18.8.04

... Não.

Não voltaste.

Tu, das minhas melhores noites, que existes de não-matéria, a matéria dos sonhos, perfeita e impalpável e tão real na estrada freudiana pavimentada por fiapinhos da consciência, de que pedacinho da minha consciência surges entre meus desejos e os realizas todos, mesmo aqueles que não conheço, quando fecho meus olhos à noite? Não preenches os desejos carnais – esses tão banais e fáceis, tão insatisfatórios no vazio do resto, sempre –, mas outros, naturais e tão inesperados por isso mesmo, enquanto meu corpo sai voando levado pelo vento onírico.

Tu, que aperfeiçôo nas minhas ficções com tantos defeitos que te torno humano, perfeitamente dotado de credibilidade como ser de carne e osso, não sendo mais que criação, aonde tens ido, quando não trafegas nas vias congestionadas do meu inconsciente, enquanto o mundo silencia e espero ouvir tua voz?

Tu não podes vagar por outros mundos, quando te quero no meu.

Tu, minha fantasia gentil, minha companhia disfarçada de delírio e mesmo assim tão lúcida, não tens permissão para aqueceres os sonhos de outros, se não te conto para ninguém.Volta aqui, homem dos meus sonhos. Volta. Invade meu sub, meu in, meu consciente, enquanto finjo ter ciência de que não existes. Não és. Nunca foste. Mas me habitas.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ser, as palavras são belas.
Bem colocadas.
Os sentimentos são claros...
...mas não quero senti-los.
Vc quer?


Sofi

Anônimo disse...

I do, my belle, I really do.