandra, ligaria rapidinho, porque não será legal me ver pessoalmente lá.

Lembro que moro no Brasil, desligo e resolvo trabalhar um pouco, porque só quando cumpro o meu dever, quando me preocupo com minha qualidade e meus prazos, esqueço-me que moro no Brasil. Só quando não ligo a TV aberta, não preciso de serviços e não saio à rua eu me esqueço que moro no Brasil.

Desculpem o desabafo, mas a verdade é que falta tudo neste país: vergonha, dignidade, competência, honestidade, honra, cumprimento de metas, de horários, de promessas. Falta educação, cérebro, cultura, respeito, cidadania e, novamente, dignidade. Dignidade. Dignidade.

Repitam isso até a palavra perder o sentido.....................................

31.5.06


Um Corpo para o Crime é um dos meus outros filhos recentes. Recebi o exemplar da editora semana passada. Lançamento da Bertrand, deu-me um trabalho impressionante de pesquisas profundas ao traduzi-lo, ano passado. Recém foi lançado e eu recomendo. Uma história de suspense incrível dessa escritora ganhadora de prêmios (Val McDermid). Procurem nas boas livrarias...
É com orgulho que apresento um dos meus filhos mais novos, traduzido para essa parceria da Editora Casa da Palavra - http://www.casadapalavra.com.br/ - e o Comitê Olímpico Brasileiro.

Alguns livros que traduzo me enchem de orgulho. Esse é um deles.

É meu livro número 91 (91 livros traduzidos, no meu currículo).


25.5.06

Ando tão sem criatividade que nem consigo responder para mim mesma por que ando tão sem criatividade.

Talvez eu precisasse sofrer, para ter inspiração.
Talvez precisasse me apaixonar.
Talvez passar fome para entrar em transe.
Talvez precisasse chorar.

Não sofro. Não amo. Não passo fome. Faz tempo que não choro.

Ter uma vida satisfatória não me satisfaz.

22.5.06

Ainda se fazem companheiros?


7.5.06

Twisted

Sacana não é o cara que nunca foi teu homem, que foi apenas amigo mas agora não te vê mais porque tem alguém e pretende não dar motivos pra brigas com a mulher que ama (nem que seja apenas o amor do mês). Esse é um cara bem-intencionado e, embora magoe, é compreensível, até elogiável (Deus que me perdoe, nunca pensei que diria isso).
Sacana é o cara que foi teu um dia, casou com outra, tornou-se teu amigo e agora te convida pra jantar, quando sabes bem que a intenção dele é jantar-te.
Tola é a mulher que leva a mal o amigo bem-intencionado e acredita nas intenções do cara que, podendo ter casado com ela um dia, preferiu outra mas não se cansa de tentar com aquela com quem "não estava bem certo se era o momento, antes".
Acorda, mulherada.
Quando um homem te ama, ele diz.
Quando um cara te quer, ele fala.
Só uma tola acha que o homem não diz que a ama "porque ele não fala muito, mesmo".
Muitas vezes, quando não diz é porque não tem o que dizer sobre o assunto. Se quisesse, falava. Se não falasse, mostraria. Se não suportasse tua falta, te procuraria. Faria o impossível.

Um dia vou dar nome aos bois. E eles vão mugir taaaaaaaaantooo............ Vou começar com o A., passar pelo H. e terminar antes do fim do alfabeto só porque não conheço nenhum Zeno ou coisa parecida.

P.S. - Amigos, continuem sendo fiéis às suas mulheres. Eu continuo amiga e tiro o chapéu pra vocês. Sacanas, a otária aqui acordou faz tempo.


Pra quem ama ska e adora músicas divertidas, como eu, o PIETASTERS é um prato cheio. O forte dos caras é ska, com muita competência, mas eles atacam de rock (do bom) e de reggae também.

DELICIOSO.

Experimentem provar os "Degustadores de Torta".

28.4.06

U.N. Report: Tehran Defiant

Next war, please one step ahead...

26.4.06

Mais ou menos o que eu disse à minha filha (e funcionou)

* Tradução: "A poeira é feita de maus pensamentos e palavras feias, e de agora em diante você precisa apenas fazer coisas boas, porque sua mãe já cansou de passar o aspirador".

Não é uma gracinha? :-)

24.4.06

Seria tão mais fácil acreditar que só a matéria existe...
Entretanto, estou "velha" demais, experiente demais e antenada demais no etéreo para fingir que não me importo com nada além do corpo e das coisas.
Seria tão mais fácil viver apenas um dia após o outro...
Entretanto, é quase impossível abandonar a mania de viver no futuro sempre achando que o momento de agora já é o passado e que mesmo este futuro passa depressa demais.
Tudo tão breve nesta vida...
E sendo tão breve, ainda precisamos nos preocupar com o fato (possibilidade?) de a vida não ser só isso.
Queria por um instante baixar minhas antenas e mudar os meus canais.
Ser só matéria.
Ou uma formiguinha ignorante, pequena e limitada.
Entretanto, como elas, vejo-me limitada a seguir minhas trilhas.
Só queria trilhas mais claras.
Às vezes.