9.8.04

Ao Leitor Desconhecido

Tenho leitores fiéis desse bloguinho sem pretensões, inconstante e quase irresponsável. Conheço muitos deles -- alguns fazem comentários por e-mail (isso aqui não facilita comentários e só complica), outros vêm e vão mas geralmente sei quem são.

Tenho um leitor mais fiel que todos, que vem à noite, sempre, sagradamente, todos os dias. Quando penso que esqueceu de mim, lá vem ele com seu I.P. Sempre o mesmo, entre 21 horas e 2 da madrugada.

Eu, que adoro um mistério, fico a imaginar: me conhece? Algum dia já nos vimos? Nos encontramos? Nos desencontramos? Brigamos? Ou algo mais? ... Nesta última possibilidade não creio. Mas a imaginação é fértil.

Imagino-o (não sei por que, acho que é homem) sentado com um sanduíche na frente do micro, após um longo dia de trabalho, pensando: "o que será que há lá hoje?". De vez em quando ele encontra algo bom que escrevi. Em outras noites, decepciona-se porque peguei leve ou pesado demais.

Às vezes, ele pensa em me escrever, depois resolve que não tem nada a ganhar com isso. Mas por falta do que fazer, continua me freqüentando.

Ó eu aqui, caro leitor, a imagem da flagelada: cobertor sobre as pernas, meias de lã, luvas com dedos cortados, touca, blusão sobre blusão, banho tomado antes de me transformar nessa bola de roupas, cabelos cortados ante-ontem e que agora fazem tóim-tóim, já que os cachinhos reapareceram todos no corte curtinho, para meu desespero. Ó eu aqui perfumada (vício de perfume) sem dormir, trabalhando como uma alucinada e roubando este tempo de mim mesma, só pra te escrever!

Mereço ou não mereço uma resposta? Hein?

... Pensando bem, deixa assim. Vou pensar em algo atraente pra poderes ler amanhã à noite -- até lá, se Deus quiser e minha filha-espoleta deixar, terei dormido um pouco e a mente não estará assim tão atolada nessa neblina cerrada de sono, como a noite gélida lá fora. Pensando bem, enquanto houver mistério, talvez continues intrigado, querendo me ler.

Ou nem estás intrigado e eu alucino-me em fantasias tontas.

Anyway, obrigada. Vou agora curtir meu resto de madrugada frente a versões sobre plataformas marítimas -- muito diferente de todos os meus desejos para uma hora dessas.

3 comentários:

Anônimo disse...

Há mistérios na vida e não há respostas.
Disso não há como fugir.

Beijo.

Anônimo disse...

Hmmmm...
...boa maneira de fisgar o querido X.

sofiagaarder.blog.uol.com.br
sofiagaarder.fotoblog.uol.com.br

Anônimo disse...

Ah, maldosa, nem é pra ele, viu? Se "coisas" acontecem, é porque ele tem algo a dizer (sempre tem), mas o leitor desconhecido é desconhecido mesmo, ó maliciosa K.!