20.9.04

Resposta ao fanatismo

... Não...

Não quero criticar teu deus, porque não quero brigar com o meu...

Deixo-te com tuas crenças e permito que vivas hoje como dois mil anos atrás, com tua involução cerebral e teus grilhões da fé cega no teu deus inventado.

Dou liberdade para exerceres teus preconceitos. Sou mesmo uma criatura libertina, fumante, fanática por trabalho, que nunca oficializou nada perante um padre e não quer saber de olhar os lírios do campo e prefere suar e ganhar o pão com o próprio sangue -- ainda que seja aos domingos.

Sim, espero que sejas feliz, como sempre esperei, quando viajava três dias de ônibus para ir te ver duas vezes por ano, só para garantir que aquela menininha, filha do meu pai com outra mulher, pudesse ter uma visão sadia da vida.

Te perdôo por não perdoares minha falta de fé no teu deus.

Não tenho medo do inferno.

Volta e meia ponho um pé dentro dele, rejeitada por tua fé em tudo que te afasta de mim.

Acostumei-me a vislumbrá-lo.

Mas aqui, em minha bolha protegida da ignorância, vacinada contra lavagens cerebrais e receptiva à vida, sei que não erro por ainda te amar.

Meu Deus estava dormindo, assim como eu, quando escapaste e fugiste com teus olhos tão verdes e teu rosto semelhante ao meu e cruzaste aquela fronteira entre a razão e a insanidade.



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