20.8.04

Fatalista

Sou fatalista: se ele não me ligou, é porque era melhor não (isso não quer dizer que está debaixo das cobertas com outra, e se quer, tanto faz mesmo, porque não era para ser igual, já que eu não toparia uma suruba e não me ligo nesses lances de “traição” se também não o amo).

Se passo uma hora escrevendo um post que se recusa a ser publicado – o micro congela bem no meio do envio à página –, é porque ofenderia os politicamente corretos – e o texto era sobre política e bem que eu estava sendo muito politicamente incorreta, e me deliciando com isso porque de-tes-to essa gente cheia de dedos que evita certas palavras mas não hesita em ser grossa em comportamento, palavras e tudo o mais, no resto do tempo.

Se meu amigo vem do Rio com a família e anseio por conhecê-lo e parte dele uma iniciativa de nos encontrarmos para um café em Porto Alegre e dois dias antes o canal do meu dente vai para o beleléu e eu saio do ar de tanta dor e não posso encontrar o Sid, paciência. Talvez ele mudasse de idéia ao me conhecer pessoalmente e tirasse seu “wowww” da minha página do Orkut, ao ver uma foto horrível minha – que sorriso era aquele na foto, meu Deus, se meu sorriso nunca foi assim? Cruzes.

Se o homem dos meus sonhos, minha outra metade da laranja que não consegui conhecer ainda a essas alturas já casou-se com outra achando que ela era eu ou se cansou de esperar sua alma gêmea, contento-me com almas gêmeas bivitelinas mesmo, não iguaizinhas, mas semelhantes como dois irmãos – mas quero com estes “almos gêmeos” fazer coisinhas que não se faz com irmãozinho enquanto espero que minha cara metade desconhecida se divorcie, enviúve e me encontre finalmente.

Se meu primeiro livro é uma bela droga sensual e volumosa que os editores particularmente caem de tesão mas amarelam para publicar, é porque não será deles o prazer – quer dizer, já foi, ao lerem, mas não terão a dúbia honra de me patrocinarem. Azar o deles.

E se o Tobias não sai do lugar – meu segundo personagem parado no tempo desde fevereiro – com seus medos e dilemas, é porque meus dilemas e medos também não me permitem fazê-lo superar os seus. Que espere então, enquanto curto um ladinho mais light da vida para só depois denunciar suas torturas. De qualquer modo, sem editor, sem leitor, não há nenhuma pressa mesmo.

Mais fatalista que eu, só minha mãe, que vive a me dizer: “O que é teu ‘tá guardado”.


Sei – eu costumo responder. – Sei, tão guardado que não vou encontrar nunca mais, né?

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