11.8.04

Flor do Deserto

Não sou teu bichinho

Vem cá, vai lá, senta aqui, rua!

Não sou teu aparelho de TV portátil também

Com imagem, som e algumas distorções,


Que carregas pela casa, desligas quando queres,

Que levas para a cama e com o qual interages como louco – às vezes

Não sou teu jornal – nunca conseguiste ler minhas manchetes gritantes.

Não sou sequer o cacto que te dei – que esqueceste de regar e que, embora tão resistente, mesmo assim morreu.

Não sou teu remédio, que rejeitas na pretensão de morrer.

Nem teu gole

Nem teu pesar angustiado.

Sou apenas teu filme em preto-e-branco.


Sem legendas.

Em língua estrangeira.

Incompreensível.

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