6.10.04

Secreta (http://cabezamarginal.org/secreta)

Li teu texto mas não sei brincar com palavras (antes, elas brincam comigo)

Li mas ante a convocação-convite, calo-me, porque não sei inventar o que, vago demais, não me cabe, exata nos meus desejos e certa de minhas carências.

Não sei disfarçar coisas (nem intenções) em meias- ou quarto-de-palavras e não posso ler quatro vezes até me entender em meio a vagas conotações.

Li teus textos (tantos, Torin), mas em mim falta algo – a expressão do fundo d’alma (e não é que em mim inexista, mas minh’alma se esconde e, antes, não mostrá-la sequer em disfarces).

Li teu texto, mas me escrevo todo o tempo e não sei descrever outros (antes, outros me descrevem, sempre com inexatidão divertida).

A Sheerazade que em mim habita não sabe criar contos (nem poesia).

A personagem que mora em mim contenta-se em respirar letras, sempre imperfeitas (e minha imperfeição só se mostra quando abro as tuas letras e elas me mostram que meu caminho ainda está pela metade, sempre com dez montes altos à frente dentre os quais eu, Sísifo, decido sempre pelo errado para subir com minha pedra)

Um comentário:

Anônimo disse...

Reli teu último post
Hoje soou diferente
Não acredito em tuas imperfeições
De que tuas palavras não sabem de ti
Nem teu tempo diferente
Nem tua improbabilidade em desconcertos
A letra é sua, eu vejo
A vontade também é sua, quase ouço
E quando nos descrevem somos sempre
Uma parte de todo todo
Tão pouco
Porque somos demais

Mas me diz:
Qual o teu desassossego?

Beijo,

Herne